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domingo, 29 de agosto de 2010

A Ama

Após o nascimento da criança, entra em cena – a ama. Em muitos casos a própria mãe amamentava o filho, mas a ama a assistia para resolver os problemas que surgissem.

A primeira questão era dar nome à criança, que recebia dois nomes:
  1. utilizado diariamente
  2. que definia o seu ser autêntico e secreto (nome dado pela sua mãe e revelado à criança caso esta se mostrasse digna)
Os nomes dos egípcios e das egípcias eram extremamente variados, e especialistas na matéria redigiram abundantes repertórios. A mãe pode dar ao filho o nome de "o Sírio", "o Núbio", mesmo que não seja originário dessas regiões; mas porque considera que sua existência estará relacionada com elas; também escolhe "a Bela", "o Guardador de pássaros"... o fato de atribuir um nome implica um dom de vidência praticado quer pela mãe, quer por uma mulher consultada. Cada nome tem um sentido preciso, que orienta a existência do seu portador.


A importância da ama
Várias tiveram um importante papel na corte egípcia. Tiyi – esposa do dignatário Ay, futuro faraó, e que deu o seio a Nefertiti e educou-a. Chamava "Grande ama" àquela que amamenta um futuro rei. Dispondo de um servo, a ama real tem ainda a possibilidade de mandar escavar um belo túmulo.

Satré, ama da rainha Faraó Hatchepsut, teve o grande privilégio de ver sua estátua colocada no interior do templo de Deir el-Bahari.

Datados da época baixa, determinados contratos especificam que, em troca de honorários, a ama se comprometia a amamentar a criança ou a tratar dela durante um período bem determinado. Também exercia uma função médica e tratava em particular da incontinência urinária da criança, fazendo-a absorver pílulas compostas de parcelas de pedra fervida ou de um líquido à base de cana. O pior para uma ama era não ter leite, ela dispunha de um remédio eficaz contra este inconveniente: ungir as costas com um unguento a base da espinha dorsal de um peixe, o lates niloticus, cozida em azeite.

Como as crianças tinham que ser amamentadas durante pelo menos 3 anos, segundo as prescrições médicas, o trabalho não faltava às amas, sendo mais bem pagas do que certos terapeutas.

Considerado como "o líquido que cura", o leite era examinado com atenção, devia ter o cheiro das plantas aromáticas ou de farinha de alfarroba. A longa duração da amamentação explica a inexistência de raquitismo nos esqueletos das crianças egípcias. O leite podia ser recolhido em recipientes de barro em forma de mulheres apertando os seios e com uma criança no colo.

Tratar os seios das amas era uma tarefa essencial, destinada a evitar pruridos, sangrias e supurações. Os médicos utilizavam produtos à base de cana, fibras vegetais, pistilos e estames de junco.


Leite para o faraó
Em uma estela da XVIII dinastia vemos uma mulher de peruca, sentada numa cadeira de espaldar baixo, dando o seio a uma criança, provavelmente um rapaz, deitado em seu colo. Diante dela, uma das suas filhas despeja água num recipiente, praticando um rito de purificação. Atrás, uma segunda filha traz flores de lótus. As 3 crianças celebram a memória da sua falecida mãe, e esta cerimônia de amamentação tem de exepcional o fato de se desenrolar no ouro mundo, onde a mulher, para sempre viva, continua a exercer a sua função de nutriente.

O leite dá vida, poder e uma longa existência. Hórus conseguiu reconquistar a sua antiga realeza porque foi amamentado por Ísis. Desde a época do Texto das Pirâmides, o mais antigo corpus sagrado, a amamentação faz parte dos ritos de coroação do faraó, que graças a ela volta a ser vivo, reconhecendo a capacidade de exercer as funções reais.

A amamentação implica mais do que a absorção de uma beberagem eterna, é mais do o gesto de uma proteção mágica ou de um simples rito de adoção... Trata-se de uma espécie de iniciação. A alcançar a sua nova dignidade, o Faraó entra no mundo dos deuses. (Jean Leclant)

Fonte: 'As egípcias' de Christian Jacq

sábado, 14 de agosto de 2010

Gastronomia

Egito Antigo
Carne
Consumida em quantidade, principalmente a do boi. O assim chamado boi africano é um animal com chifres avantajados, de grandes proporções e rápido no caminhar. Esse animal era submetido a um regime de engorda que o tornava enorme e pesado, até o ponto de ficar impossibilitado de andar. Só então estava pronto para o abate. Ao que parece, a carne era servida geralmente cozida, provavelmente em molho, mas havia alguns tipos de carne que eram assadas no espeto. Entretanto, a carne era uma comida de luxo para a maioria das pessoas, que talvez só a consumissem em ocasiões especiais como, por exemplo, nos banquetes funerários. Pedaços de carne são representados frequentemente nos túmulos em estelas, ou compondo o conjunto de produtos dispostos nas mesas de oferendas como eterno alimento para o falecido.

Aves
Uma vez que a galinha só foi introduzida no Egito tardiamente, criava-se e consumia-se outros tipos de aves em grande escala. Em papiros que registram donativos aos templos, as quantidades de aves citadas são impressionantes. Um deles menciona 126 mil e 200 aves, dentre as quais 57 mil e 810 pombos. A caça, portanto, era uma atividade bastante cultivada pelos egípcios. Os galináceos eram consumidos grelhados, de preferência. Entretanto, Heródoto nos conta — e os documentos confirmam a informação — que os egípcios comiam crus as codornizes, os patos e alguns pequenos pássaros que tinham o cuidado de salgar antes. Todos os pássaros restantes eram comidos assados ou cozidos. As aves aquáticas eram abertas e postas a secar. Os templos as recebiam vivas, secas ou ainda preparadas para consumo a curto prazo.

Peixe
Embora em algumas localidades egípcias fosse proibido consumir certas espécies de peixe em datas específicas, a maior parte da população comia peixe normalmente. Por sua vez, os habitantes da região do Delta e os que moravam às margens do lago Fayum eram pescadores por profissão. Quanto aos peixes, Heródoto informa que alguns eram comidos crus e secos ao sol ou postos em salmoura. Entretanto, várias outras espécies eram comidas assadas ou cozidas. Uma vez pescados, os peixes eram estendidos no solo, abertos e postos a secar. Visando a preparação do escabeche, eram separadas as ovas dos mugens. Mais uma vez um papiro cita a quantidade de peixes doados a três templos: 441 mil. Os templos recebiam não apenas peixes frescos, mas também secos. Como se vê, a pesca era outra atividade importante.

Legumes
Rabanetes, cebolas e alhos fazem parte da dieta egípcia, sendo que estes últimos eram muito apreciados. Melancias, melões e pepinos aparecem representados com freqüência nas pinturas dos túmulos, sendo que neles os arqueólogos também encontraram favas, ervilhas e grãos de bico. Nas hortas domésticas cultivava-se a alface, a qual os egípcios acreditavam que tornava os homens apaixonados e as mulheres fecundas e, assim, consumiam-na em grande quantidade, crua e temperada com sal e azeite. Min, o deus da fecundidade, tem às vezes sua estátua erguida no meio de um quadrado de alfaces, sua verdura preferida. Seth, segundo nos conta a lenda, era outro deus apreciador de alface.

Frutas
Com relação aos frutos, consumiam uvas, figos e tâmaras, sendo que estas últimas também eram empregadas em medicamentos. A romeira, a oliveira e a macieira foram introduzidas no Egito somente por volta de 1640 aC. O azeite era utilizado não apenas na alimentação, mas também para iluminação. Frutos como laranjas, limões, bananas, peras, pêssegos e cerejas não eram conhecidos dos antigos egípcios, sendo que os três últimos só passaram a ser consumidos na época romana.

Outros
O leite era recolhido em vasos ovais de cerâmica tampados com um punhado de ervas, evitando-se fechar totalmente a
abertura, para afastar os insetos do líquido. O sal era utilizado na cozinha e em medicamentos. O papel do açúcar era desempenhado pelo mel e pelos grãos de alfarroba. Embora o mel e a cera de abelha fossem buscados no deserto por homens especializados nesse ofício, também havia criação de abelhas no exterior das residências. Para a formação das colméias colocavam-se jarras de cerâmica e os apicultores caminhavam sem proteção por entre os insetos, afastando-os com as mãos nuas para recolher os favos. O mel era mantido em grandes tigelas de pedra, seladas. Em suas iguarias os egípcios empregavam ainda manteiga ou nata e gordura de pato ou de vitelo.

