domingo, 27 de setembro de 2009

Ramsés II

Ramsés personifica o poder do Egito na época de seu apogeu político e econômico.



...Templos de Ramsés e de Nefertari em Abu-Simbel (imagens senabre.myphotos.cc)


O 3º faraó da 19ª dinastia, reinou entre os anos de 1 289 e 1 224 aC . Ao longo do seu reinado, suas vitórias sobre os inimigos do Norte – os hititas – e do Sul – os núbios – permitiram-lhe alargar as fronteiras do Egito e sua fixação caracterizou os momentos de maior expansão do império. A sociedade egípcia abriu-se ao exterior e assimilou costumes estrangeiros. Nessa época, as atividades comerciais foram tão prósperas que atraíram povos provenientes da Ásia e das ilhas do mar Egeu.


O pai de Ramsés, Seti I, vendo a forte personalidade do filho, logo associou-o ao trono. Desde pequeno destacou-se na arte da guerra e durante a primeira parte de seu longo reinado, suas campanhas militares foram numerosas. Algumas tiveram importantes repercussões políticas, como a contra os hititas que culminou com a assinatura de um pacto entre os maiores impérios da época. A velhice debilitou o caráter dominador de Ramsés, que delegou suas responsabilidades políticas à classe sacerdotal e se desinteressou pela situação instável que se vivia no exterior. O Egito começou a perder influência a favor do império Assírio, e não se preparou para as destrutivas migrações de tribos indo-europeias que acabaram com algumas culturas do Mediterrâneo Oriental. (estátua em diorito preto de Ramsés II)




A reabilitação de construções foi muito importante em seu reinado. Erigiu grandes templos:
  • Abu-Simbel
  • Ramasseum
criou uma nova capital – Pi-Ramsés, no delta. Também concluiu ou restaurou edificações de épocas anteriores.

Se destacou também por sua vida doméstica. Sabemos por textos da época, que teve: oito esposas principais, entre as quais duas de suas filhas e uma de suas irmãs, além de numeroso harém. De todas as suas mulheres, a favorita foi a primeira... Nefertari, que significa "a bela" e que teve uma morte precoce com 30 anos. Documentos daquele período lhe atribuem mais de uma centena de filhos.

Ramsés Construtor – ao chegar ao trono, todos os faraós tinham de realizar uma série de obras, entre as quais a construção de edifícios. O Ramesseum, templo funerário próximo a Tebas, era uma espécie de pequena cidade, onde se uniam a vida laica e a religiosa.

O poder de Ramsés II – está eternizado em uma estátua de diorito preto, considerada o melhor retrato do rei e expressa o poder do faraó sobre os seus inimigos. Seus pés pisam 9 arcos, que simbolizam todos os inimigos do Egito.

Abu-Simbel – na Núbia, encontram-se dois templos escavados na montanha. Na década de 60 foram transferidos para serem salvos das águas da barragem de Assuão. No grande Templo, dois pares de enormes estátuas representando o faraó ladeiam a entrada. O pequeno Templo, era dedicado a Hathor e a Nefertari. Com a construção desses monumentos, o faraó deixou patente o seu domínio sobre a Núbia.

A fama de Ramsés perdura até hoje. Suas obras ainda despertam admiração, e seus restos mortais, pavor. Certa ocasião, sua múmia ergueu o braço perante uma multidão de visitantes em uma exposição na sala do Museu do Cairo. O fato atribuiu-se a uma contração dos músculos secos produzida pelo calor. Atualmente, Ramsés descansa em uma câmara especial para conservação das múmias reais.

Veja também: Ramsés II

Origem: Egitomania, o fascinante mundo do Antigo Egito - fascículos

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A beleza egípcia

O ideal de beleza é indissociável do esplendor do seu ser. O olhar de uma bela egípcia é claro, seu andar nobre, e seus dedos são como cálices de lótus. A egípcia tem o culto da beleza, deve ser magra, ter membros finos, quadris bem delineados, seios redondos e pequenos. Mas encontramos várias estátuas e estatuetas que mostram mulheres de simpáticas curvas, faces gordas e as vezes com musculatura firme. As deusas são eternamente jovens e esbeltas. O sorriso das egípcias, é a expressão perfeita de uma feminilidade feliz e acabada, tão radiosa que imediatamente seduz.

A convenção adotada pelos pintores exige que a mulher tenha a pele de um amarelo pálido e que a do homem seja de um vermelho acastanhado; um simbolismo relacionado com a luz doce e "hathórica", para a mulher, e uma energia vermelha "sethiana", para o homem.

A moda egípcia tem como principal elemento o linho branco e fino, mais ou menos transparente, que molda o corpo feminino com um toque de mistério. O vestido cingido de linho, descendo até os calcanhares e dotado de alças que passam por cima dos seios ou deixando-os à mostra, é o traje das belas damas do Egito Antigo, e atravessou séculos, e deu às egípcias uma inimitável nobreza, altivez que não exclui encanto nem doçura. É igualmente o vestido das deusas. Para trabalhar a mulher usa os seios nús, uma tanga, por vezes enrolada atrás, ou um vestido muito simples.

