quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Bandeira do Egito

O emblema nacional do Egito não parou de se modificar ao longo dos séculos, ao sabor das sucessivas ocupações, dos regimes ou das circunstâncias políticas. Acompanhar essa dança das cores é mais um meio de folhear a história. Diante da impossibilidade de recuar por milênios, comecemos pelo fim do período copta, quando o país se separa do império bizantino. Foram 12 mudanças desde o início da era islâmica.

Em 640, com a tomada árabe o Egito adotou a bandeira branca dos omíadas, depois a negra dos abássidas e dos tulunidas, antes de associar-se à bandeira verde de seus novos senhores, os fatímidas. Uma volta ao negro na época dos aiúbidas. A partir de 1250, com os mamelucos no poder, o amarelo se impôs. Cada príncipe tinha suas cores.

Conquistado pelos otomanos em 1517, o Egito adotou a bandeira desse império: uma lua branca em fase de quarto crescente com uma estrela branca dentro, sobre fundo vermelho. Três séculos mais tarde, durante o reinado de Mohammed Ali, um Egito ainda otomano, desejoso de sua independência, substituiu a estrela de seis pontas por uma de cinco. O quediva* Ismail levou mais longe a diferenciação, adotando três crescentes e três estrelas sobre fundo vermelho.

O Egito proclamado reino independente em 1922, escolheu uma bandeira verde, com um crescente branco e três estrelas. Depois da revolução de 1952, a essa bandeira acrescentaram uma segunda, chamada "da libertação", que nada tinha em comum com as precedentes:

era composta de três faixas horizontais – vermelha, branca e negra
  1. vermelho – a luta contra o ocupante britânico
  2. branco – a revolução de 1952, que não derramou sangue
  3. negro – o fim da opressão

A nova República árabe unida fez dela seu emblema, em 1958, quando o Egito se uniu à Síria. E sobre a faixa branca passaram a figurar duas estrelas verdes. Duas para começar, pois subentendia-se que outras seriam acrescentadas com a adesão de países irmãos ao movimento. Sem nenhuma lua, a bandeira tornou-se mais laica e menos poética. O Egito e a Síria separaram-se em 1961, e mais uma vez surgiu a questão do símbolo nacional. A república árabe desunida conservou o emblema escolhido em 1958 como se nada tivesse mudado.

Em 1972, com Anwar al-Sadat como presidente, a bandeira mudou, substituindo as duas estrelas por um falcão dourado bordado na bandeira, e as três faixas foram mantidas com o mesmo significado. Hosni Mubarak também imprimiu sua marca no símbolo nacional em 1984, o falcão foi trocado por uma águia de Saladino.



As bandeiras:



Bandeira do Egito de 1972 - 1984






Bandeira da República Árabe Unida de 1958 - 1961






Bandeira da Revolução Egípcia de 1952







Bandeira do Reino do Egito de 1922 - 1952





Bandeira no período de 1831? - 1914





Bandeira do tempo do domínio do Império Otomano, no século XIX




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* quediva: termo persa com o significado de senhor
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Veja também: Bandeira do Egito


Origem: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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