Pães e bolos
Eram preparados nas casas das pessoas ricas e também nos templos, o que incluía a moagem dos grãos. É possível, entretanto, que moleiros e padeiros independentes trabalhassem para atender as pessoas humildes. A panificação era um trabalho conjunto de homens e mulheres.

Bebida
A número um dos egípcios era a cerveja, consumida em todo o país, tanto nas cidades como nos campos. Era feita com cevada ou trigo e tâmaras e sorvida em taças de pedra, faiança ou metal, de preferência em curto espaço de tempo, pois azedava com facilidade. O vinho, sem dúvida, ficava em segundo lugar na preferência etílica dos egípcios, havendo grande comércio do produto. Eles apreciavam o vinho doce, de uma doçura que ultrapassasse a do mel.

Os egípcios alimentavam-se sentados, a sós ou acompanhados, diante de uma mesinha sobre a qual eram postas as provisões. Os rapazes sentavam-se sobre almofadas ou esteiras. Pela manhã não havia a reunião da família para a refeição. O marido e a esposa eram servidos em separado. Ele, tão logo se aprontara e ela ainda quando a penteavam ou logo após. Pão, cerveja, uma coxa de galináceo e um bolo era um bom repasto para o esposo.

– A relação das grandes refeições compreendia:
  • carnes, galináceos, legumes e frutos da estação, pães e bolos, tudo bem regado com cerveja.
Não é de todo certo que os egípcios, mesmo os da classe rica, comessem carne a todas as refeições. Só podiam mandar abater um boi aqueles que estavam certos de o consumir em três ou quatro dias, isto é, os grandes proprietários que tinham um pessoal numeroso, o pessoal do templo, os que davam um festim. As pessoas humildes só o faziam para festas e peregrinações.

Os arqueólogos, em suas escavações, encontraram pratos, terrinas, travessas, cálices, facas, colheres e garfos, o que abre a possibilidade para o consumo de sopas, purês, pratos guarnecidos acompanhados de molho, compotas e cremes. As baixelas dos ricos eram de pedra: granito, xisto, alabastro e uma certa espécie de mármore. As taças de formato pequeno eram de cristal. Por outro lado, o material pictórico deixado pelos egípcios mostra que, à mesa, eles se serviam muito dos dedos (comia-se com as mãos).

Fonte: curiosidades egipcias



Mais recente
A gastronomia não é o forte do Egito. Sua cozinha, frequentemente inspirada em tradições vizinhas (turca ou sírio-libanesa) carece de diversidade e de imaginação. Na verdade, distingue-se pelos excessos. O abuso de samna (espécie de manteiga derretida) torna os pratos demasiado gordurosos. Um dos pratos mais populares, vendido nas ruas:

  • kochari – mistura indigesta de arroz, macarrão, lentilha e cebola frita, tudo regado com molho de tomate e muito temperado.

Com os legumes recheados, a história é outra. Os egípcios são exímios na arte de embalar recheios em pimentões, berinjelas e folhas de parreira.
  • Bamya – pequeno chifre grego, às vezes cozido com carne de carneiro, mas sempre acompanhado de molho e arroz com aletria.

A iguaria do rei é a molokheya. Num primeiro momento, o prato pode surpreender, mas um paladar treinado sabe apreciar suas qualidades. Há um modo especial de picar as folhas de juta comestíveis, que são a base do prato. As folhas são acrescentadas por último a um caldo feito com dentes de alho, coentro seco triturado e manteiga. Essa sopa verde é acompanhada de arroz, carne ou frango, vinagre e pão seco, mas não de qualquer jeito: cada conviva dispõe os ingredientes no prato à sua maneira, segundo um rito pessoal. Comer a molokheya assemelha-se a uma liturgia. O califa fatímida Al-Hakim (996-1021), para quem uma loucura a mais ou a menos não fazia diferença, tinha proibido esse prato.


Sobremesas


É preciso citar o om ali – folhas de massa cozida, mergulhadas em leite com açúcar, pistaches, amêndoas e nozes. A combinação é saborosa. Há um creme com leite aromatizado, bem mais leve, a mehallabeya.





Carne
Comer carne todos os dias é um luxo. Muitas aldeias do Alto Egito nem possuem açougue. Alimentar-se bem continua a ser um privilégio, e metade das famílias gasta mais de 3/4 de sua renda com alimentação. Na classe média, um homem não se sentiria de fato casado, se chegasse em casa e não encontrasse o ensopado cotidiano. "O caminho mais curto para o coração de um homem passa pelo estômago", afirma um ditado que as esposas levam a sério.

  • A obesidade se generaliza de maneira assustadora na população, que abusa não só dos alimentos feculosos e da gordura, mas também do açúcar, quase um objeto de culto. Qualificar alguém de sokkar (açúcar), assal (mel) ou charbatt (xarope, sorvete) é uma forma de elogiar suas qualidades ou sua beleza.

Sementes
Não se pode falar em gastronomia egípcia sem mencionar tassali (divertimentos) e, principalmente, esse esporte nacional que é o consumo de lebb. Nada é mais propício ao devaneio que essas sementes de melancia ou de abóbora (apelidadas de "morenas" e "brancas") secas ao sol, assadas no forno e salgadas. Colocamos a ponta entre os incisivos e, com uma dentada, rachamos a semente, para recolher a amêndoa com a língua. A casca é discretamente cuspida na mão, quando prevalecem as boas maneiras.

Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé

domingo, 8 de agosto de 2010

Pão

Tudo começa e às vezes termina, com o pão. É a base da alimentação. Na língua do dia a dia, pão não se diz khobz, como em outros países árabes, mas aich, que significa "viver". Ao encontrar um pedaço de aich no chão, quem passa o apanha espontaneamente e, fazendo às vezes o gesto de beijá-lo, pede perdão a Deus.

No tempo dos faraós, já era um alimento fundamental: fabricados com farinha de cevada ou de trigo, os pães tinham forma redonda, oval ou cônica. Entre pães e bolos, havia mais de 40 tipos diferentes na época do Novo Império. O padeiro era uma figura essencial na vida cotidiana.

No fim do século XIX, as famílias egípcias mais abastadas possuíam seu próprio forno doméstico. As mulheres iam de casa em casa sovar a massa e assá-la. O pão do mercado (aich el-suq) era desprezado, só prestava para o povo.



Tipos de pão:
  • pão baladi – produzido por umas 10 mil padarias, de cor morena, 20 cm de diâmetro e duas camadas sem miolo. Pode ser bem cozido (meladden), semicozido (mefaa) ou tenro (tari).
– pão rústico à base de milho ou de trigo:
  • chami (sírio) – mais fino
  • frangui (europeu) – como o fino (baguete)
  • aich el-chamsi (pão-do-sol) – especialidade do Alto Egito, sem fermento, povilhado de farelo, tem a particularidade de crescer ao sol
  • bettao (ancestral etimológico da "pita") – produzido no Médio Egito, feito de farinha de milho e feno grego, semelhante a uma grande panqueca, conserva-se por meses, e basta molhar para amaciá-lo.

O preço irrisório de um pão impede que alguém morra de fome no Egito. A possibilidade de faltar pão é a preocupação dos mais pobres. É inconcebível uma refeição sem esse alimento. Podem recheá-lo de fava ou lentilhas, ou até mesmo de arroz ou de massas. O pão serve de prato e também de colher. O gesto de partir um pedaço, dobrá-lo entre os dedos e passá-lo no próprio prato ou num prato coletivo tem um nome: ghammess faz parte dos prazeres da gastronomia egípcia.

Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Família

– Embora a sociedade fosse muito tolerante, a família que incluia um casal com os seus filhos era considerada o modelo ideal.


A mulher: mantinha o seu nome, uma certa independência e até mesmo o seu trabalho, havia parteiras, tecelãs, prefeitos, ou colaboravam na empresa dos seus maridos. Adquiriam status ao casar: "nbt pr" significa administradora do Patrimônio e em casa eram elas que organizavam tudo. Prestavam muito mais atenção à sua aparência, principalmente com o penteado e a maquiagem. Nas pinturas que chegaram até aos nossos dias, a pele dos homens era morena e a mulher de classe superior tinha um tom de pele mais pálido. Isso servia para indicar o seu elevado estatuto e para indicar que tanto se podiam abrigar do sol em casa, como podiam pagar os cosméticos. Outras versões (discutíveis) indicam que era um símbolo de pureza, beleza e de inatividade por respeito aos homens que eram sempre representados com um tom de pele mais escura.