Apesar do seu gosto pelos trajes mais excêntricos, o Novo Império conservará o vestido clássico das origens. Mas as beldades de Tebas, Mênfis ou Pi-Ramsés adotaram o plissado e mangas curtas. Por baixo dos vestidos uma camisa muito fina. Essa peças são por vezes transparentes a fim de sublinharem a delicadeza do corpo. Túnicas e vestidos são tão estreitos que valorizam o contorno dos seios e das ancas, a delicadeza da cintura e a graça das pernas. A roupa interior eram tangas triangulares e mais nada. Para o frio usavam xales e casacos, pois o inverno era relativamente rigoroso, principalmente no Baixo Egito. Gostavam de andar descalças, mas existiam vários tipos de sandálias, desde a simples sola em papiro até o sapato em couro tingido e decorado.

Pulseiras nos pulsos e nos tornozelos, colares, diademas e aros ornados de motivos florais; anéis, brincos e pingentes. Ouro, prata, turquesa, ametista, cornalina e outras pedras semipreciosas serviam para fabricar essas pequenas maravilhas, que aumentavam a sedução feminina. As grandes damas possuíam verdadeiros tesouros.

A inalterável beleza das egípcias, era sempre ligada a Hathor, soberana do outro mundo; quando uma bela jovem, numa postura de suprema elegância, aspira uma flor de lótus, sente o perfume da ressurreição. Ela própria, transformada em lótus, renasce a cada instante, tornando-se a primeira manhã do mundo e o primeiro raio de luz.



O espelho
A princesa Sat-Hathor-Iunet, vivia em Illahun, na entrada da província de Fayum. Possuia um magnífico espelho para apreciar a sua beleza. O objeto era considerado muito precioso; o cabo era uma haste de papiro encimada pela cabeça da deusa Hathor, com orelhas de vaca, e essa coluna vegetal suportava a abóbada celeste. O espelho propriamente dito, tinha a forma de um disco polido e prateado. Prata, ouro, quartzo, cristal de rocha e lápis-lazúli eram utilizados na fabricação dos espelhos, manejados pelos iniciados durante a celebração dos ritos secretos dos templos. O nome do espelho é ankh, sinônimo da palavra que significa "vida". Para uma egípcia, ver-se no espelho não é apenas um ato estético, mas corresponde ao desejo de se identificar com Hathor, de participar da vida do céu e do Sol, evocado pelo disco de metal polido.
(esse espelho encontra-se no Museu do Cairo)




Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A invenção dos hieróglifos

Thot, o íbis sagrado, era tido e havido como o mais sábio dos deuses egípcios. Versado em todas as artes, em especial as da magia e da medicina, o deus vivia a maior parte do seu tempo retirado, entregue a seus deliciosos estudos. — Graças a Rá, de volta ao meu esconderijo! — dizia ele, todas as vezes que retornava a sua casa, depois de cumprir alguma obrigação aborrecidamente terrena como, por exemplo, ir escutar os pedidos dos seus devotos no seu majestoso templo de Hermópolis. “Beatos!”, pensava ele, enquanto preparava-se para recomeçar seus estudos. “O dia inteiro Thot sagrado, dê-me isto; Thot sagrado, dê-me aquilo. Entretanto, nunca em todos estes anos ouvi qualquer desses asnos me pedir um pingo de sensatez ou de inteligência!” Sentando-se, então, na sua posição preferida, com as pernas cruzadas sobre sua esteira trançada com fios de ouro, Thot voltava a ativar outra vez as células do seu cérebro privilegiado. — Muito bem, onde paramos? — dizia ele, esfregando as mãos de alegria, já completamente esquecido da malta desprezível do templo. Trazendo o ar de uma ave curiosa — pois no lugar das feições humanas tinha a máscara de um íbis, com seu longo bico levemente recurvo e extremamente fino —, seus olhos negros arregalavam-se de prazer ao entregar-se novamente as suas profundas elucubrações. Depois de ter inventado a geometria, o calendário e o jogo de dados, Thot agora dava os últimos retoques no inédito jogo de xadrez — pois o deus, afinai de contas, também tinha lá suas vaidades.

— Divino! — disse ele, sacudindo o bico adunco, ao elaborar uma nova regra. Entretanto, apesar de sua mente prodigiosa, desta vez Thot atrapalhou-se. — Será que esta nova regra não vai conflitar com alguma outra...? — perguntou-se o deus, alisando o bico da base até a ponta, enquanto repassava mentalmente, uma por uma, as 734 regras que já havia inventado para o jogo. Aos poucos, Thot começava a dar-se conta de que a idade, infelizmente, já começava a pesar também sobre a sua prodigiosa memória.

