A convenção adotada pelos pintores exige que a mulher tenha a pele de um amarelo pálido e que a do homem seja de um vermelho acastanhado; um simbolismo relacionado com a luz doce e "hathórica", para a mulher, e uma energia vermelha "sethiana", para o homem.
A moda egípcia tem como principal elemento o linho branco e fino, mais ou menos transparente, que molda o corpo feminino com um toque de mistério. O vestido cingido de linho, descendo até os calcanhares e dotado de alças que passam por cima dos seios ou deixando-os à mostra, é o traje das belas damas do Egito Antigo, e atravessou séculos, e deu às egípcias uma inimitável nobreza, altivez que não exclui encanto nem doçura. É igualmente o vestido das deusas. Para trabalhar a mulher usa os seios nús, uma tanga, por vezes enrolada atrás, ou um vestido muito simples.
Apesar do seu gosto pelos trajes mais excêntricos, o Novo Império conservará o vestido clássico das origens. Mas as beldades de Tebas, Mênfis ou Pi-Ramsés adotaram o plissado e mangas curtas. Por baixo dos vestidos uma camisa muito fina. Essa peças são por vezes transparentes a fim de sublinharem a delicadeza do corpo. Túnicas e vestidos são tão estreitos que valorizam o contorno dos seios e das ancas, a delicadeza da cintura e a graça das pernas. A roupa interior eram tangas triangulares e mais nada. Para o frio usavam xales e casacos, pois o inverno era relativamente rigoroso, principalmente no Baixo Egito. Gostavam de andar descalças, mas existiam vários tipos de sandálias, desde a simples sola em papiro até o sapato em couro tingido e decorado.
Pulseiras nos pulsos e nos tornozelos, colares, diademas e aros ornados de motivos florais; anéis, brincos e pingentes. Ouro, prata, turquesa, ametista, cornalina e outras pedras semipreciosas serviam para fabricar essas pequenas maravilhas, que aumentavam a sedução feminina. As grandes damas possuíam verdadeiros tesouros.
A inalterável beleza das egípcias, era sempre ligada a Hathor, soberana do outro mundo; quando uma bela jovem, numa postura de suprema elegância, aspira uma flor de lótus, sente o perfume da ressurreição. Ela própria, transformada em lótus, renasce a cada instante, tornando-se a primeira manhã do mundo e o primeiro raio de luz.
O espelho
A princesa Sat-Hathor-Iunet, vivia em Illahun, na entrada da província de Fayum. Possuia um magnífico espelho para apreciar a sua beleza. O objeto era considerado muito precioso; o cabo era uma haste de papiro encimada pela cabeça da deusa Hathor, com orelhas de vaca, e essa coluna vegetal suportava a abóbada celeste. O espelho propriamente dito, tinha a forma de um disco polido e prateado. Prata, ouro, quartzo, cristal de rocha e lápis-lazúli eram utilizados na fabricação dos espelhos, manejados pelos iniciados durante a celebração dos ritos secretos dos templos. O nome do espelho é ankh, sinônimo da palavra que significa "vida". Para uma egípcia, ver-se no espelho não é apenas um ato estético, mas corresponde ao desejo de se identificar com Hathor, de participar da vida do céu e do Sol, evocado pelo disco de metal polido. (esse espelho encontra-se no Museu do Cairo)
Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq
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