Casamento: geralmente iniciado quando os jovem iam viver juntos, elas entre os 12 e os 14 anos e eles aos 16, sem nenhum tipo de estatuto oficial, exceto a assinatura de um contrato em que se descrevia os bens de cada um. O casamento era celebrado em família, porque era um assunto privado. A monogamia ou poligamia, era uma questão prática, não tinha valor jurídico ou moral, em que a esposa e os filhos tinham direito a parte do patrimônio do marido, esta questão influenciava a decisão de ter ou não uma segunda esposa, ou que esta fosse uma escrava.

Divórcio: também era um assunto privado, poderia ser solicitado por qualquer dos cônjuges, por motivos tão amplos como o adultério ou a esterilidade e mesmo a fidelidade da esposa. Se anteriormente se tivesse definido os bens de ambos os cônjuges no contrato feito por um escriba, ela poderia recuperá-los, se não tivesse nada, podia regressar para os seu pais.

Sexo: havia uma grande liberdade, como se podia verificar em numerosos escritos e na moda, as mulheres (exceto no caso da realeza, que se tapavam para não apanhar sol), andavam, da mesma forma que os homens em tronco nú indo dessa forma para o trabalho, exceto em alguns trabalhos em que iam completamente nús:
  • talhantes,
  • marinheiros,
  • empregadas domésticas, etc.
As relações não eram controladas, nem mesmo o adultério da mulher era punido, no pior caso, custava-lhes o divórcio, ainda que em alguns papiros se descrevam casos em que o adultério das mulheres era castigado por lapidação. O única tabu estava em considerar a menstruação impura, ao ponto de dispensar os trabalhadores durante os em que a esposa estivesse menstruada.

Crianças: eram desejadas, ainda que devido à elevada taxa de mortalidade das mulheres no parto, fossem utilizados contraceptivos para prevenir gestações seguidas. As crianças eram mimadas e educadas, sem distinção de sexo e muitos aprendiam a ler e a escrever. Os filhos das famílias nobres frequentavam a escola da Casa Jeneret, a casa da rainha.

Fonte: Wikipédia

domingo, 20 de dezembro de 2009

O Egito romano

Trinta anos antes da era cristã, Cleópatra VII, a última governante ptolomaica estava morta. Augusto (imagem ao lado) havia posto o Egito sob o governo dos povos romanos, sob sua própria administração. Uma terra capaz de produzir quantidades enormes de alimentos e fácil de defender não se poderia tornar uma base para nobres ambiciosos: ela seria governada por um prefeito. O prefeito regia com a ajuda do exército, em pequenas unidades espalhadas pelo país. Precisa garantir a coleta de impostos e o transporte de grãos, para alimentar os romanos em sua terra natal.

Alexandria continuou sendo o principal centro do governo e as antigas divisões dos nomos (províncias) com suas cidades metropolitanas foram mantidas. O latim era o idioma dos exércitos, mas a maioria dos detalhes burocráticos era registrado em grego. Em todo o Egito, durante a época ptolomaica, a linha divisória entre os gregos e os egípcios havia se tornado mais sutil com o passar do tempo, pois o critério para ser um grego era aparentemente a simples capacidade de falar grego e dizer que era grego. Uma circunstância que os conquistadores romanos achavam incompreensível e intolerável. Os gregos eram gregos e os egípcios não eram; então, eles tornaram as regras mais rígidas para garantir que esta confusão não acontecesse. Os gregos tinham que comprovar suas origens.

Os egípcios eram considerados uma classe inferior e foram compilados regulamentos por escrito, conhecidos como o Gnomon do Idios Logos, para permitir que as autoridades romanas reforçassem este preconceito e estabelecessem penalidades fixas. Uma grande parte destas normas sobreviveu em um documento de papiro.


  • Os impostos
eram injustamente aplicados, com os ricos pagando menos. Os cidadãos de Alexandria eram imensamente privilegiados e pagavam poucos impostos. Os cidadãos das cidades provincianas pagavam mais e os habitantes egípcios da zona rural, muito mais pobres, pagavam muito mais. Um dos mais caros era o imposto da «apuração de votos» introduzido pelos romanos e perpetuado durante os primeiros 3 séculos de seu governo.

Somente os cidadãos de Alexandria podiam requerer o grande prêmio dos primeiros séculos do governo romano «a cidadania romana». Mas mudou perto do ano 200 dC , quando o imperador Sétimo Severo permitiu que Alexandria tivesse um senado e as capitais dos nomos instituíssem conselhos. Os impostos não foram aliviados, o que impedia a prosperidade agrícola. Os homens fugiam de suas casas e de fazendas porque não conseguiam pagar, mas os aldeãos da mesma categoria que eles tinham que recuperar o dinheiro perdido e eram forçados a trabalhar na terra abandonada. Nos locais em que aldeias inteiras eram abandonadas, as comunidades vizinhas eram obrigadas a assumir o fardo do imposto.

Os membros da classe magistral que, em séculos anteriores pagavam com muito boa vontade pela construção de edifícios e pelos serviços públicos, como o fornecimento dos óleos para os banhos, foram forçados a executar suas tarefas de maneira compulsória e em geral eram financeiramente arruinados pela imposição das taxas adicionais. Os coletores de impostos, quando não recebiam as quantias que lhes eram devidas, recorriam à violência e ao encarceramento dos membros da família dos contribuintes relutantes.

Houve muitos períodos durante o governo romano em que a vida se tornou intolerável, mas os séculos V e VI foram provavelmente os mais prósperos para o povo em geral. O tributo para a «apuração de votos» parece ter sido abolido pelo imperador Diocleciano, perto do final do século III. Mas muitas outras taxas continuavam e novas eram introduzidas, com o annona militaris, um imposto para o benefício do exército, e o«imposto da coroa», pago em ouro ao imperador pelas cidades e suas dependências. Muito diferente dos Ptolomeus, que haviam armazenado os grãos e o ouro no Egito, os imperadores romanos levaram embora a maioria destes produtos. Houve uma inflação lenta com o passar dos séculos, mas os preços aumentaram drasticamente apenas a partir do final do século III.

O imperador Diocleciano ordenou as mudanças mais abrangentes na organização do Egito romano, desde a administração original de Augusto. Perto do final do século III, Diocleciano dividiu o país em 3 províncias, para propósitos de administração:

  1. o Egito Jovia juntamente com Alexandria, era governado pelo prefeito do Egito,
  2. o Egito Hercília e
  3. o Egito Tebaida tinham governadores diferentes.
O latim se transformou cada vez mais no idioma da burocracia. Diocleciano também revisou a estrutura dos impostos, introduzindo ciclos de acusações e períodos fixos de arrecadação fiscal, de forma que as pessoas entendiam mais o que se esperava delas. As demandas arbitrárias e inesperadas tornaram-se menos frequentes. As divisões e as amalgamações adicionais do país continuaram durante todo o final do período romano.

Houve várias rebeliões contra o domínio romano. Perto do final desse domínio, os persas ficaram no controle do país durante uma década e foram expulsos em 627; menos de 15 anos depois, os árabes vieram para ficar. Eles destruíram o forte da Babilônia, próximo do local onde a cidade do Cairo seria mais tarde erguida, e depois ocuparam Alexandria em 642, colocando um fim no governo romano depois de quase 700 anos.

Augusto via o sacerdócio egípcio como um centro de patriotismo, desassossego e rebelião e por isso restringiu severamente seus poderes e seus privilégios. Com o triunfo do cristianismo, os oficiais religiosos, principalmente os patriarcas de Alexandria, tornaram-se imensamente poderosos e puderam contrariar as intenções dos governadores do Egito e até mesmo do imperador. O monasticismo foi desenvolvido no Egito. O cristianismo uniu os gregos do Egito com a população egípcia. Como ali se falava mais egípcio do que grego, a Bíblia e os textos cristãos sagrados foram escritos em um idioma que veio a ser chamado de copta, o idioma egípcio escrito com letras gregas e alguns caracteres adicionais da escrita demótica. Com o passar do tempo, o copta começou a ser usado em documentos seculares, apesar do grego continuar sendo muito escrito no período árabe.