— Pela asa negra do íbis! — exclamou ele, ao dar-se conta de que ocorria uma misturada em sua cabeça. — Como é que vou fazer depois para que estes energúmenos decorem todas as mil regras do jogo? Sem se dar conta, lentamente, o espírito de Thot ia abandonando o seu amado jogo para entregar-se a uma reflexão muito mais importante. — Espera ai — disse ele, arregalando subitamente os olhos negros. — E se eu inventasse um modo de registrar, de alguma maneira, não só as idéias e regras que forem me ocorrendo, mas toda e qualquer idéia? — Sim, eu poderia registrar num papiro, sob a forma de alguns signos, todas as palavras que escuto — disse Thot, cada vez mais entusiasmado. — Seria a vitória final da lembrança contra o esquecimento! Tomando então de um enorme rolo de papiro, o deus esteve um bom tempo com um finíssimo caniço suspenso na mão, sem chegar, contudo, a qualquer resultado. — Mas que espécie de signos usarei, afinal — disse ele, mordiscando a ponta do caniço —, para representar coisas abstratas e incorpóreas como o amor e o ódio? Tornado ao mesmo tempo pela aflição e pelo entusiasmo do desafio, encerrou-se como nunca dentro de seu cérebro para encontrar uma solução.

Thot, inteiramente empolgado, a procurar uma solução! Quem não viu isso, não viu uma das coisas mais admiráveis deste mundo. Durante dias e dias ele esteve sentado na sua esteira, interrompendo apenas ligeiramente suas poderosas reflexões para trocar de posição as pernas doloridas. E então, de tanto estar sentado, seu corpo foi assumindo aos poucos a forma de um grande babuíno branco, cujas únicas partes escuras eram a face, o grande traseiro pontudo e a extremidade dos membros. Seus olhos, no entanto, traziam ainda o mesmo brilho da inteligência que animava seu cérebro insaciável de conhecimento, redigindo da direita para a esquerda, Thot ia montando aos poucos um jogo infinitamente mais sedutor e sofisticado do que o do xadrez. Através da união de diversas figuras, o deus ia representando ideogramas, sob o papiro, que deixavam perfeitamente representadas as idéias que passavam por sua mente. E o melhor de tudo era que essas idéias agora deixavam de ser reféns exclusivas da memória humana, tão incerta e falível, para tornarem-se registros exatos e perfeitamente reproduzíveis em qualquer lugar. De fato, bastava agora a simples leitura daqueles sinais para que a mente humana pudesse “escutar com os olhos” palavras ditas há cinco segundos ou há milhares de anos! Ao completar seu primeiro rolo de papiro escrito, Thot babuíno desenrolou-o inteiro diante de seus olhos amendoados com um misto de alegria e apreensão. — Será que serei capaz de entender tudo quanto escrevi? — disse ele, temeroso de que sua memória fosse lhe pregar uma peça justamente agora. Desdobrou então o grande rolo sob os seus joelhos peludos e começou a lê-lo desde a principio, com a voz embargada pela emoção: — “E então, das águas escuras e imóveis do sagrado Nun, foi surgindo a pequena flor de lótus que trazia em seu seio o maior dos deuses...”

Thot leu palavra por palavra tudo quanto havia escrito cuidadosamente com a ponta afiada do seu caniço. Estava tudo, de fato, maravilhosamente compreensível! — Só falta batizar agora estes signos que inventei — disse ele, deliciado em poder gastar o restante do tempo numa tarefa tão agradável. O deus, na verdade, gastou quase o mesmo tempo de que se utilizara para inventar a escrita para dar-lhe um nome — mas, enfim, o fez, chegando a uma conclusão.

— Hieróglifo... Sim é isto! — disse ele. Mas tão logo pronunciou o nome, este não lhe pareceu de todo perfeito. — Ou, quem sabe, hieroglífo... o resto do dia Thot passou nessa dúvida torturante, sem conseguir decidir-se, até que resolveu levar sua invenção para Rá, de forma que o maior dos deuses a aprovasse e decidisse também qual o melhor nome para ela. . . . No dia seguinte, Thot rumou, com efeito, para Tebas, a sagrada morada de Rá. Tendo retornado outra vez a sua forma de Íbis, o deus inventor levava amorosamente debaixo do braço os seus projetos, quando, enfim, chegou a cidade das cem portas. Thot estava profundamente nervoso. Dirigindo-se rapidamente ao templo de Rá, adentrou-o num misto de euforia e receio. — Thot, você por aqui? — disse o deus solar, erguendo-se de seu resplandecente trono para recebê-lo. — Sim, poderoso Rá — disse Thot, prosternando-se diante do deus soberano. — Trago-lhe minhas novas invenções para que de sua aprovação, tomando-as, assim, aptas a serem utilizadas pelos deuses e pelos homens.

