sábado, 17 de outubro de 2009

Os períodos Pré-dinástico e dinástico Inicial

A civilização egípcia faraônica foi herdeira dos elementos culturais que surgiram gradualmente na era Neolítica e depois experimentaram um período de desenvolvimento no 4º milênio aC . Entre 7000 e 5000 aC , os egípcios começaram a cultivar grãos e a criar animais. Por volta de 4000 aC , surgiu a cultura conhecida como Nagada seu nome deriva de um local ao norte do Egito em que os arqueólogos descobriram mais de 2000 túmulos, com ricas montagens funerárias. Um material similar foi descoberto em outros cemitérios, fornecendo evidências de crenças complexas na vida após a morte e de altos padrões de maestria artística. Esses túmulos consistiam em covas simples, nas quais o falecido era depositado junto com seus objetos cotidianos, como joias, pentes e grampos de cabelo feitos de marfim, paletas para cosméticos e numerosos vasos de cerâmica. Alguns desses vasos eram pintados em um tom de vermelho vivo contornados com um acabamento em preto, enquanto outros eram ricamente decorados.

A evolução do formato desses vasos permite a distinção de várias fases, com um repertório comum de motivos e cores repetidos nos diferentes sítios arqueológicos.
  • No período Nagada I (mais ou menos 4000-3500 aC) eram populares os desenhos geométricos, especialmente os quadrados e os ziguezagues desenhados em bege sobre um fundo cor de cerâmica.
  • No período Nagada II (mais ou menos 3500-3100 aC) seguiram os vasos com corpos arredondados e decoração figurativa, incluindo os humanos, animais e barcos pintados em um tom vermelho escuro sobre um fundo claro. Alguns vasos ganharam pés ou foram moldados no formato de animais. As figuras humanas estilizadas também aparecem nesse período, na forma de estatuetas de pedra, de marfim e de terra-cota. Sabe-se relativamente pouco sobre a vida cotidiana deste período. Cultivavam cevada e milho e criavam gado, ovelhas e cabras, sendo a alimentação fornecida também pela caça e pela pesca.
Os egípcios da época Nagada viviam em cabanas feitas de barro e junco, praticavam a arte da tecelagem, eram exímios no trabalho com o cobre e já dominavam técnicas de produção de cerâmica fina.

  • No final do período, às vezes chamado de Nagada III, a população do Egito se havia concentrado em grandes aglomerações. O entalhe em baixo relevo surgiu para a decoração dos cabos de punhais de marfim e de amplas paletas de ardósia. Geralmente os temas envolviam a guerra e os conflitos ou a comemoração de eventos específicos, como caçadas ou batalhas com as tribos inimigas. Tais temas são um presságio do período histórico.
Encontraram estandartes que retratam talismãs com divindades – símbolos semelhantes aos futuros hieróglifos – ou um touro pisoteando um inimigo caído. Dentre esse trabalhos, a obra prima é a famosa «paleta de Narmer» que comemora as vitórias do governante tradicionalmente identificado com Menés.




Período dinástico inicial
O período Pré-dinástico foi seguido por uma explosão cultural que marcou a chamada Era Fraônica. A cultura dos povos sedentários de pastores de rebanhos e de fazendeiros do norte, que estabeleceram relações comerciais com o Oriente Médio ao longo de rotas que atravessavam Maadi ou Butão, foi assimilada pelo povo de Nagada. No sul, essa mudança marcou o surgimento de uma classe, dominante que tinha uma nova ideologia, a organização de cidades. Independente desse processo de assimilação ter sido pacífico ou violento, foi a partir daí que perto do ano 3000 aC foi erguido primeiro Estado da humanidade.

A sociedade era agora baseada na monarquia, mesmo que as características essenciais já tivessem sido estabelecidas. À sua frente estava o faraó, que agia como um rei divino e garantia a harmonia do universo, com poder absoluto. A tumba do rei era distinta da cova dos súditos, por suas imponentes dimensões e pelas numerosas oferendas depositadas junto ao falecido.

As terras governadas pelos faraós eram organizadas por uma rígida administração hierárquica, que usava um novo instrumento: a escrita. Os grupos de oficiais e de artesãos concentram-se nas cidades mais importantes, como Hieracômpolis e Mênfis. Os fundamentos da religião faraônica já haviam sido previamente estabelecidos. As representações figurativas eram extremamente raras, mas as principais divindades adoradas nas eras posteriores, já aparecem em algumas inscrições. Apesar de nenhum dos templos arcaicos ter sobrevivido intacto, algumas raras representações e inscrições figurativas, sobretudo as que registravam os rituais de fundação, sugerem que o núcleo da religião egípcia já estava bem consolidado. Os cemitérios de Abidos e Saqqara oferecem muitas informações sobre as práticas funerárias. Essas tumbas fornecem as obras de arte que comprovam a habilidade dos ourives, dos joalheiros e dos escultores, capazes de trabalhar até a mais dura das pedras.

A transição da 2ª dinastia para a 3ª, foi aparentemente pacífica, graças a uma rainha – Nimaathep. Dos 5 faraós cujos nomes conhecemos:
  1. Semerchet,
  2. Djoser,
  3. Sekhemkhet,
  4. Ca'ba,
  5. Hunt;
apenas 2 deixaram monumentos dignos de nota. Todos os 5 escolheram Mênfis como a capital de seu império, estabelecendo as bases da civilização clássica do Antigo Império. Esses reis da 3ª dinastia conseguiram organizar com sucesso o desenvolvimento do Estado, recenseando dos ricos e cobrando impostos a cada dois anos. Um novo e muito poderoso cargo, o de vizir, foi criado no centro da administração.

A primeira pirâmide foi construída na planície de Saqqara, perto de Mênfis, construída pelo notável arquiteto – Imhotep. Os primeiros arquitetos dinásticos já haviam aperfeiçoado as técnicas de construção, usando madeira, junco e palha na forma de tijolos não queimados. Mas a substituição do barro por blocos de pedra, que eram ao mesmo tempo mais atraentes e mais duráveis, viabilizou novas formas de arquitetura. Nenhuma estátua de Sekhemkhet, sucessor de Djoser, sobreviveu.


Origem: 'Tesouros do Egito do Museu Egípcio do Cairo'

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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