  • O Egito em que os romanos chegaram
era muito parecido com o país dos tempos faraônicos remotos, um país definido pelo rio Nilo, que cortava o deserto de norte a sul, com alguns quilômetros de terra cultivada. O rio dividia a região a norte da cidade de Mênfis, que era muito grande e já havia sido a capital real, em duas partes principais; as outras cidades localizadas entre estas duas zonas, junto com elas, formavam o Delta, que era intensamente cultivado. No Egito a agricultura dependia da cheia anual, que nos melhores anos levava água aos locais mais distantes das áreas cultivadas e cobria o solo com o fértil lodo do Nilo. O rio era rico em peixes, comidos frescos, defumados ou usados na produção de temperos. As principais plantações eram de trigo, uvas para fazer vinho em quantidades enormes, especialmente no final do período romano. Nos pântanos do Delta, crescia o papiro. A maioria das pessoas vivia em aldeias na zonal rural e muitas nas principais cidades de cada nomo, que se tornaram vilas de crescimento, poucas avenidas principais retas normalmente flanqueadas por edifícios públicos e pontilhadas de templos. Alexandria era um grande armazém, que não fabricava nada muito importante, mas recebia e exportava os produtos do Egito e os materiais exóticos da Índia e do Oriente, trazidos nas épocas das monções aos portos do Mar Vermelho e transportados para o Nilo por todo o deserto.

Muitos dos templos das cidades foram construídos nos estilo egípcio tradicional; mas os edifícios clássicos introduzidos pelos Ptolomeus e no período romano tornaram-se mais evidentes em todo país. Além dos templos clássicos, outros edifícios públicos de formato clássico também foram construídos:

teatros,
hipódromos,
ginásios,
termas,
ninfáceas,
ruas colunadas,
arcos triunfais e
colunas honoríficas.






Alguns dos templos faraônicos presentes nas cidades e aldeias eram muito antigos, mas grande parte dos mais completos e que sobrevivem até hoje foram erguidos pelos Ptolomeus e pelos romanos. Foram construídas igrejas esplêndidas. É possível que no final do século III a maioria dos egípcios já era cristão, ocorrendo um declínio progressivo das religiões pagãs.


  • A arte e o artesanato
do Egito romano continuaram e também modificaram todos os estilos do passado. As pinturas murais que normalmente retratavam as deidades – Ísis, Atenas... – decoravam muitas das casas localizadas nas aldeias e nas cidades. Durante os primeiros anos do governo romano, algumas esculturas seguiam os estilos tradicionais, mas começou a mudar na época dos ptolomeus. As belas e realistas estátuas de pedra e bronze tornaram-se iguais àquelas produzidas em outras partes das terras clássicas. Apesar do marmóreo branco ser geologicamente escasso no Egito, ele não parece ter sido explorado nos tempos faraônicos, é muito usado durante os períodos ptolomaico e romano tenha sido importado. A fundição do bronze era há muito praticada no Egito e as figuras ocas e volumosas, produzidas pelo processo de encerramento, eram desenvolvidas já no Terceiro Período Intermediário. Durante a época ptolomaica, uma enorme variedade de figuras de terracota foi desenvolvida nas aldeias e nas cidades do Egito, a maioria associada à religião popular, à proteção do povo contra o sobrenatural e a seu bem estar em todos os desastres naturais que pudessem acontecer. Desde o século I dC até os tempos medievais, os ateliês de cerâmica de Assuan tiveram uma produção vasta de mercadorias de barbotina, cerâmica vermelha e de vasos pintados. Algumas da joias de ouro do Egito romano descendiam diretamente das da Dinastia Ptolomaica, particularmente as pulseiras e os anéis de serpente. Os tecidos elaborados, recuperados em vastas quantidades nos sepulcros e nas cidadelas egípcias. Os tecelões do Egito confeccionavam os artigos de vestuário com apenas uma peça e os decoravam ricamente, com motivos de plantas, animais e humanos.

A mumificação continuou nos primeiros 3 séculos do domínio romano e muitas múmias finamente ornadas datam deste período.

Fonte: 'Tesouros do Egito do Museu Egípcio do Cairo'

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ateliês e artesãos



Os artesãos que faziam as estátuas e as decorações murais nos templos e tumbas trabalhavam em equipes, sob a supervisão de um mestre. Os jovens aprendizes eram treinados em ateliês e suas habilidades aumentavam à medida que iam recebendo encomendas de trabalhos mais elaboradas.





  1. Quando trabalhavam em estátuas, primeiro era pintado o contorno no bloco de pedra bruta.
  2. Os assistentes removiam o excesso de pedra, usando cinzéis e malhos de pedra.
  3. O contorno era novamente pintado e toda a operação repetida até que a estátua estivesse esboçada.
  4. Nesse estágio os escultores treinados terminavam o corpo enquanto o mestre completava a cabeça.

Os ateliês eram mantidos pelo palácio e por alguns templos. Provavelmente foi no dos templos que os canônes da arte foram originalmente formulados, sendo os detalhes estilísticos, que mudaram de uma época para outra, provavelmente criados nos ateliês reais e influenciados sobretudo pelos retratos oficiais do rei e da família real. Os trabalhos dos ateliês provincianos podem normalmente ser diferenciados por sua falta de sofisticação.

Por serem funcionais, as estátuas faziam parte de um programa arquitetônico. Seu tamanho, seu tipo e seu posicionamento seguiam uma fórmula que as integrava ao edifício que adornavam. As figuras dos reis, sentado e em pé, são os primeiros tipos de estatuária real.

Eram usados na escultura, pintura e arquitetura milímetros regulamentado, com normas e escalas inalterada. A faiança (cerâmica egípcia), com tons de azul para verde, tem sido conhecida desde o período Pré dinástico. Também eram construídos instrumentos musicais, tecidos de linho, papiros, joias, marcenaria e etc nos ateliês do Antigo Egito.

Origem: 'Tesouros do Egito' do Museu Egípcio do Cairo e Wikipédia

sábado, 7 de novembro de 2009

As reclusas

As "reclusas" khenerut formavam uma grande categoria de iniciadas que podiam passar longos períodos no interior de um templo ou lá residir definitivamente. A rainha do Egito era a superiora das reclusas, as quais se colocavam sob a proteção do faraó, de Amon, Min, Khonsu, Sobek, Osíris, Knum, enfim de quase todos os deuses e deusas.

Não lhes era exigida a virgindade nem o celibato, mas praticavam várias purificações antes de entrarem no templo e de participarem nos ritos, pois eram lavadas numa bacia, depiladas e incensadas.

– Deviam usar:
  • uma veste comprida e apertada, até os calcanhares;
  • uma tanga curta ou à altura dos joelhos, por vezes presa com faixas cruzadas sobre o peito e nas costas;
  • um cinto com duas compridas faixas na frente;
  • joias, pulseiras nos braços e nos tornozelos;
são as principais peças de vestuário e os ornamentos das reclusas, cuja função consistia em atrair energia divina sobre a Terra e concentrá-la no santuário.

Para além das atividades musicais, elas olhavam pelos objetos sagrados e pronunciavam palavras de poder contida nos hinos, apaziguando assim as forças cósmicas cuja intensidade podia ser destrutiva.

Essas iniciadas, habituadas a viverem os mistérios do templo, estavam incumbidas da tarefa de encarnar as deusas na representação secreta dos mitos. As carpideiras, estavam ligadas a uma comunidade de reclusas, "as da Casa da Acácia". Eram dirigidas por uma "superiora da Casa da Acácia", capaz de utilizar o formidável poder da leoa Ackhmet e de permitir que suas irmãs vencessem a morte.

A rainha Tiaa, esposa do faraó Amenhotep II, foi "diretora dos trabalhadores da Casa da Acácia". Ao lado do santuário onde essas iniciadas oficiavam, haviam um setor econômico encarregado de assegurar seu bem estar material.

Um baixo relevo da mastaba de Mereruka mostra 3 reclusas da Casa de Acácia vestidas com uma curta tanga, os braços em arco sobre a cabeça e dançando em um ritmo lento. Acompanham-nas 2 irmãs. O essencial do seu cântico ritual reside nestas palavras: "Que seu corpo permaneça intacto" , ou seja, que Osíris seja preservado da morte. As reclusas da Casa da Acácia participavam dos mistérios da ressurreição de Osíris e colocavam-se sob a proteção de Hathor, "dama da Casa da Acácia".



Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Antiga cozinha egípcia



A cozinha do antigo Egito, por mais de 3 000 anos manteve traços consistentes. O alimento dos egípcios pobres e ricos eram o pão e a cerveja, muitas vezes acompanhada de cebola, legumes, carne em menor quantidade, caça e peixe.