O disco solar que encimava a cabeça de Rá acendeu-se um pouco, o que podia significar muitas coisas. Como um verdadeiro alfabeto luminoso, as gravações da luz sobre sua cabeça eram sinais perfeitamente identificáveis — embora somente aos iniciados nos mistérios de Rá — dos sentimentos que iam em sua alma. Thot, naturalmente capaz de perceber tais sutilezas, descobriu que aquela luz amarela levemente tingida por um tom alaranjado significava que Rá estava num estado de expectativa muito parecido com o seu, com a diferença de que isto também lhe causava um ligeiro aborrecimento. Em palavras humanas, poderia ser traduzido mais ou menos como “Ih, lá vem de novo o chato do Thot com seus inventos!”. Sem deixar-se intimidar por esse funesto presságio, Thot foi adiante. — Traga-lhe, primeiramente, um novo e maravilhoso jogo que acabei de inventar — disse ele, mostrando a Rá o grande tabuleiro. O deus soberano recuou, instintivamente, o trono, onde foi sentar-se para escutar as primeiras explicações do deus inventor. Com a cabeça apoiada providencialmente no punho direito e a outra mão agarrada firmemente ao assento, Rá preparou-se para a torrente inevitável de palavras que se anunciava, “Como gosta de complicar!”, pensou o deus solar, logo de saída, ao escutar o nome extenso que Thot cedera ao jogo. Tendo tirada a primeira prova, Rá acomodou-se melhor no assento, preparado já para o pior. Uma ligeira sensação de angústia, que ameaçava derivar em breve para a fobia, foi apoderando-se aos poucas da alma do maior dos deuses a medida que escutava todos os passos da explicação para os complicados movimentos das peças sobre o tabuleiro.

Que fedor de babuíno branco é este...?”, pensou Rá, ao mesmo tempo em que prosseguia escutando a lengalenga do inventor. — Então, poderosa divindade, quando a torre alcançar a sexta casa... Remetido de nova as sensações primeiras que antecederam ao seu nascimento, Rá começou a sentir-se imerso outra vez nas sufocantes águas do Nun — o velho Nilo primordial —, única coisa a existir quando o universo ainda não passava de um grande oceano de águas mortas e paradas. Seus olhos lentamente começaram a fechar-se.

Decidido, porém, a não permitir que Thot o pegasse num súbito cochilo, Rá aumentou poderosamente a luz de seu disco solar, a fim de ofuscar ao visitante qualquer visão inconveniente para si. — ...e finalmente aqui temos, alteza solar, a lance principal do jogo, cantando a milésima e última regra do manual, que denominou provisoriamente de “Faraó severamente encurralado”. A expressão “miseravelmente encurralado” ecoou durante um bom tempo na mente de Rá, até que ele foi despertado por um súbito silêncio, Ao abrir os olhos, a deus solar deparou-se com a figura de Thot parada em frente a si, com o longo e negro bico pendente e levemente entreaberto. — E então, alteza solar...? — disse Thot, com o ar angustiado de quem repetia aquilo pela décima vez. Rá aprumou-se em seu trono, enxugando discretamente um filo de saliva do canto da boca. — Está perfeito — disse ele, sem piscar. Um ligeiro brilho de satisfação iluminou os olhos de íbis de Thot. — E mesmo, alteza? — disse o inventor, animando-se, — Mas sabe, como a coisa ainda está numa fase de ajustes, talvez pudéssemos refazer juntos algumas partes... — Ninguém vai refazer nada — acrescentou imediatamente Rá, pondo um fim à exposição.

Em seguida, cruzou as pernas sob o trono, gesto demasiado informal que só a extrema impaciência poderia ditar as suas maneiras normalmente concedidas. — Vamos lá, mostre o resto de suas invenções, que já se faz tarde. De fato, o dia já descambava e Rá sentia que se aproximava a hora maldita de mergulhar outra vez na noite trevosa do Amanti. Ali, teria de enfrentar pela bibianésima vez a gigantesca serpente Apópis, a qual, como num pesadelo, tentava impedi-lo todas as noites de regressar com sua barca luminosa para mais um novo dia igual a todas os outros.

— Tenho aqui também um outro projeto, na verdade ainda em estada de gestação — continuou a tagarelar Thot, puxando da pasta um outro papiro. — Veja, é um jogo muito fácil... — Basta de jogos — disse Rá, categoricamente. Sentindo que o fio da paciência de Rá esgarçava-se, o deus inventor decidiu mostrar de uma vez a sua maior invenção: o “Revolucionário e absolutamente maravilhoso alfabeto de Thot”. “o que mais, agora, meu Pai?”, pensou Rá, agoniado. Thot desenrolou em triunfo, diante dos olhos de Rá, o seu imenso papiro. — o que e isto? — disse ele, mirando aborrecidamente a mistura de sinais. — Oh, são signos...! — Oh, e poderia me dizer a que são signos? — São sinais genéricos significantes, grande Rá, que, reunidos, da forma a um discurso.

