sábado, 25 de abril de 2009

O rei Escorpião e a alvorada de uma civilização

Há cinquenta milhões de anos. todo o Egito estava provavelmente sob o mar. Quando as águas se retiraram progressivamente, o Nilo começou a escavar o seu vale, e o Delta ainda não existia com seu aspecto atual. Em consequência dos movimentos de elevação do vale e também do afundamento definitivo do leito do Nilo e das mudanças climáticas, formou-se uma paisagem muito especial. O Egito pré histórico apresentava-se como um imenso oásis, já que as terras circunvizinhas haviam secado. Lá haveria de nascer uma civilização coerente.

Em breve se firmará o contraste entre a 'terra negra' do Egito cultivado e a 'terra vermelha' do deserto. Pouco a pouco irá se criar uma longa faixa cultivada que atravessará zonas hostis e inóspitas. No flanco ocidental, o deserto líbio é uma parte do Saara, ora pedregosa, ora arenosa. Nessa época, a desertificação não era tão evidente como hoje; havia zonas de pasto e de terra arável. Ali viviam as populações líbias, que nunca atingiram o elevado nível cultural dos egípcios. Esse povo tinha a pele branca, os olhos azuis e cabelos ruivos. No flanco oriental é uma via de acesso estratégico às regiões que formam a Palestina e ladeiam a península do Sinaí. Lá como a leste de Coptos, os egípcios traçaram pistas até as pedreiras, onde encontraram ouro, malaquita, cobre e turquesas. Hathor 'a dama das turquesas', foi logo cedo venerada em Serabit el Khadim. Ao sul a Núbia que começa na 1ª catarata, é uma região bem menos rica do que o Egito, mas os seus produtos exóticos e seu ouro interessarão aos faraós.

O homem egípcio talvez seja uma síntese de várias raças:
  1. nômades errante da savana saariana
  2. norte-africanos aparentados com os berberes e os calibas
  3. indivíduos semitas vindos ao mesmo tempo do norte do Sinaí e do sul do deserto arábico
Alguns autores chegaram a fantasiar que os egípcios seriam extraterrestres que vieram colonizar um ponto particularmente fértil do nosso planeta.

A pré história egípcia é muito pouco conhecida. O período anterior a Menés, o primeiro faraó abrange um tempo imenso em que reinavam as dinastias divinas. Os fatos continuam mal estabelecidos. Os mais antigos vestígios da presença humana talves se encontrem na região tebana; os egípcios primitivos sofreram certamente uma desertificação que os obrigou a se agruparem em torno de pontos de água e de oásis ao longo do Nilo. Antes de se tornaram sedentários, eram talvez nômades dedicados à criação. Sabe-se que o trigo foi cultivado entre 4600 a 4200 a.C. no vale do Nilo. Provavelmente nessa época os homens começaram a irrigar, a caçar e a pescar, a construir santuários para os deuses e a escavar sepulturas onde depositavam objetos preciosos para servir os defuntos no outro mundo. O Nilo deve ter terminado de escavar o seu vale por volta de 4000 a.C. e um acontecimento importante: a paisagem estabilizou-se, o homem tomou realmente posse dela e começou a melhorá-la.   Assim nasceu verdadeiramente o Egito – 