– Há poucos relatos precisos da quantidade de refeições diárias, mas tem sido assumido que:
  • os ricos teriam 2 ou 3 refeições por dia: 1. de manhã; 2. uma grande no almoço; 3. jantar mais tarde, à noite.
  • a população em geral seria mais provável comer: 1. um simples almoço de pão, cerveja, cebolas; 2. uma refeição principal no início da tarde.
Representações de banquetes podem ser encontrados na pintura tanto do Antigo Império como no Novo Império. Eles geralmente tem início em algum momento da tarde. Homens e mulheres foram separados a menos que eles eram casados. Assentos variavam de acordo com o status social, os mais ricos sentavam em cadeiras, outros sentavam em tamboretes e aqueles mais baixos na classificação sentavam no chão. Antes que a comida fosse servida, bacias de lavar as mãos eram fornecidas juntamente com os perfumes em cones de gordura perfumada para espalhar aromas agradáveis ou para repelir insetos, dependendo do tipo de flores. Lotus e colares de flores eram entregues e bailarinos profissionais (principalmente mulheres) entretiam os convidados, acompanhados por músicos tocando harpas, alaúdes, tambores, tamborines. Havia geralmente quantidades consideráveis de álcool e de quantidades abundantes de alimentos: boi assado inteiro, patos, gansos, pombos e peixes. Os pratos com frequência consistia em ensopados servidos com grandes quantidades de pão, legumes e frutas frescas. Para doces havia bolos com tâmaras adoçados com mel. A deusa Hathor era celebrada muitas vezes durante as festas.


Preparação de alimento
Alimentos eram preparados por cozimento, fervura, grelhados, fritos ou assados. Ervas eram adicionadas para o sabor, limitadas às mesas dos ricos. Alimentos a base de carnes eram preservados, principalmente por salga. O pão e a cerveja eram geralmente preparados nos mesmos locais, pois o fermento para o pão era também utilizado para fabricação de cerveja.


Carnes e alternativas
A cozinha pré-dinástica difere da época mais tardia e os hábitos alimentares também devido a mudanças no clima. O Egito deixou de ser uma região exuberante para um clima mais seco. Inicialmente, havia abundância de antílopes, gazelas, hipopótamos, crocodilos, avestruz, aves e peixes de água salgada e fresca. Em menor quantidade, o asno selvagem, ovinos, caprinos, bovinos selvagens, e mesmo as hienas eram comidos. No entanto, a disponibilidade da caça foi diminuindo consideravelmente e era então principalmente um esporte dos ricos. O Novo Império foi um período de inovações na dieta, devido ao comércio exterior e de guerra. Romãs foram introduzidas e amêndoas foram importadas. É também possível que as maçãs e damascos foram importados em pequena escala, e na época romana, pêras, ameixas, pêssegos, avelã, noz, pinhão, e pistácios foram introduzidos.

O mel foi o adoçante primário, mas era muito caro. Havia mel colhido no campo, e mel de abelhas domésticas mantidas em colméias de cerâmica. Uma alternativa mais barata seria tâmaras ou alfarrobas. Houve até um hieróglifo representando uma vagem de alfarroba, que tinha o significado primário de "doce, agradável". Óleos seriam feitos de alface ou de sementes de rabanete, cártamo, ben, balanos e gergelim. A gordura animal foi empregada para cozinhar e frascos utilizados para o armazenamento foram encontrados em muitos assentamentos.

Pão e cerveja
O pão egípcio foi feito quase exclusivamente a partir de trigo Emmer, que era mais difícil de se transformar em farinha, quando comparado com a maioria das outras variedades de trigo. O joio não sai por debulha, mas vem em espiguetas que precisava ser removida umedecendo e batendo com um pilão para evitar o esmagamento dos grãos para dentro. Em seguida, secas ao sol, peneirada e finalmente moído em uma sela quern, que funcionava movendo a mó pra frente e para trás, e não com um movimento de rotação. As técnicas de cozimento variou ao longo do tempo.

Exceto Emmer, cevada era cultivada para fazer pão, e também usado para fazer cerveja, e assim também as sementes de lótus e junça. Para aqueles que podiam pagar havia massa para sobremesa e bolos de farinha de trigo de alta qualidade. Junto com o pão, a cerveja era a preferida dos antigos egípcios. Ao contrário da maioria das cervejas modernas, a antiga era altamente nutritiva. Foi uma importante fonte de proteínas, minerais e vitaminas e era tão valiosa que frascos de cerveja foram muitas vezes usado como uma medida de valor e foi usado na medicina. Pouco se sabe sobre tipos específicos de cerveja. Arqueológos mostram evidências de que a cerveja foi feita pelo cozimento "pão de cerveja", um tipo de pão fermentado, levemente cozido que não mata as leveduras, que foi então desintegrado sobre uma peneira, lavadas com água em um tanque e depois posto para fermentar. A maioria das cervejas eram feitas de cevada e apenas alguns de trigo Emmer, mas até agora nenhuma evidência de condimento foi encontrado.

Frutas e legumes
Vegetais eram comidos como um complemento a cerveja e ao pão, e os mais comuns eram: cebolinha verde e alho e ambos também tiveram usos médicos. Houve também a alface, aipo (comidos crus ou usado para ensopados), certos tipos de pepino e, talvez, melões, nabos . Tubérculos, incluindo papiro eram comidos crus, cozidos, torrado ou moído em farinha e foram ricos em nutrientes. Junça esculentus (Cyperus) foi usado para fazer uma sobremesa feita a partir do solo seco e tubérculos misturado com mel. Lotus e similares, plantas aquáticas eram comidas cru ou transformadas em farinha, e ambas as raízes e o caule eram comestíveis. Um número de leguminosas, como ervilhas, feijões, lentilhas e grão de bico eram fontes vitais de proteínas. Oliveiras foram comidas crus ou em conserva, mas não houve provas de azeite antes do período greco-romano. As frutas mais comuns eram as tâmaras e havia também os figos, uvas (e passas), nozes de palma ( comidos crus ou em suco).

Carnes
Carne veio de animais domésticos, caça e aves. Isso possivelmente incluído perdiz, codornas, pombos, patos e gansos. O frango provavelmente chegou por volta do século 5 a 4 a C, embora nenhum dos ossos de frango foram realmente encontrados antes do período greco-romano. Os animais mais importantes foram bovinos, ovinos, caprinos e suínos (que se pensava ter sido um tabu para comer). Carne era mais cara e seria, no máximo, disponível uma ou duas vezes por semana, sobretudo para a realeza. Carne de carneiro e porco era mais comum. Aves domésticas, silvestres e domésticos e os peixes estavam disponíveis para todos. As fontes alternativas de proteína teria sido os legumes, ovos, queijo e os aminoácidos disponíveis no pão e cerveja. Ratos e ouriços também foram comidos e uma maneira comum de cozinhar o último foi para encerrar um ouriço em barro e assá-lo. Quando o barro rachar, então aberto e removido, ele levou os pontos espinhosos com ele.

Ervas e especiarias
Dill, feno-grego, salsa, tomilho, cominho branco e preto, erva-doce, manjerona e hortelã são todas nativas do Egito e foram utilizados na culinária, nos tempos antigos. Tanto a canela e pimenta foram importados.

Bebidas
A cerveja, fabricada pelo menos desde o período pré-dinástico, era a principal bebida da população egípcia, bebida por ricos e pobres, velhos e jovens. O teor de álcool era baixo, e que a cerveja tinha que ser consumida imediatamente, bebiam cerveja diariamente. Tornou-se mais difundido a partir do Reino Novo. Vinhos de uvas, tâmaras e figos estavam disponíveis, mas eram caros e reservados para a elite.







Origem: Wikipédia

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Os banquetes no Antigo Egito


No Antigo Egito, os banquetes eram uma diversão, que as mulheres de categoria não perdiam por nada. A organização para a festividade tinha que ser caprichada, de modo que os convidados guardassem uma excelente lembrança, e a casa tinha que estar perfumada e florida.

A refeição era preparada com fartura de: carnes, peixes, pães e bolos. Vinho e cerveja ficavam em ânforas, a mesa do banquete, servida com uma preciosa baixela composta de taças de ouro, prata e alabastro.



Os anfitriões recebem os convidados com palavras de boas vindas, saúde e invocando a proteção dos deuses; mulheres bonitas, bem vestidas e enfeitadas. As belas damas de finos e leves vestidos transparentes, maquiadas e com penteados de complicadas tranças. O casal anfitrião sentado em cadeiras de madeira e os convidados em cadeiras, bancos e coxins. Marido e mulher estão sempre juntos durante o banquete.