Na verdade, ainda estou em dúvida se as chamarei de “hieroglífos” ou “hieróglifos”, mas com o auxilio de uma ciência mágica que pretendo fundar, chamada “semântica”, porei um fim a esta dúvida atroz, ao mesma tempo em que esclarecerei detalhadamente todas as coisas pertinentes ao meu alfabeto... Então, o fio rompeu-se de uma vez. — Na verdade, tagarela maldito, você vai parar de enrolar e me dizer de uma vez por todas para que serve toda essa rabiscada...! Com o bico negro completamente pálido, Thot começou a explicar, o mais rápido que pôde, ao significado de tudo aquilo. — E deste modo, Rá poderoso, doravante não precisaremos mais decorar coisa alguma, por que nossos conhecimentos jamais se perderão — disse Thot, subindo lentamente outra vez nos tamancos da vaidade. — Muito bem — disse Rá, enigmaticamente. — não precisaremos mais usar nossa memória e, assim, progressivamente, iremos perdendo a traquejo dela até o dia em que não lembraremos mais o nome de nossas próprias mães. — Bem, meu invento, alteza solar, destina-se apenas a armazenar uma gama muita extensa de conhecimentos como, por exemplo, as mil regras do meu jogo... — De novo o maldito jogo? — ... e qualquer outro conhecimento mais extenso, naturalmente... Thot sentiu que a coisa periclitava. Percebendo que o mau humor de Rá poderia botar a perder um avanço magnífico para a humanidade e para os próprios deuses, resolveu recorrer ao recurso, sempre eficiente, de todo bom cortesão: a lisonja. — Imagine, soberano Rá, que doravante todos os seus feitos magnânimos poderão estar perfeitamente armazenados em dourados papiros — disse Thot. — Poderemos mesmo montar uma biblioteca gigantesca com todas os poemas e discursos que se fará em seu louvor e de toda a sua dinastia, e que as futuras gerações lerão com infinito gosto e proveito. — Poderoso Rá, pense só nisto: suas palavras para sempre registradas num livro sagrado, que todos lerão e entenderão!

"Minhas divinas palavras para sempre registradas em um livro sagrado e imutável!", pensou o deus, começando a simpatizar aos poucos com aquele negócio de sinais e rabiscos.

Ao cabo, a idéia revelou-se tão boa que Rá aprovou-a integralmente, chegando mesmo a elogiar mentalmente o inventor depois que este se retirou, todo eufórico: - "esse tal de Thot é bárbaro, mesmo!".

Depois voltou docemente a divagar, com um sorriso divino no rosto e um brilho extraordinário no disco solar, que ofuscou todo o templo: "finalmente terão enfim na corte, as dissensões entre os teólogos rivais!", pensou ele, encantado. "Adeus disputas insensatas acerca do que eu tenha ou não dito algum dia" Nunca mais querelas sanguinárias por causa de versões conflitantes! Meu culto, doravante uno e igual, abarcará todas as seitas, unidas apenas pela verdade, expressa para sempre de uma única forma no Sagrado e Imutável Evangelho de Rá...!"

Como todo bom Deus, Rá não conhecia nada sobre teólogos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A esposa hitita de Ramsés II

Um tratado de paz com os hititas, põem fim a um longo período de guerras e conflitos armados. E para selar essa paz, um casamento entre uma princesa estrangeira e o faraó foi necessário.

Tutmósis III havia desposado 3 estrangeiras, certamente filhas de chefes sírios, a fim de acalmar os ímpetos dessa região. Tutmósis IV também celebrou um casamento diplomático com a filha do rei de Mitami. No ano 10 do reinado de Amenhotep III, a filha do rei do Naharina viera ao Egito acompanhada de uma importante escolta, para um casamento com o faraó, que teve outros casamentos com estrangeiras. Quando chegavam ao Egito, essas princesas estrangeiras, recebiam nomes egípcios e tornavam-se certamente damas da corte e lá passavam anos felizes.

Essa diplomacia dos casamentos se efetuava apenas do estrangeiro para o Egito; o rei da Babilônia, que havia casado a sua filha com Amenhotep III e pediu ao faraó que lhe enviasse uma princesa egípcia, recebeu deste a resposta: Jamais, desde tempos remotos, a filha de um Faraó foi dada a qualquer um.

Ramsés II consolidou a paz no Oriente Próximo, casando-se ao que parece com:
  • uma babilônia,
  • uma síria e
  • duas hititas
No ano 34 de seu reinado casou com a filha de Hattusil "o grande chefe" hitita, o principal adversário do faraó. A viagem foi longa, atravessando Canaã, a costa do Sinai, chegando a Pi-Ramsés, a magnífica capital de Ramsés II, que a recebeu pessoalmente e amou de imediato o seu belo rosto. Deu-lhe o nome de Mat-Hor-neferu-Ra, "aquela que vê Hórus e a beleza de Ra" e tornou a grande esposa real – honra extraordinária.

Uma estela do Louvre, constitui um documento redigido na 21ª ou 22ª dinastia, conta o casamento da princesa hitita com Ramsés II. Dezessete meses de viagem de uma bela princesa, vinda de um país muito distante, Bakhtan, para descobrir o Egito...

Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

terça-feira, 8 de setembro de 2009

As jóias do Egito – 12ª dinastia

A genialidade e a habilidade dos artesãos do Médio Império têm sua máxima nas jóias criadas para as rainhas e as princesas da 12ª dinastia. O requinte e as cores vivas das coroas, colares, pulseiras, tornozeleiras e anéis que adornam essas mulheres estão entre as melhores conquistas da joalheria egípcia. Os joalheiros reais da 12ª dinastia dependiam principalmente de alguns materiais para a confecção de suas criações:
  1. ouro,
  2. faiança,
  3. ametista,
  4. lápis-lazúli,
  5. cornalina,
  6. turquesa,
  7. feldspato;
as obras resultantes combinam disposições resplandecentes de cores profundas e vivas. Os elementos individuais também eram criados com apenas um material, como o ouro ou a ametista, adornados com decorações chanfradas ou entalhadas. Esses componentes eram então montados em finas peças de joalheria, com a adição de uma variedade de contas, feitas com pedras semipreciosas.

