– Mulheres chefes de trabalhos
Em um túmulo de um sumo sacerdote do deus Ptah de Mênfis, na época do Antigo Império, considerado como o chefe dos artesãos do reino, a palavra Ptah significa "moldar, criar", aparece uma inscrição onde duas mulheres, suas irmãs, possuíam o título de "diretoras dos trabalhos (kherpet kat)", o que é surpreendente. A inscrição não especifica a atividade.
– Mulher cabeleireira
Um baixo relevo da 11ª dinastia, revela a existência de uma cabeleireira, a dama Inenu "Aquela que traz a energia". Aparece ela preparando um coque e arrumando uma peruca, relacionado ao culto de Hathor, que exige, por parte de suas fiéis, uma cabeleira e uma peruca bem cuidadas.
A arte capilar e os cuidados corporais não eram reservados às mulheres; homens exerceram esse tipo de profissão na corte, nas cidades e nos campos. Seu ateliê andava com eles e situava-se à sombra de uma árvore. No túmulo de Psamético, 26ª dinastia, aparecem graciosas jovens que colhem lírios e arrumam em cestos, talvez perfumistas, encarregadas de preparar unguentos medicinais e produtos de beleza. Cada templo abrigava uma oficina de criação de perfumes, usado no culto diário.
– Mulheres tecelãs
A arte da tecelagem era um dos principais ensinamentos ministrado nos haréns, para:
- Disciplina especulativa: iluminava o espírito das iniciadas dos mistérios da Criação.
- Disciplina operativa: ensinando a concretizar manualmente o que haviam percebido de forma abstrata.
Tecer e criar eram concebidos como o mesmo ato.
Na origem da criação a deusa Heith, utiliza a arte da tecelagem para organizar o universo. Assexuada, dá à luz o Sol. Ísis e Néftis eram artesãs, encarregadas de confeccionar as vestes das divindades:
- Ísis tecia a veste chamada "sólida e coerente"
- Néftis fiava "o puro"
As duas deusas teciam juntas as palavras mágicas, contra os venenos e as enfermidades. As iniciadas nos mistérios da tecelagem confeccionavam vestes brancas destinadas a envolver o cadáver de Osíris durante a celebração dos seus mistérios. Na oficina de tecelagem chamada nayt, duas sacerdotisas desempenhavam o papel de Ísis e Néftis, criavam os panos funerários.
A tecelã Chentayt, "a Venerável" – fabricava faixa na Casa da Vida e fiava os nós, nos quais serviam para fixar os degraus da escada que o rei erguia para subir aos céus.
Sentadas no chão, utilizavam um caule curvo com lançadeira e trabalhavam num tear de simples confecção, composto de dois paus que serviam de cilindros e de dois outros que fixavam o órgão. No Novo Império aparecem novas técnicas, como um pente para apertar. As fiandeiras não tem rocas, mas possuem uma habilidade extraordinária no manejo do fuso, reveladas pelas cenas figuradas nos túmulos de Beni Hassan.
A produção das oficinas era importante: faixas, mortalhas, vestidos, tangas, lençóis, ataduras, telas e etc. O comprimento das peças de tecido podia chegar a 22 m. O templo precisava de numerosas peças de vestuário ritual, umas para vestir as estátuas divinas e outras para os sacerdotes e as sacerdotisas. Um relevo do templo de Luxor mostra o rei e uma grande sacerdotisa caminhando atrás de uma procissão de sacerdotes que carregam cofres, no interior destes estão as vestes para as estátuas do culto. Utilizando um cetro o rei as consagra quatro vezes e a grande sacerdotisa recita um hino.
– Mulher piloto naval
Os transportes terrestres eram poucos desenvolvidos, era muito mais fácil construir barcos para a vastidão do Nilo, e alguns deles tinham de suportar cargas muito pesadas. Havia uma vasta circulação de barcos, de diversos tamanhos o que exigia dos pilotos uma grande competência. Num túmulo em Saqqara, 5ª dinastia, está representada uma mulher manejando o leme de um barco de transporte. Um marinheiro lhe oferece um naco de pão, e ela responde, mal encarada: "Não me tapes a vista quando me preparo para acostar."
Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq
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