  • uma música é executada,
  • servas oferecem flores de lótus,
  • cones são colocados na cabeça dos convidados, para que quando derretam emanem odores perfumados,
  • o jantar era servido,
  • algumas bailarinas (todas jovens) dançam, eram profissionais e cobravam caro para animarem os banquetes.

O banquete simboliza a existência do além-túmulo. Não há melhor evocação da beleza eterna do que esse repasto festivo, no decurso do qual cada conviva descobre uma infinita gama de prazeres sutis, do saber de um vinho aos encantos da conversa. O banquete constitui um momento privilegiado, onde todas as formas de vida se entrecruzam.


Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Escravos no Egito faraônico?


Não é fácil apagar a imagem que no Egito antigo havia escravidão. A influência exercida por filmes como Os Dez Mandamentos foi muito forte, e muitas pessoas acreditam que as pirâmides foram construídas às custas de sofrimento de milhares de escravos. No antigo Egito nenhum ser humano era considerado objeto sem alma.

Devido a um erro de tradução. O termo hem geralmente traduzido por "escravo", nunca teve esse sentido. Pois, hem significa "servo", e aplica-se primeiro ao faraó – na sua qualidade de servo das divindades. Do ponto de vista egípcio:
  • servir – é um ato nobre, e não servil, por isso nas moradas eternas eram colocadas estatuetas de servos e servas, associado à ressurreição do amo e senhor.
As grandes damas comandavam uma casa com numerosas servas, algumas muito jovens. Havia núbias e asiáticas entre elas, sobretudo a partir do Novo Império. Quando era preciso mulheres de condição modesta também podiam recorrer a profissionais do serviço da casa ou da sua manutenção, que alugavam as suas habilidades por um determinado período. Todas as servas podiam possuir bens e terras e legá-los livremente aos seus filhos.

  • O trabalho alugado – era prática corrente no Egito.
  • A corvéia – forma de requisição de trabalhadores nas grandes obras ou nas vastas explorações agrícolas em certos períodos.
As pessoas que trabalhavam como criados eram pagas por sua competência, as tarifas eram livres. O único caso de trabalho obrigatório, não livre, era para os prisioneiros de guerra. Uma vez adquirida a liberdade, muitos ex prisioneiros integravam-se na sociedade egípcia.

Até o fim da civilização faraônica, existiu uma forma particular de "servidão" voluntária:
– a dedicação ao culto de uma divindade e a filiação a uma comunidade sagrada.

O Egito faraônico não foi uma civilização da escravatura e da servidão, mas sentiu um profundo respeito pelo ato de servir, como testemunho da primeira máxima do ensinamento do sábio Ptah-hotep:

Uma palavra perfeita é mais rara do que a pedra verde, e contudo encontramo-la junto das servas que trabalham na mó.


Origem: 'A Egípcias' de Christian Jacq

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mulheres no campo

A mulher podia possuir, dirigir e gerir um domínio agrícola; e com isso ser dispensada dos trabalhos pesados. Limpar o trigo e moer, eram trabalhos muitas vezes atribuídos à mulher, que manejava o crivo – uma espécie de pá oval.




Debruçadas para frente, as moedeiras levantam alto o seu instrumento para o trigo cair longe delas. Depois de formado um monte, aparecem as peneireiras que eliminam as impurezas. Varredoras estão encarregadas de limpar o terreno e de varrer a palha. É necessário moer várias vezes. Esses trabalhos não estava estritamente reservados às mulheres, podiam ser confiados a homens também.


As mulheres também participavam, mas de maneira modesta, nas vindimas – colhendo as uvas, e apreciavam também aos bons vinhos.
Guardiã do jardim – vigilância, jardinar que era considerado um trabalho duro, necessário uma irrigação cotidiana e repetitiva. Os jardineiros sentiam dores no pescoço de carregarem os baldes de água, pendurados nas extremidades dos paus.

Os trabalhos agrícolas prosseguem no outro mundo. Os uchebtis "os que respondem" – figurinhas mágicas ativadas por quem conhece as fómulas mágicas para os animar. Em certos casos, os ressuscitados continuam a manejar a charrua, a lavar e a ceifar, mas estão sorridentes e serenos, envergando imaculadas vestes brancas.

imagem de árvores e arbustos, encontrada no túmulo de Senedjem em Deir el–Medina

É assim que no pequeno mais magnífico túmulo de Senedjem, em Deir el-Medina, vemos o marido ceifar as espigas de trigo, ao mesmo tempo em que a mulher as apanha e as coloca num cesto. Ceifeira feliz, os campos da eternidade têm para ela o sabor do paraíso.





































Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

domingo, 5 de julho de 2009

Mulheres artesãs

A maior parte dos trabalhos e atividades artesanais eram exercidas pelos homens. Não conhecemos mulheres trabalhadoras de pedras, carpinteiras, furadoras de recipientes, serventes de pedreiras, etc...

Mulheres chefes de trabalhos
Em um túmulo de um sumo sacerdote do deus Ptah de Mênfis, na época do Antigo Império, considerado como o chefe dos artesãos do reino, a palavra Ptah significa "moldar, criar", aparece uma inscrição onde duas mulheres, suas irmãs, possuíam o título de "diretoras dos trabalhos (kherpet kat)", o que é surpreendente. A inscrição não especifica a atividade.

Mulher cabeleireira
Um baixo relevo da 11ª dinastia, revela a existência de uma cabeleireira, a dama Inenu "Aquela que traz a energia". Aparece ela preparando um coque e arrumando uma peruca, relacionado ao culto de Hathor, que exige, por parte de suas fiéis, uma cabeleira e uma peruca bem cuidadas.

A arte capilar e os cuidados corporais não eram reservados às mulheres; homens exerceram esse tipo de profissão na corte, nas cidades e nos campos. Seu ateliê andava com eles e situava-se à sombra de uma árvore. No túmulo de Psamético, 26ª dinastia, aparecem graciosas jovens que colhem lírios e arrumam em cestos, talvez perfumistas, encarregadas de preparar unguentos medicinais e produtos de beleza. Cada templo abrigava uma oficina de criação de perfumes, usado no culto diário.

Mulheres tecelãs
A arte da tecelagem era um dos principais ensinamentos ministrado nos haréns, para:
  1. Disciplina especulativa: iluminava o espírito das iniciadas dos mistérios da Criação.
  2. Disciplina operativa: ensinando a concretizar manualmente o que haviam percebido de forma abstrata.
Tecer e criar eram concebidos como o mesmo ato.

Na origem da criação a deusa Heith, utiliza a arte da tecelagem para organizar o universo. Assexuada, dá à luz o Sol. Ísis e Néftis eram artesãs, encarregadas de confeccionar as vestes das divindades:
  • Ísis tecia a veste chamada "sólida e coerente"
  • Néftis fiava "o puro"
As duas deusas teciam juntas as palavras mágicas, contra os venenos e as enfermidades. As iniciadas nos mistérios da tecelagem confeccionavam vestes brancas destinadas a envolver o cadáver de Osíris durante a celebração dos seus mistérios. Na oficina de tecelagem chamada nayt, duas sacerdotisas desempenhavam o papel de Ísis e Néftis, criavam os panos funerários.

A tecelã Chentayt, "a Venerável" – fabricava faixa na Casa da Vida e fiava os nós, nos quais serviam para fixar os degraus da escada que o rei erguia para subir aos céus.

Sentadas no chão, utilizavam um caule curvo com lançadeira e trabalhavam num tear de simples confecção, composto de dois paus que serviam de cilindros e de dois outros que fixavam o órgão. No Novo Império aparecem novas técnicas, como um pente para apertar. As fiandeiras não tem rocas, mas possuem uma habilidade extraordinária no manejo do fuso, reveladas pelas cenas figuradas nos túmulos de Beni Hassan.

A produção das oficinas era importante: faixas, mortalhas, vestidos, tangas, lençóis, ataduras, telas e etc. O comprimento das peças de tecido podia chegar a 22 m. O templo precisava de numerosas peças de vestuário ritual, umas para vestir as estátuas divinas e outras para os sacerdotes e as sacerdotisas. Um relevo do templo de Luxor mostra o rei e uma grande sacerdotisa caminhando atrás de uma procissão de sacerdotes que carregam cofres, no interior destes estão as vestes para as estátuas do culto. Utilizando um cetro o rei as consagra quatro vezes e a grande sacerdotisa recita um hino.