O fenômeno da hierarquização tem início, impõem-se o poder de um chefe mais autoritário e mais respeitado e, à sua volta, agrupa-se uma elite. O confronto entre duas povoações que queiram afirmar a sua soberania sobre este ou aquele território pode desencadear um conflito. Em suma, os "principados" locais surgem desenvolvem-se e alargam pouco a pouco as suas zonas de cultura e de caça. Subitamente um rei se manifesta. Um personagem impressionante, hierático, exibindo a coroa branca do Alto Egito. Já não é um simples chefe de clã, mas um monarca. Sua coroa constitui um indício de que não há engano. Seu nome é inigmático, escrito com o hiróglifo do escorpião, mas cuja leitura ainda não foi estabelecida. De modo que, para simplificar, é chamado de rei-Escorpião – existem vários objetos com a inscrição de seu nome, entre os quais um recipiente de Tura e oferendas encontradas no templo de Hierakonpolis, a Nekhen dos antigos egípcios. Mas o documento essencial é uma admirável peça proveniente da estação de Hierakonpolis e conservada no Museum de Oxford – um objeto de calcário contendo várias cenas em alto-relevo que marcam o aparecimento de um faraó na história. O rei Escorpião marca a sua soberania sobre as províncias. Lidera as suas tropas e vence as populações simbolizadas pelos pavões e pelos arcos, certamente os habitantes do Delta e nômades que viviam nas fronteiras do Egito ou em oásias. O rei Escorpião favoreceu a atividade econômica do país durante o seu reinado. Este soberano é um Hórus, como toda linhagem de faraós, ele é "aquele que pertence ao canavial" na sua qualidade de rei do Alto Egito. Veste uma simples tanga e tem uma calda de touro atada à cintura, símbolo do seu poder. Rei mago, a sua função consiste em ser um chefe guerreiro vitorioso, mas também em assegurar as cheias e as colheitas. Estes pontos essenciais são assegurados pelas cenas da peça. Um deles deve chamar-nos a atenção: O fenômeno das cheias. As cenas gravadas na peça de Hierakonpolis provam que o rei-Escorpião, que apenas reinava no Alto Egito, já tinha percebido claramente a importância da domesticação e exploração das cheias do Nilo. Só um poder forte e centralizador, encarnado na pessoa do faraó, seria capaz de realizar tal empreendimento. Nesse domínio, o rei-Escorpião foi um prodigioso inovador. Tirou o Egito da pré-história, ensinando-o a domesticar um fenômeno natural suscetível e de se tornar a fonte de uma grande riqueza. Os egípcios mais do que depressa construíram barcos. Na época do rei-Escorpião já devia existir uma corporação de artífices especializados. Não estamos apenas pensando nos primitivos barcos de papiro, mas em embarcações de madeira. A paisagem egípcia mudou e atualmente vêem-se poucas árvores. Em contrapartida, os operários do rei-Escorpião dispunham certamente de florestas que forneciam aos estaleiros navais. O centro vital do país que o rei-Escorpião dirigia situava-se provavelmente em Hierakonpolis, entre Luxor e Assuã. O Egito toma forma em seu reinado. Muitos contatos entre as civilizações de Elam na Suméria e o Egito.

O rei-Escorpião viveu cerca de 3000 anos a.C. e que a primeira dinastia começa no ano 2950. Julgou-se poder estabelecer que o pré dinástico recente, ou seja,  o período anterior a Menés, compreendia apenas dois reis:
  • o rei Escorpião
  • e um tal Ka
Mas certas tradições mencionam 60 reis no Delta, ou seja, uma longa linhagem monárquica no Alto Egito que teria começado por volta de 5500 a.C. e até 7 rainhas que teriam governado o Egito, lenda esta que teria servido de hipótese a um matriarcado muito antigo. Conclusão: antes de Menés, o Egito não se encontra unificado. O Escorpião reina apenas no Alto Egito. Mas um grande problema se mantém, o das relações exatas entre o Sul e o Norte, entre o Alto e Baixo Egito.

Sob a égide do Escorpião, uma região de pântanos e florestas transforma-se progressivamente em terra arável. As cheias começam a ser controladas, as águas trazem as riquezas, o trabalho dos homens é portador de maravilhosas esperanças. Graças a irrigação, uma civilização inédita nasce do limo fertilizante. O nascimento da mais perfeita língua jamais criada pelos homens – os hieróglifos, uma língua sagrada, igualmente criadora de cultura e de civilização. O nome do rei-Escorpião está inscrito num hieróglifo, nas paletas pré-dinasticas, sente-se que o hieroglífico está em formação que o pensamento dos homens se canaliza cada vez mais rapidamente para atingir uma forma de expressão original. O nascimento dos hieróglifos não é associável ao do Egito unificado: uma única língua para todo o país a fim de registrar todas as vontades dos deuses e dos reis; uma língua carregada de poder mágico.

Fonte: do livro 'O Egito dos grandes faraós história & lenda' 

