segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Quéfren

Quéfren não sucedeu diretamente a Quéops, entre eles existe o reinado de Djedefre (2528 a 2520). Segundo Mâneton, Quéfren reinou (2520 a 2494 a.C.), por 66 anos, mas a crítica histórica atual lhe atribui 26 anos de reinado. Resta apenas deste faraó uma estátua de dorita vinda do templo do vale da sua pirâmide de Gizé, onde o rei encontra-se sentado no seu trono. O rosto demonstra uma total serenidade, sobre a nuca pousou o falcão Hórus, que protege o rei com as suas asas abertas.
Nenhum acontecimento histórico importante parece marcar o seu reinado. Segundo Heródoto, ele teria sido como Quéops, um tirano:

"Durante todo esse tempo, os santuários fechados não teriam sido abertos. A aversão que os egípcios têm por estes reis levaram-nos a não querer citá-los, chegam mesmo a dar às pirâmides o nome do pastor Filitis, que naquele tempo pastoreava o seu gado nessa região". (Histórias, II, 127-128)
O conjunto dessa informação é falso e testemunha um estranho desejo de manchar a memória dos construtores das pirâmides.



A pirâmide de Quéfren
É quase tão alta quanto a de Quéops, mas mede 15 m a menos na base e tem uma inclinação mais íngreme. No vértice, o revestimento de calcário encontra-se quase que intacto. Um mestre de obras de Ramsés II, trabalhou no local:
  • Para uns – restaurou a pirâmide.
  • Para outros – utilizou os blocos de granito para construir os envasamentos de um templo de Ptah, em Mênfis, fazendo da pirâmide de Quéfren uma pedreira.

A disposição interna do templo funerário (ou templo baixo) é composta por:
  1. dois corredores, correspondente a duas entradas, juntam-se para conduzir a uma câmara funerária que abriga o sarcófago desprovido de ornamentos e inscrições
  2. pilares de granito que exprimem maravilhosamente a austeridade grandiosa do Antigo Império
  3. certos blocos atingem enormes dimensões, pesando alguns deles mais de 150 toneladas
  4. este templo, considerado como o da esfinge durante muito tempo, é o único santuário deste tipo e desta época que chegou até nós em bom estado de conservação
  5. o nome de Quéfren encontra-se gravado no alto das duas portas da entrada do templo
  6. ao entrar tem a nítida impressão de avançar para um labirinto, composto por pedras gigantes
  7. 23 estátuas de alabastro de Quéfren haviam sido instaladas


A esfinge
O templo alto de Quéfren, naturalmente destruído, devia ser enorme, ao julgar por vestígios tais como um bloco de 425 toneladas. Estima-se que sua fachada atingia 130 m. Talvez Quéfren tenha acrescentado a esfinge a estas obras monumentais. Os textos antigos nada nos dizem sobre ela. Nenhuma inscrição do Antigo Império fala na esfinge – que está situada a sudeste da grande pirâmide, voltada para leste, um leão com cabeça humana e uma peruca ritual, 20 m de altura e 57 m de comprimento. Alguns analista consideram o rosto de Quéfren na esfinge, que foi considerada um protetor da necrópole de Gizé, guardando orgulhosamente o repouso dos mortos e afastando os espíritos maléficos. A esfinge um leão, é o símbolo do rei. Leões presidiam ao nascer e ao por do sol para que o ciclo solar se realizasse harmoniosamente. Afirmava-se que o felino tinha um olhar tão penetrante de noite como de dia e nunca fechava os olhos. Por isso as esfinges eram colocadas diante de templos e sepulturas. O Novo Império identifica a esfinge com o deus Harmakhis, que significa "Hórus no horizonte".

A esfinge foi constantemente ameaçada pelas areias. O rei Tutmósis IV libertou-a e talvez Ramsés II tenha pedreiros de elite encarregados de efetuarem reparações. Foi alvo de fervor popular até o final do paganismo (séc. IV d.C). No século II os romanos restauraram a calçada do pátio, e a eles se deve também o revestimento das patas do animal. A mutilação do rosto deve-se a um emir árabe que bombardeou a esfinge a tiros de canhão.

Monumento único, a esfinge é enigmática. Teremos que esperar que descobertas de ordem textual ou arqueológica venham um dia elucidar a idade e o significado do protetor do planalto de Gizé.

Fonte: 'O Egito dos Grandes Faraós' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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