Mulher piloto naval
Os transportes terrestres eram poucos desenvolvidos, era muito mais fácil construir barcos para a vastidão do Nilo, e alguns deles tinham de suportar cargas muito pesadas. Havia uma vasta circulação de barcos, de diversos tamanhos o que exigia dos pilotos uma grande competência. Num túmulo em Saqqara, 5ª dinastia, está representada uma mulher manejando o leme de um barco de transporte. Um marinheiro lhe oferece um naco de pão, e ela responde, mal encarada: "Não me tapes a vista quando me preparo para acostar."




Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

terça-feira, 30 de junho de 2009

Educação de criança



As mães egípcias levam seus bebês a tiracolo, quando precisam das mãos livres, no colo ou sobre o quadril, atada com uma faixa de linho. Quando a criança já sabe andar, pode ir brincar com outras crianças, nuas como ela, salvo quando está frio; traz no pescoço um amuleto protetor, muitas vezes uma conta azul turquesa enfiada num cordão, para afastar o mal olhado. A menina andará nua até ficar menstruada, embora não se vista para nadar ou dançar.

Brincadeiras infantis
Aprende muito cedo a nadar no rio, nos canais e para os mais ricos também nos tanques. Tem muitos tipos de brinquedos:
  1. bonecas de trapos,
  2. brinquedos de madeira,
  3. jogos de sociedade,
sem contar com a permanente companhia dos animais domésticos: cães, gatos e macacos.

As cenas conservadas nos túmulos de Beni Hassan, no Médio Egito, revelam distrações de meninas e adolescentes novas. Longe da presença dos meninos, fazem malabarismos com uma bola. As mais ágeis adotam uma posição complicada, montadas em cima das companheiras abaixadas. A ginástica era praticada, num exercício de flexibilidade, e ainda praticam uma espécie de judô. Esses exemplos muito vivos indicam que, longe de ficarem recolhidas em casa, as jovens egípcias tinham a possibilidade de praticar jogos. No Antigo Egito a "liberação do corpo" era um fato consumado.

O respeito devido à mãe
Os egípcio antigos não prestavam culto à criança-rei. A mãe exige respeito e boa educação. Como qualquer criança, é como uma "vara torta" que convém endireitar e que distingue por dois grandes defeitos: 1. a surdez às recomendações 2. a ingratidão.

O papel da mãe consiste em abrir os ouvidos dos filhos, "os vivos", através dos quais passam os ensinamentos. Vários grandes personagens fizeram-se representar junto de sua mãe, orgulhosos. Muitos faraós homenagearam sua progenitora, considerada a encarnação da Grande Mãe.

"Duplica o pão que tua mãe te deu, e carrega com ela como carregou contigo. Foste para ela um encargo, fatigaste-a, mas ela não te descurou. Seus cuidados não cessaram quando nasceste ao cabo de nove meses de gravidez. Deu-te de mamar durante três anos. Não enojou com teus excrementos, procurando tratar sempre de ti o melhor possível. Levou-te à escola. Aprendias a ler, e ela estava sempre junto de ti, preparando-te pão e cerveja. Lembra-te de que tua mãe te trouxe ao mundo e te criou com todo o desvelo. Cuidado, não possa ela censurar-te e levantar as mãos a Deus para se queixar de ti." (Sabedoria de Ani, Máxima 38)


A educação da menina
Ouvir música, aprender a cantar, tocar um instrumento, fiar e tecer. A escrita e a leitura são acessíveis às crianças na escola do povoado. Para ir mais longe, têm de dirigir-se à cidade, ou são admitidas na escola do templo. Para aplicar a educação no dia a dia, a menina deverá:
  • amar a verdade e detestar a mentira,
  • evitar os excessos e as paixões destrutivas,
  • não se julgar o centro do mundo,
  • praticar a solidariedade,
  • saber ouvir,
  • saborear as virtudes do silêncio e falar sabendo o que diz,
  • respeitar a palavra dada,
  • não reagir ao mínimo impulso vindo do exterior,
  • reconhecer em todas as coisas a presença do sagrado e do mistério, e
  • tentar agir com retidão.
Quando o coração do ser está aberto e consegue dizer e fazer a Maât (a ordem eterna), essa prática é preferível a todos os saberes. Eis o caminho traçado para as crianças.

Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Donas de Casa

No Médio Império foi atribuído à mulher o título de "dona-de-casa" (nebet per), abrangendo a totalidade das suas funções desde a origem da civilização egípcia.

Ao casar a mulher não perde nenhuma parcela da sua autonomia legal e jurídica, mas adquire uma pesada responsabilidade:
  • dirigir efetivamente uma casa de maiores ou menores dimensões
"... Uma mulher que governa bem a sua casa é uma riqueza insubstituível" (Ani)

A palavra egípcia per "casa", significa também "o domínio". A dona-de-casa reina sobre uma casa que não se restringe ao seu núcleo familiar propriamente dito, podendo incluir criados, animais, terras aráveis e até atividades artesanais.

As dimensões da casa e o número de divisões dependem da fortuna dos donos. Em geral:
  • as casas menores de artesãos – tem 3 divisões
  • as maiores – 10 divisões
  • as casas de mestres de obras, dos latifundiários ou dos dignitários da corte – grandes mansões com jardins, lagos e mais de 70 divisões.
As dimensões da casa
As construções em todas as épocas, eram de tijolos não cozido, geralmente um único piso, sempre com um terraço virado para o norte. Pequenas aberturas no telhado, cuidadosamente calculadas, deixavam entrar a luz, mas impediam o calor; e permitiam a circulação do ar, que assegurava uma ventilação natural. Na sala de visitas, colocada sob a proteção do deus Bes, existia um pequeno altar destinado a celebrar a memória dos antepassados. Contíguas aos quartos, várias salas de águas.


Uma grande mansão – tinha celeiros, oficinas, padarias, adegas e estábulos. A cama era um importante elemento mobiliário, cuja cabeceira estava fixada numa moldura em madeira. Havia ainda arcas em madeira, armários, banquinhos, ânforas de vinho e de azeite e os utensílios necessários à cozinha, entre os quais são de notar os fornos fixos ou móveis, fogareiros e marmitas.


Em Deir el-Medina, as mulheres dos artesãos tomavam conta da casa, mas dispunham do precioso auxílio das servas, que o Estado punha à sua disposição. Essas empregadas ocupavam-se, sobretudo, da moagem do trigo.

A higiene
A casa era perfumada, desinfetada regularmente, para eliminar vermes e insetos e a fumigação era a principal técnica utilizada.

– higiene pessoal usava-se:
  1. substâncias saponáceas e esfregões para a pele
  2. a boca era purificada com natrão
  3. a roupa era lavada pelas lavadeiras que as esfregavam com natrão em cima de uma larga pedra e estendidas ao sol para secar
Havia salas de águas e a obrigação de se lavar as mãos e os pés antes de entrar. Eis a grande razão de nenhuma grande epidemia ter dizimado o Egito dos faraós.

Sustentar a casa
Donas de casa mais modestas iam aos mercados ou adquiriam os produtos oferecidos por vendedores ambulantes e caravaneiros.

– preparação dos alimentos:
o alimento base – o pão de cerveja, a técnica era passada de mãe para filha. Peneirar, moer, amassar, pilar, são tarefas tradicionalmente reservadas às mulheres; o cozimento é trabalho sobretudo para o homem.

Por ocasião das escavações, num túmulo feminino da 2ª dinastia, descobriu uma refeição mumificada, o cardápio consistia de:

uma papa à base de cevada
uma codorniz
dois rins assados
guisado de pombo
peixe cozido
costeletas de vaca
fatias de pão
bolinhos redondos
compotas de figo e bagas







Um baixo relevo da 18ª dinastia, descoberto em Saqqara, perto da pirâmide de Téti, situa uma dona-de-casa em uma outra perspectiva:
  • de peruca negra
  • cone perfumado na cabeça
  • vestido branco justo, preso sob os seios
  • um véu de linho transparente
Pratica um ato de adoração a Hathor. A dona-de-casa oferece a deusa outra morada, o templo celestial, onde as tarefas domésticas serão executadas por magia e onde ela será eternamente jovem, celebrada pelo marido como:

...sua irmã, sua amada, digna de confiança, de amável disposição e de voz justa

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As Divinas Adoradoras – sacerdotisas



Durante cerca de meio século, de 1000 a.C, até 525 a.C, uma dinastia de mulheres – as "Divinas Adoradoras" governaram a grande cidade de Tebas – sacerdotisas iniciadas nos mistérios de Amon. O faraó concedeu-lhes um poder espiritual e temporal sobre a principal cidade santa do Alto Egito.