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Karnak

O Templo de Karnak tem este nome devido a uma aldeia vizinha chamada El-Karnak, mas no tempo dos grandes faraós esta aldeia era conhecida como Ipet-sut ("o melhor de todos os lugares"). Designa o templo principal destinado ao Deus Amon-Ré, como também tudo o que permanece do enorme complexo de santuários e outros edifícios, resultado de mais de dois mil anos de construções e acrescentos. Este complexo abrange uma área de 1,5 x 0,8 Km. Existiam várias avenidas que faziam a ligação entre o Templo de Karnak, o Templo de Mut (esposa de Amom) e o Templo de Luxor. Além disso, não muito longe, fica o templo de Montu, sendo que o de Khonsu (um dos templos mais bem conservados do Egito) está dentro do próprio complexo.O grande eixo este-oeste é balizado por uma série de pátios e pilones; medindo 103 m de largura por 52 m de profundidade, a célebre sala hipostila encerra verdadeira floresta de 134 colossais colunas em forma de enormes papiros. Com 21m de altura e diâmetro de 4m, essas colunas não dão, apesar de maciças, impressão de peso; os nomes de Sethi I e Ramsés II aí se vêem inscritos, repetidos indefinidamente. Numerosos edifícios secundários completam o grande templo de Amon-Ra: 
  • capelas de Osíris
  • templo de Ptah
  • templo de Opeth 
  • a parte S do complexo é chamada Luxor 
  • os anais de Tutmés III, nas paredes, registram 20 anos de conquistas e arrolam as plantas e animais exóticos que o faraó trouxe da Ásia. 
  • esfinges de pedra, ao longo do eixo principal, parecem guardar as ruínas, na fímbria do deserto.  (Fonte: Barsa) 

O maior conjunto monumental do Egito, com mais de cem hectares de extensão, é repleto de templos, capelas, altares e pilones. Desde que Sesóstris I, há 40 séculos, consagrou-o a Amon-Rá, cada faraó quis acrescentar-lhe algo, deixar nele sua marca. Todas essas marcas, às quais se juntam as do tempo, fazem de Karnak um extraordinário museu ao ar livre.

A sala hipostila era um "templo de milhões de anos", ou seja, um local de culto jubilar. De dimensões colossais:
  • 103 m de comprimento por 52 m de largura, era de certo modo, o vestíbulo do grande templo de Amon
  • construída por Séti I, em 1300 a.C. aproximadamente, foi terminada por seu filho Ramsés II, que se apropriou dela: uma inscrição classifica o lugar de "Grande castelo divino de Ramsés Meri Amon"
"Hipostilo" vem do grego hipóstilos e significa: "cujo teto é sustentado por colunas". As 134 colunas, de fundações frágeis erguiam-se como os pés de uma mesa cujo tampo os mantivesse em posição. Essa cobertura possuía dois níveis:
  1. as partes laterais, mais baixas, eram sustentadas por 122 colunas em forma de papiro em botão, a 15 metros do chão;
  2. a nave central, mais alta, repousava sobre 12 papiros desabrochados, com mais de 20 m de altura, só ficaram as colunas, em tons esmaecidos
Karnak deixou de ser usado no século IV, como os demais templos, em decorrência da cristianização do Egito. A cidade (hoje) de Amon reduziu-se a um campo de ruínas.
Eugène Fromentin visitou o lugar em 1869 e dá, em estilo telegráfico, uma idéia do desastre:
Chegada a Karnak pela grande avenida de esfinges mutiladas e pelo pilono do oeste. Admirável entrada. À direita vemos, intacto do lado norte, desabado do lado sul, o grande templo. Espetáculo extraordinário. Dimensões enormes. É necessário uma escada para medi-los. Nada pode ser mais solene. À volta, um desabamento geral imenso monte de escombros em que cada parcela é um bloco monstruoso. Buracos ainda cheios de água, onde estão mergulhados pedaços de colunas (...)

Hoje o centro Franco-Egípcio de Karnak é, ao mesmo tempo, um canteiro, um laboratório e um museu. Reconstruíram bloco por bloco, a preciosa capela vermelha de Hatshepsut. Assim vários monumentos renasceram de ruínas, a grande sala hipostila foi reerguida. Mas ainda resta em Karnak o suficiente para ocupar um sem-número de egptólogos, arquitetos, técnicos e operários por um século, pelo menos. 
Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Mercado egípcio


A civilização egípcia, uma das mais desenvolvidas do seu tempo, manteve, ao longo da sua existência, formas de intercâmbio iguais às usadas pelas civilizações vizinhas mais "atrasadas". Apesar dos avanços das relações comerciais, é surpreendente que alguns desses métodos sejam usados ainda hoje.


A econômia do Antigo Egito baseava-se na agricultura, e o comércio era relegado a um segundo plano. O comércio externo competia ao Estado, e os intercâmbios mercantis no interior do país estavam nas mãos dos vendedores ambulantes e dos próprios produtores, os quais, a partir dos seus locais de origem, acorriam aos mercados das aldeias e das cidades. No mercado, trocavam-se os excedentes agrícolas, tanto os produzidos em terras pertencentes aos templos como em propriedades particulares, por objetos produzidos por artesãos livres. A compra e venda realizava-se por meio de troca de gêneros. Assim por exemplo, um artífice obtinha a fruta ou o pão de que necessitava trocando-os pelos seus produtos, como vasilhas ou contas para colares.