Colar de Neferuptah – ouro, cornalina, feldspato, pasta vítrea; altura 10cm, comprimento: 36,5cm; 12ª dinastia, reinado de Amenemhet III (1844-1797 aC)

As jóias das princesas e das rainhas do Médio Império eram decoradas com desenhos e símbolos que protegiam quem as usava e ao mesmo tempo demonstravam sua condição social. Os uraeus e o ornamento peitoral, incorporam os nomes e as imagens do rei, definindo o proprietário como um membro da família real. Outros tipos de jóias eram usadas pelos homens e mulheres da classe alta.

Apesar dos esconderijos, dos quais muitas jóias reais da 12ª dinastia foram recuperadas, não terem sido descobertas por ladrões de tumbas, a deterioração dos fios que uniam os elementos dessa joalheria resultou na perda de sua disposição original. O conhecimento de como essas jóias foram compostas e usadas foi entendido a partir de pinturas, relevos e esculturas que retratam as mulheres, reais ou súditas, adornadas com uma variedade de ornamentos.

  • Apenas alguns diademas reais sobreviveram, cada qual com uma disposição exclusiva de motivos florais. As flores adornam as cabeças femininas com grande frequência nas pinturas, relevos e nas esculturas e tais diademas reais supostamente representam uma versão, confeccionada em um material permanente, de ornamentos que eram feitos com flores frescas. Além dos elementos florais, o diadema de Sithathoriunet inclui também um uraeus, enquanto que um dos diademas de Khnumet têm um abutre de asas abertas.

  • As gargantilhas largas, ornamentos populares durante toda a história do Egito. Um tipo de colar raramente preservado consiste em um pingente largo e elaborado, chamado de ornamento peitoral, usado sobre o peito, suspenso por fios de contas no formato de gotas e de esferas. Um grupo de amuletos incrustados, conhecido como fechos com divisas, está relacionado aos colares. Esses pequenos fechos são compostos de hieróglifos incrustados que formam palavras ou frases curtas, como "alegria", "nascimento". Cada peça tem um fecho deslizante cuidadosamente trabalhado.

  • O tipo de pulseira usada durante esse período consiste em fileiras de contas finas, feitas de pedras semipreciosas e separadas por espaçadores, que são barras de ouro rígidas feitas de fileiras de contas unidas, essas pulseiras aparecem com frequência na arte egípcia. As pulseiras usadas pelas mulheres da família real, apresentam fechos com incrustações decoradas com o nome do rei ou com símbolos como o pilar de djed, um sinal que denotava estabilidade e resistência.

  • As tornozeleiras de pedras semipreciosas e barras sólidas de ouro, cujo desenho era similar ao das pulseiras mais largas, eram ornamentos comuns. As correntes de contas maiores também eram usadas para criar tonozeleiras, em alguns casos eram colocados pingentes no formato de garras, feito de ouro sólido ou incrustados.

  • Os escaravelhos na 12ª dinastia, podiam ser usados como anéis. As bases eram decoradas com motivos diversos.

  • As pinturas e estatuetas que datam do Médio e do Novo Império, geralmente retratam mulheres jovens com cintos de conchas de caurim, esse tipo de adorno foi usado durante um longo período. As imagens mostram mulheres nuas adornadas apenas com o cinto amarrados na altura dos quadris.

A descoberta de uma coleção intacta de jóias do Médio Império, revelaram um pequeno esconderijo de jóias em 1994. Os objetos encontrados pertenceram à rainha Weret, mulher que supostamente foi uma das esposas de Senusret III. As jóias estavam escondidas em um pequeno nicho no fundo do poço vertical que levava até os apartamentos funerários. A localização incomum desse esconderijo, pode explicar porque os ladrões, durante a brutal destruição da câmara funerária da rainha, não encontraram as jóias.

Origem: 'Tesouros do Egito' do Museu Egípcio do Cairo, editado por Francesco Tiradritti – pág. 136

sábado, 5 de setembro de 2009

Hipopótamo

O hipopótamo está presente na arte e na literatura do Egito. Exemplares no formato de estatuetas de terracota foram descobertos nas tumbas e nas colônias do Período Pré-dinástico. As estatuetas de hipopótamos em faiança são encontradas com frequência nas tumbas que datam do Médio Império e do Segundo Período Intermediário, mas desapareceram no final da 17ª dinastia. Essas estatuetas de faiança são geralmente associadas, nas tumbas, com estatuetas femininas que simbolizam a fertilidade e ambas dividiam uma certa função na regeneração do falecido. Ambas parecem unidas à fertilidade e à procriação.