Todas as rainhas  "esposa do deus" exerciam esta função, a primeira foi Iimeret-nebes,  "A amada do seu senhor" – aparece em uma estatueta datada do Médio Império com um vestido cingido e transparente, sandálias douradas, braços bem esticados ao longo do corpo, dedos finos e compridos, olhos pintados, busto alto, seios redondos, cintura muito fina, usa uma peruca removível e sorri. O senhor que a deseja é o deus que procura exprimir o seu poder de Criação, que ela deve apaziguar para torná-lo benéfico.

O celibato 
Uma silhueta graciosa, elegante, um grande toucado composto de um tecido imitando o despojo de um abutre, a serpente uraeus na fronte, um longo e cingido vestido, um largo colar e pulseiras, assim apareciam as Divinas Adoradoras que tinham a capacidade de "atar todos os amuletos" – praticar a magia do Estado, cujo segredos conheciam.

– As Esposas de Amon
  • não faziam voto de castidade, 
  • não possuíam marido humano, 
  • não tinham filhos, 
  • não viviam reclusas,  
  • passavam a maior parte do tempo no interior do templo de Amon

O ritual
A instalação de uma Divina Adoradora era uma verdadeira coroação. Assistiam numerosos sacerdotes e importantes cortesãos. Ela entrava no templo, guiada por um ritualista. O escritor do livro divino e novos sacerdotes puros revestiam-na dos ornamentos, das jóias e dos amuletos relativos à sua função. Proclamada soberana da totalidade do circuito celeste percorrido pelo disco solar, e enunciava-se os títulos daquela de que se dizia que "presidia à subsistência de todos os seres vivos".

Os nomes das Divinas Adoradoras, como os dos faraós, estavam inscritos em rolos. Formavam uma dinastia e tinham privilégios reais. Eram iniciadas nos mistérios da sua função pelo rito da "subida real" ao templo, conduzida pelo seu divino esposo Amon. Nas secretas salas de Karnak, ela recebia os ensinamentos relativos ao seu papel cósmico do faraó e por isso a Divina Adoradora tinha a capacidade de:
  • consagrar monumentos
  • dirigir ritos de fundação
  • cravar estacas delimitando recintos sagrados
  • proceder aos sacrifícios de animais
  • consagrar oferendas e
  • oferecer Maât, a Ordem eterna, a si própria
Pode ser representada como uma esfinge, privilégio faraônico, além disso era chamada para agir no ritual de regeneração da festa sed «revivificar o poder mágico do rei, esgotado ao fim de alguns anos de reinado, essa celebração era estritamente reservada ao faraó»

Templos
Não constroem grandes templos, mas pequenas capelas e só em Tebas. As grandes construções da época dita "etíope", a 25ª dinastia, apogeu das Divinas Adoradoras, devem-se apenas aos faraós. A realeza era mais espiritual que temporal, a influência se limitava à região tebana, mas participavam da eternidade estelar e solar dos faraós. Seus monumentos funerários revestem-se de grande interesse. Sua capelas:
  1. Medinet Habu – nas paredes se desenrola um ritual revelado por textos que ainda não foram sujeitos a um estudo aprofundado
  2. Karnak – dedicadas a "Osíris, senhor da vida", a "Osíris, no coração da flor", e a "Osíris, regente da eternidade": esta última capela é um edifício excepcional situado perto da grande porta do Oriente, o nome completo do monumento é "a grande porta da esposa do deus, a Divina Adoradora Amenirdis, venerada por todos os que atingiram o conhecimento da morada do seu pai, Osíris, regente da eternidade". 
Para além da porta do Oriente, do último templo das Divinas Adoradoras, nada mais existe. Nada mais, além do Sol de um outro mundo.

Sucessão
Era feita por adoção. Escolha de acordo com o faraó reinante, propunha uma princesa da sua família. A titular chamava-se "mãe" educava a "filha" para lhe suceder e revelar os segredos da alta função que devia assumir. As duas reinavam juntas até o afastamento voluntário da "mãe", ou até o seu desaparecimento.

Na época ptolomaica, muitos séculos após a morte da última Divina Adoradora, esse título designava a grande sacerdotisa de Tebas, última recordação da dinastia feminina que havia reinado na grande cidade.

Tal como a rainha, a Divina Adoradora foi assimilada a Tefnut, todos os ritos de que estava encarregada eram praticados "como para Tefnut, da primeira vez". Sentada no trono de Tefnut, a Divina Adoradora encarnava igualmente Maât, e consolidava o torno do oleiro que cria os seres.

___________A dinastia das Divinas Adoradoras____________

  1. Maât-ka-Rê – filha do faraó Psusennes I (1040-993 a.C), seu sarcófago em madeira foi encontrado em Deir- el Bahari. Seu rosto gravado numa folha de ouro é de uma beleza soberana, com uma peruca de compridas madeixas cingida por um diadema com uraeus, o corpo coberto de símbolos e divindades protetoras, com olhar vivo e profundo.
  2. Henut-Tauy – exerceu suas funções na primeira metade do século X a.C.
  3. Mehyt-Usekhet – a "poderosa deusa Mehyt" que oficiou na segunda metade do século X a.C.
  4. Karomama – primeira metade do século IX a.C , adquiriu certa celebridade graças a uma estatueta de bronze incrustada em ouro, cobre e prata: com um grande colar e delicadas jóias, trajando um vestido plissado; grandes asas envolvem a parte inferior do corpo, fazendo dela uma mulher pássaro. Tem uma capela funerária em sua homenagem no recinto de Ramesseum, o templo de milhões de anos de Ramsés II.
  5. Kedemerut – nada sabemos
  6. Chepenupet I – filha do faraó líbio Usorkon III, era viva ainda no ano de 700 a.C, foi representada na capela de Osíris em Karnak, mas sua capela em Medinet Habu foi destruída.
  7. Amenirdis "a antiga" – filha do rei etíope Kachta, teve um longo reinado. Sua belíssima capela em Medinet Habu está coberta por uma admirável abóbada em pedra.
  8. Chepenupet II – reinou durante 50 anos a partir de 700 a.C, atravessando o reinado de 3 faraós. Filha do conquistador Piankhy. Alguns retratos aparece como uma africana de maçãs do rosto salientes e com quadris e coxas pronunciadas. Aparece muitas vezes em capelas funerárias de Karnak e Menamud. Assistiu à partida dos etíopes e viveu o início da 26ª dinastia.
  9. Amenirdis "a jovem" – viveu à sombra da sua poderosa "mãe" Chepenupet II.
  10. Nitócris "a grande" – inaugura o período chamado "saíta" «os faraós originários da cidade de Saís, no Delta, tomaram como modelo o Antigo Império e regressaram aos valores da idade áurea» . Restaurou o palácio das Divinas Adoradoras, os altares, os pavimentos em pedra e a cozinha foram reconstruídos. Novecentos hectares de sete províncias do Alto Egito e quatro do Baixo Egito formaram seu domínio. Morreu em 585 a.C.
  11. Ankhmes-Neferibrê – filha do rei Psamético II. Mandou isntalar uma porta triunfal na parte norte de Karnak, duas pequenas capelas na aléia que conduzia ao templo de Ptah, uma capela de Osíris e reinou durante cerca de 70 anos.
  12. Nitócris II – filha do faraó Amasis, última Divina Adoradora. Em 525 a.C , os persas invadiram Egito e devastaram Tebas. Não sabemos o destino que os bárbaros persas reservaram a última Divina Adoradora.

Apelo das Divinas Adoradoras
Entre as riquezas arquitetônicas do grande templo de Medinet Habu, na margem ocidental de Tebas, contam-se as capelas das Divinas Adoradoras. Num dos lintéis, podemos ler este "apelo aos vivos":

Ó vivos, que estais na Terra e que passais por esta morada da energia criadora (ka) que Chepenupet II construiu para seu pai, o deus Anúbis, o qual preside ao pavilhão divino, e também para a Divina Adoradora Amenirdis, de voz justa! Assim como amais os vossos filhos e gostaríeis de os ver conservar as vossas funções, as vossas casas, lagos e canais, conforme vos foi desejado quando vós mesmos os construíeis e abríeis, assim como aspirais a doce e perfumada brisa da grande aléia e seguis o deus venerável, de grande poder, em cada uma das suas magníficas procissões, assim como celebrais as festaas do grande deus que está em Medinet Habu e as vossas esposas praticam os ritos em honra de Hathor, soberana do Ocidente, e que lhes permite gerar machos e fêmeas sem enfermidades e sem sofrimentos, eu vos peço: pronunciai a fórmula "Oferenda do Faraó"
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Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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