O sistema de trocas não era, no entanto, o único, uma vez que coexistiu com o padrão monetário desde o Antigo Império. Embora não existisse, de fato, uma moeda, o sistema monetário egípcio já contava com peças metálicas, de ouro, prata ou cobre. Esta tinham diferentes valores segundo a quantidade de metal que eram feitas. Durante o Antigo Império, a equivalência estabelecia-se a partir de lingotes ou por meio de uma "moeda" de cômputo, chamada shat, de 7,5 g de ouro, que teve pouca aceitação popular. Calculava-se o valor de um produto em shats e, depois, pagava-se em ouro ou, mais frequentemente, em outros produtos nos quais se conhecia o valor em shats. A situação alterou-se a partir da XVIII dinastia, quando se difundiu o uso de deben, 91 g de metal, dividido em dez kedet e em dois shaty. A coexistência das duas formas de intercâmbio ("moeda" e troca) manteve-se equilibrada até ao período persa, quando o rei Dario I (522-486 a.C.) mandou cunhar moedas de ouro. Na época ptolomaica, a generalização do uso da moeda provocou uma crise no antigo sistema de intercâmbio e uma alteração dos preços que prejudicou os produtos agrícolas.

O mercado faraônico era o local onde se encontrava a vida da cidade, tal como acontece em qualquer mercado egípcio atual. Constituía o ponto de encontro de vendedores e consumidores, e não faltavam os representantes das autoridades para controlar a ordem e o bom funcionamento das transações.

Recipientes de cerâmica eram usados para a conservação e o transporte de certas mercadorias, cujas cores dependiam do material utilizado para fabricá-los. Podiam ser rosados ou acinzentados, conforme a origem calcária ou xistosa do barro, ou pretos, se o material usado fosse o limo depositado pelo Nilo.

O armazenamento de víveres era de vital importância no Egito, este previdente sistema para guardar as provisões permitia enfrentar as épocas de fome. As grandes reservas de produtos pertenciam ao Estado, aos templos e aos grandes senhores. Os produtos eram classificados e arrumados nos armazéns segundo a sua natureza.

A dieta faraônica dos egípcios era sobretudo constituída por produtos agrícolas: várias frutas e legumes, bem como cereais e tâmaras, apareciam habitualmente à mesa. A carne era uma iguaria reservada aos poderosos. O povo obtinha dos ovos e do peixe as proteínas necessárias à sua alimentação.


A proteção dos víveres fazia-se por meio de libações cerimoniais.

No mobiliário do armazém, existiam mesas para colocar os produtos.

A forma das vasilhas adaptava-se à natureza do seu conteúdo.

Vários empregados encarregavam-se de colocar, arrumar e registrar as mercadorias que entravam no armazém.

Fonte: Egitomania – fascículos 2001

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O túmulo de Nefertari

Fonte: Egitomania – fascículos 2001


Nefertari, a esposa preferida de Ramsés II e uma das mais excepcionais rainhas consortes da história do Egito faraônico, foi sepultada no que é considerado o mais belo túmulo do Vale das Rainhas. (imagem do túmulo de Nefertari)




Ernesto Schiaparelli abriu, em 1904, um túmulo no Vale das Rainhas que se destacava pela qualidade das suas pinturas: era o sepulcro da rainha Nefertari. A estrutura da construção era igual à dos túmulos dos faraós: 
  • uma série de corredores e salas escavados nas encostas da montanha, penetrando obliquamente no seu interior
  • a entrada se fazia  por uma escadaria que dava acesso à antecâmara, onde apareciam a rainha e cenas do capítulo XVI do Livro dos Mortos
  • ao lado dessa sala, havia um vestíbulo e mais uma câmara
  • outra seção da escadaria dava para a câmara funerária, sustentada por 4 pilares
  • pequenas salas anexas, que serviam de armazéns para as oferendas funerárias
O esquema do túmulo, refletia o itinerário do morto no seu caminho para se tornar uma divindade. O programa iconográfico representado nas paredes reforçava esta função religiosa. Ao lado de cenas em que aparecia a rainha e várias divindades, foram pintadas paisagens do Livro dos Mortos, que ajudavam o morto no seu caminho para a eternidade.

