terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Castigos e recompensas

Toda mulher podia trabalhar fora de casa, e nem o pai, nem o marido, nem outro homem qualquer tinham a possibilidade de trancá-la em casa. O historiador grego Heródoto ficou espantado ao constatar que as egípcias andavam à vontade, frequentavam os mercados e exerciam atividades comerciais. Quando recebiam um salário este não era inferior ao de um homem, pelo mesmo trabalho.

Tecelãs e fiandeiras exerciam uma profissão tão importante aos olhos das autoridades que suas obras-primas eram recompensadas de maneira notável.


Exemplos:
– Um baixo relevo da época baixa (se encontra no Museu do Cairo) põe em cena 5 mulheres pertencentes a uma comunidade artesanal. Estão na presença de um grande personagem, "o escriba dos livros divinos" assistido por um escriba sentado e um intendente. Este último chama uma das mulheres e lhe entrega um colar e outras joias, como recompensa pelo trabalho bem feito. Um texto afirma, reiteiradamente, com exatidão que essas tecelãs são honradas pelo "dom de ouro". Essas riquezas provinham de uma câmara do tesouro que o escriba dos livros divinos aceitara abrir; o que saía era cuidadosamente registrado por um "escriba do ouro".

– O drama de uma camponesa, Téti era uma alegre camponesa que vivia no Médio Império. Sob as ordens de um escriba dos campos, recusou trabalhar e fugiu; uma falta tão grave que desencadeou um inquérito policial. Membros de sua família, acusados de cumplicidade, foram detidos e encarcerados na "grande prisão", termo utilizado para designar um centro administrativo onde se estabelecia um cadastro judiciário e se repartiam os trabalhos de utilidade pública, em função das penas infligidas aos condenados: manutenção dos diques, saneamento dos canais, tarefas agrícolas. Téti foi informada das consequências de sua fuga. Não suportando saber que inocentes fossem condenados em seu lugar, apresentou-se na "grande prisão". Para obter o perdão definitivo, foi obrigada a fazer horas extras nos campos.


Mulheres e homens eram iguais perante a lei e, por conseguinte, perante ao castigo. Dois pormenores:
  1. uma mãe condenada a trabalhos de utilidade pública não era separada do filho
  2. a mulher não era responsável pelas faltas do marido, não podendo sofrer em seu lugar as penas que eram impostas a ele.




Fonte: 'As Egípcias' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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