sábado, 28 de novembro de 2009

As que servem ao ka

O ka é a energia criadora que anima todas as formas de vida. Deposita-se no ser humano, cuja sobrevivência depende das relações que mantém com o seu ka, de modo que é essencial, depois da morte de um indivíduo, ritualistas pratiquem as expressões necessárias à manutenção desse poder invisível e imaterial.

Existem "servidores do ka" e desde épocas altas, mulheres que exercem essas funções, são chamadas "aquelas que servem ao ka".
  • oficiam nas capelas dos túmulos,
  • queimam incenso e perfumes,
  • apresentam oferendas líquidas e sólidas, que tornam eficazes fazendo-as "sair para a voz", enunciando-as.
Assim a matéria é transformada em espírito.

Ser "servidora do ka" era uma profissão, em troca dos serviços prestados, a ritualista recebia um salário em alimentos. Tinha a capacidade de consagrar o monumento funerário do marido, de um parente ou de um amigo.

Homens e mulheres são idênticos perante o Além. Podem atingir o mais elevado estado espiritual, o akh – termo que significa "ser útil, ser luminoso". A mulher iniciada é um "ser venerado (imakh)", "a venerada junto do grande deus".


A dama Neferet-labet, "A bela oriental" era uma personalidade excepcional. Na sua estela (hoje no Louvre) encontrada em Guisé e datada do reino de Quéops, está sentada num banquinho com pés de touro, com uma longa peruca frisada, vestida com uma pele de pantera, a mão esquerda sobre o peito, estende a direita para uma mesa de oferendas. Com este gesto, ela consagra 1000 pães, 1000 cântaros de cerveja, 1000 cabeças de gado, 1000 peças de caça, 1000 vasos de alabastro, 1000 peças de tecido, o incenso, o azeite, o pó verde, o pó negro, os frutos, o vinho e todas as outras coisas boas e puras que figurarão nas festas e nos banquetes do Além.


Origem: "As Egípcias' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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