Taweret, deusa da fertilidade feminina e a protetora do parto assumiu a forma de um hipopótamo combinando com os elementos de outros animais. Nas paredes dos templos, ela aparece nas cenas dos casamentos dos deuses e dos nascimentos divinos dos reis.

As estatuetas dos hipopótamos também traziam em sua decoração pintada, o seu habitat às margens pantanosas do rio Nilo. As plantas aquáticas desenhadas no corpo roliço – flores de papiro abertas e flores de lótus.

Origem: 'Tesouros do Egito' do Museu Egípcio do Cairo, editado por Francesco Tiradritti

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Antiga cozinha egípcia



A cozinha do antigo Egito, por mais de 3 000 anos manteve traços consistentes. O alimento dos egípcios pobres e ricos eram o pão e a cerveja, muitas vezes acompanhada de cebola, legumes, carne em menor quantidade, caça e peixe.




– Há poucos relatos precisos da quantidade de refeições diárias, mas tem sido assumido que:
  • os ricos teriam 2 ou 3 refeições por dia: 1. de manhã; 2. uma grande no almoço; 3. jantar mais tarde, à noite.
  • a população em geral seria mais provável comer: 1. um simples almoço de pão, cerveja, cebolas; 2. uma refeição principal no início da tarde.
Representações de banquetes podem ser encontrados na pintura tanto do Antigo Império como no Novo Império. Eles geralmente tem início em algum momento da tarde. Homens e mulheres foram separados a menos que eles eram casados. Assentos variavam de acordo com o status social, os mais ricos sentavam em cadeiras, outros sentavam em tamboretes e aqueles mais baixos na classificação sentavam no chão. Antes que a comida fosse servida, bacias de lavar as mãos eram fornecidas juntamente com os perfumes em cones de gordura perfumada para espalhar aromas agradáveis ou para repelir insetos, dependendo do tipo de flores. Lotus e colares de flores eram entregues e bailarinos profissionais (principalmente mulheres) entretiam os convidados, acompanhados por músicos tocando harpas, alaúdes, tambores, tamborines. Havia geralmente quantidades consideráveis de álcool e de quantidades abundantes de alimentos: boi assado inteiro, patos, gansos, pombos e peixes. Os pratos com frequência consistia em ensopados servidos com grandes quantidades de pão, legumes e frutas frescas. Para doces havia bolos com tâmaras adoçados com mel. A deusa Hathor era celebrada muitas vezes durante as festas.


Preparação de alimento
Alimentos eram preparados por cozimento, fervura, grelhados, fritos ou assados. Ervas eram adicionadas para o sabor, limitadas às mesas dos ricos. Alimentos a base de carnes eram preservados, principalmente por salga. O pão e a cerveja eram geralmente preparados nos mesmos locais, pois o fermento para o pão era também utilizado para fabricação de cerveja.


Carnes e alternativas
A cozinha pré-dinástica difere da época mais tardia e os hábitos alimentares também devido a mudanças no clima. O Egito deixou de ser uma região exuberante para um clima mais seco. Inicialmente, havia abundância de antílopes, gazelas, hipopótamos, crocodilos, avestruz, aves e peixes de água salgada e fresca. Em menor quantidade, o asno selvagem, ovinos, caprinos, bovinos selvagens, e mesmo as hienas eram comidos. No entanto, a disponibilidade da caça foi diminuindo consideravelmente e era então principalmente um esporte dos ricos. O Novo Império foi um período de inovações na dieta, devido ao comércio exterior e de guerra. Romãs foram introduzidas e amêndoas foram importadas. É também possível que as maçãs e damascos foram importados em pequena escala, e na época romana, pêras, ameixas, pêssegos, avelã, noz, pinhão, e pistácios foram introduzidos.

O mel foi o adoçante primário, mas era muito caro. Havia mel colhido no campo, e mel de abelhas domésticas mantidas em colméias de cerâmica. Uma alternativa mais barata seria tâmaras ou alfarrobas. Houve até um hieróglifo representando uma vagem de alfarroba, que tinha o significado primário de "doce, agradável". Óleos seriam feitos de alface ou de sementes de rabanete, cártamo, ben, balanos e gergelim. A gordura animal foi empregada para cozinhar e frascos utilizados para o armazenamento foram encontrados em muitos assentamentos.

Pão e cerveja
O pão egípcio foi feito quase exclusivamente a partir de trigo Emmer, que era mais difícil de se transformar em farinha, quando comparado com a maioria das outras variedades de trigo. O joio não sai por debulha, mas vem em espiguetas que precisava ser removida umedecendo e batendo com um pilão para evitar o esmagamento dos grãos para dentro. Em seguida, secas ao sol, peneirada e finalmente moído em uma sela quern, que funcionava movendo a mó pra frente e para trás, e não com um movimento de rotação. As técnicas de cozimento variou ao longo do tempo.