Este túmulo foi construído na época áurea da pintura egípcia. Após o episódio de Tell el-Amarna, no qual Akhenaton impôs o hiper-realismo, sem abandonar alguns dos seus êxitos, a arte volta a recorrer aos cânones estilísticos estabelecidos há centenas de anos. A decoração, realizada com traço firme, tem uma grande riqueza cromática, que se baseia no contraste entre as cores vivas e o fundo branco. Da fase anterior, conservou-se a intenção de produzir volume por meio do sombreado da figura, aplicado apenas à representação humana, pois é o homem quem está sujeito ao passar do tempo. O academicismo alcançado durante o Egito faraônico evidencia-se na temática, de caráter exclusivamente funerário. A alteração da temperatura interior do túmulo, provocada pelas visitas constantes de turistas, deteriorou estas pinturas.



O Vale das Rainhas – neste vale, erodido pela água e pelo vento, situou-se uma das três necrópoles tebanas do Novo Império. Dos oitenta túmulos numerados, só vinte estão decorados. De todos, o mais notável é o de Nefertari.

O túmulo de Nefertari – vista em perspectivas a estrutura articula-se segundo um eixo longitudinal, ligeiramente virado para o norte. Chega-se ao sepulcro por uma escadaria descendente que dá para uma antecâmara. Daí, descendo por outra escadaria, chega-se a câmara funerária, com a capela ao fundo.
Os guias divinos – uma das guias da rainha morta é Ísis, que a leva pela mão até a presença das demais divindades. Ísis usa os chifres de vaca, com um disco solar, e o uraeus, que sobressai dos chifres. Está ricamente enfeitada com jóias e, na mão esquerda, vê-se um cetro uas.

Objetos do sepulcro – uma série de amuletos, um deles o pilar de djed, que representa a coluna vertebral de Osíris, a riqueza original do túmulo desta rainha devia ser enorme. Inúmeras imagens mostram Nefertari, em todo seu esplendor. No seu sarcórfago, está representada segurando duas cruzes da vida.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Núbia

A Núbia é a região situada no vale do rio Nilo que atualmente é partilhada pelo Egito e pelo Sudão mas onde, na antiguidade se desenvolveu o que se pensa ser a mais antiga civilização negra da África (baseada na civilização anterior do Baixo Egito, que deu origem ao reino de Kush, que existiu entre o 3º milénio antes de Cristo e o século IV da nossa era). Wikipédia

Pobre Núbia! A natureza já não a favorecia, e as grandes obras realizadas no século XX com o objetivo de domar o Nilo acabaram por riscar do mapa sua parte setentrional – a Baixa Núbia (egípcia), que vai até a segunda catarata, poupando apenas a Alta Núbia (sudanesa), ao sul de Uadi Halfa.
Um planalto árido, cortado por um rio, margens íngremes, escarpadas, que não deixam espaço para cultivo no vale, e seis cataratas, isto é, seis obstáculos à navegação. Na Antiguidade, essa região tinha pelo menos os trunfos de ser rica em ouro e constituir caminho obrigatório para a África negra. Atiçava a cobiça dos faraós. Os do Médio Império conquistaram-na até a segunda catarata, os do Novo Império, até a quarta. Em 750 a.C., a situação inverteu-se: a Alta Núbia ocupou o Egito durante um século. Um século apenas. Desde então, a Baixa Núbia voltou a ser egípcia, porém desprezada pelos egípcios do resto do país.
A glória passada e a situação geográfica privilegiada dão aos núbios uma dignidade natural, ou até um complexo de superioridade. Afinal, não estão do lado da nascente do Nilo, que corre primeiro por lá antes de seguir seu curso até o Mediterrâneo? Daí a se convencerem de que a civilização começou ali antes de espalhar-se, como as águas do rio, pelo poderoso vizinho... 
  • Altos, longilíneos, os núbios reconhecem-se nas silhuetas gravadas nos templos faraônicos e comparam sua língua à dos antigos egípcios. 
  • Como foram os últimos no Egito a tornarem-se muçulmanos, conservaram certas tradições cristãs, como a imersão dos recém-nascidos, que lembra o batismo.
A primeira represa de Assuã, construída em 1902, depois aumentada duas vezes, inundou parte da Núbia, reduzindo um pouco as terras cultiváveis. Alguns habitantes refugiaram-se nas regiões mais altas, outros migraram.  (do livro 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé)

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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