sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Construções de Hatchepsut

Obeliscos
Hatchepsut percebeu da vontade de seu pai celeste Amon, e realizou todas, mandando erigir obeliscos em sua honra. Agia como seu pai terrestre, Tutmósis I, havia agido.

Realizar tal projeto não era fácil, precisava talhar um gigantesco monolito de mais de 300 toneladas nas pedreiras de granito de Assuã e depois transportá-lo até Karnak e erguê-lo. Foram precisos 7 meses de trabalho para erigir 2 obeliscos.

Senenmut supervisionou as obras e as operações de transporte, que exigiram a construção de 2 enormes barcos de 90 m de comprimento. Cada lancha era puxada por 3 grupos de 10 barcos, na frente de cortejo, um especialista sondava o Nilo com uma vara para evitar os bancos de areia. Da confortável cabine do navio almirante, Senenmut observava a manobra. A viagem foi um grande êxito.

Como os relevos pintados do templo de Deir el-Bahari indicam, "houve uma festa no céu" quando os obeliscos chegaram a Tebas, e "o Egito alegrou-se ao ver o monumento". Quando os barcos acostaram, houve ritos de oferenda, acompanhados pelo júbilo popular: um músico fez soar a sua trombeta, seguido por uma esquadra de arqueiros formada por jovens recrutas do Sul e do Norte. Para não ficarem atrás, os marujos tocaram tamborins. E um alegre cortejo, um pouco indisciplinado, dirigiu-se para o templo de Amon.

No interior do santuário era proibido qualquer ruído ou confusão; os marinheiros e os soldados cederam lugar ao mestre-de-obras, ao ritualista e aos técnicos encarregados de instalar os obeliscos. Hatchepsut acolheu os dois ponteiros de pedra e constatou a perfeição das suas formas.

A presença dos obeliscos dissipava as forças negativas e protegia o templo, mantendo-o afastado das ondas negativas e traindo sobre ele a Luz criadora. Eram igualmente evocações da pedra primordial, que na alvorada dos tempos servira de base à Criação.

Doze alqueires de âmbar amarelo havia sido tirado do Tesouro, para cobrir a ponta dos obeliscos. Tais quais os raios de sol petrificados, os grandes ponteiros de pedra vararam os céus e iluminaram as Duas Terras, verdadeiras montanhas de ouro que as gerações vindouras contemplariam.


Capela Vermelha
Formada por blocos de quartzito vermelho, hoje expostos no "museu ao ar livre" do templo de Karnak, era decorada com cenas comemorativas de certos acontecimentos do reinado, entre os quais a festa da deusa Opet, a deusa da fecundidade espiritual. Nesse momento, o ka do faraó regenerava e fazia circular a energia divina pelo corpo do Egito. A "capela vermelha" chamava na realidade, a "praça do coração de Amon", que se comunicava com o coração de Hatchepsut.


Os túmulos
O túmulo da rainha fora escavado na falésia que domina o Vale do Oeste, entre o Vale dos Reis e o Vale das Rainhas. É nesse Vale do Oeste que serão inumados os faraós Amenhotep III e Ay, o sucessor de Tutancâmon. Situado a 67 m acima do solo e a 40 m do cume da falésia, esse primeiro túmulo oferecia um aspecto espetacular.

O segundo, o do faraó Hatchepsut, próximo do túmulo de seu pai, Tutmósis I, atinge uma profundidade de 97 m e segue um percurso semicircular ao longo de cerca de 124 m. Esse extraordinário caminho do Além, o mais longo do Vale, conduz ao um jazigo que abrigou dois sarcófagos. O primeiro, Hatchepsut tinha previsto para si própria, acolheu a múmia de seu pai, o qual deixou a sua última morada para repousar no da filha. O segundo sarcófago, o da rainha faraó era em arenito vermelho, a sua tampa é em forma de rolo, contendo o nome real. No interior, Nut, a deusa do céu, uni-se à rainha para fazê-la renascer entre as estrelas. A técnica de execução é admirável: ambos os lados são perfeitamente lisos, iguais e paralelos. Um dos textos gravados no arenito especifica que o rosto de Hatchepsut recebeu a luz e que seus olhos foram abertos para a eternidade.

Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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