Exceto Emmer, cevada era cultivada para fazer pão, e também usado para fazer cerveja, e assim também as sementes de lótus e junça. Para aqueles que podiam pagar havia massa para sobremesa e bolos de farinha de trigo de alta qualidade. Junto com o pão, a cerveja era a preferida dos antigos egípcios. Ao contrário da maioria das cervejas modernas, a antiga era altamente nutritiva. Foi uma importante fonte de proteínas, minerais e vitaminas e era tão valiosa que frascos de cerveja foram muitas vezes usado como uma medida de valor e foi usado na medicina. Pouco se sabe sobre tipos específicos de cerveja. Arqueológos mostram evidências de que a cerveja foi feita pelo cozimento "pão de cerveja", um tipo de pão fermentado, levemente cozido que não mata as leveduras, que foi então desintegrado sobre uma peneira, lavadas com água em um tanque e depois posto para fermentar. A maioria das cervejas eram feitas de cevada e apenas alguns de trigo Emmer, mas até agora nenhuma evidência de condimento foi encontrado.

Frutas e legumes
Vegetais eram comidos como um complemento a cerveja e ao pão, e os mais comuns eram: cebolinha verde e alho e ambos também tiveram usos médicos. Houve também a alface, aipo (comidos crus ou usado para ensopados), certos tipos de pepino e, talvez, melões, nabos . Tubérculos, incluindo papiro eram comidos crus, cozidos, torrado ou moído em farinha e foram ricos em nutrientes. Junça esculentus (Cyperus) foi usado para fazer uma sobremesa feita a partir do solo seco e tubérculos misturado com mel. Lotus e similares, plantas aquáticas eram comidas cru ou transformadas em farinha, e ambas as raízes e o caule eram comestíveis. Um número de leguminosas, como ervilhas, feijões, lentilhas e grão de bico eram fontes vitais de proteínas. Oliveiras foram comidas crus ou em conserva, mas não houve provas de azeite antes do período greco-romano. As frutas mais comuns eram as tâmaras e havia também os figos, uvas (e passas), nozes de palma ( comidos crus ou em suco).

Carnes
Carne veio de animais domésticos, caça e aves. Isso possivelmente incluído perdiz, codornas, pombos, patos e gansos. O frango provavelmente chegou por volta do século 5 a 4 a C, embora nenhum dos ossos de frango foram realmente encontrados antes do período greco-romano. Os animais mais importantes foram bovinos, ovinos, caprinos e suínos (que se pensava ter sido um tabu para comer). Carne era mais cara e seria, no máximo, disponível uma ou duas vezes por semana, sobretudo para a realeza. Carne de carneiro e porco era mais comum. Aves domésticas, silvestres e domésticos e os peixes estavam disponíveis para todos. As fontes alternativas de proteína teria sido os legumes, ovos, queijo e os aminoácidos disponíveis no pão e cerveja. Ratos e ouriços também foram comidos e uma maneira comum de cozinhar o último foi para encerrar um ouriço em barro e assá-lo. Quando o barro rachar, então aberto e removido, ele levou os pontos espinhosos com ele.

Ervas e especiarias
Dill, feno-grego, salsa, tomilho, cominho branco e preto, erva-doce, manjerona e hortelã são todas nativas do Egito e foram utilizados na culinária, nos tempos antigos. Tanto a canela e pimenta foram importados.

Bebidas
A cerveja, fabricada pelo menos desde o período pré-dinástico, era a principal bebida da população egípcia, bebida por ricos e pobres, velhos e jovens. O teor de álcool era baixo, e que a cerveja tinha que ser consumida imediatamente, bebiam cerveja diariamente. Tornou-se mais difundido a partir do Reino Novo. Vinhos de uvas, tâmaras e figos estavam disponíveis, mas eram caros e reservados para a elite.







Origem: Wikipédia

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Os banquetes no Antigo Egito


No Antigo Egito, os banquetes eram uma diversão, que as mulheres de categoria não perdiam por nada. A organização para a festividade tinha que ser caprichada, de modo que os convidados guardassem uma excelente lembrança, e a casa tinha que estar perfumada e florida.

A refeição era preparada com fartura de: carnes, peixes, pães e bolos. Vinho e cerveja ficavam em ânforas, a mesa do banquete, servida com uma preciosa baixela composta de taças de ouro, prata e alabastro.



Os anfitriões recebem os convidados com palavras de boas vindas, saúde e invocando a proteção dos deuses; mulheres bonitas, bem vestidas e enfeitadas. As belas damas de finos e leves vestidos transparentes, maquiadas e com penteados de complicadas tranças. O casal anfitrião sentado em cadeiras de madeira e os convidados em cadeiras, bancos e coxins. Marido e mulher estão sempre juntos durante o banquete.

  • uma música é executada,
  • servas oferecem flores de lótus,
  • cones são colocados na cabeça dos convidados, para que quando derretam emanem odores perfumados,
  • o jantar era servido,
  • algumas bailarinas (todas jovens) dançam, eram profissionais e cobravam caro para animarem os banquetes.

O banquete simboliza a existência do além-túmulo. Não há melhor evocação da beleza eterna do que esse repasto festivo, no decurso do qual cada conviva descobre uma infinita gama de prazeres sutis, do saber de um vinho aos encantos da conversa. O banquete constitui um momento privilegiado, onde todas as formas de vida se entrecruzam.


Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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