quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Batalha de Kadesh

A Batalha de Kadesh (também Kadeš, Kadech ou Qadesh), que significa sagrado, travou-se entre o Egito com Ramsés II e o Império Hitita liderado por Muwatali, às margens do rio Orontes, junto à cidade-fortaleza de Kadesh (localizada na moderna Síria). A batalha mais famosa e bem documentada do mundo antigo.

Após serem derrotados em uma batalha no vale do Orontes, os hititas haviam recuado em seu propósito de desalojar os egípcios da Fenícia e da Palestina. O faraó Set I não estava interessado em prolongar o conflito, e o resultado foi um acordo de paz entre os dois impérios, que vigorou por cerca de 15 anos. Quem viria a romper esse tratado seria o seu sucessor, Ramsés II.

Jovem, impetuoso, destemido e arrogante, o novo faraó buscava a glória nos campos de batalha e foi tentar conquistá-la no confronto com os hititas, lançando-se numa aventura militar que quase lhe custa a própria vida.

Já no quarto ano de seu reinado (cerca de 1297 aC), visitou a Fenícia, entregando-se ao trabalho de fixar marcos fronteiriços nos limites de seu império asiático. Só que, ao fazê-lo, avançou deliberadamente sobre terras que Tutmés III conquistara no passado, mas que depois foram perdidas para os hititas, sobretudo nos tempos desastrosos de Akhenaton. A guerra entre os dois impérios iria recomeçar, no ano seguinte, com o avanço de um numeroso exército egípcio, liderado pelo próprio faraó, sobre o vale do Orontes.


As forças
Para deter a investida dos africanos, o rei hitita, Muwatali, mobilizou seu exército e convocou seus aliados. Aos khatti dos altiplanos da Anatólia e seus dependentes da Cilícia, juntaram-se os hititas de Carchemish, os homens de Alepo, de Nukhashshi, de Naharin, os fenícios de Arvad, o povo de Ugarit e Kedi (alguns deles ex-tributários do Egito), além daqueles que vieram dos confins do império: os pedasa, os ariuna, os lícios, os mísios e os dardânios. Toda essa hoste foi reunida próximo à fortaleza de Kadesh, com o propósito de bloquear o progresso dos egípcios sobre o Orontes. Um exército de 37.000 homens.

Ramsés contava com os mercenários shardina e com as tropas negras do Sudão (que tanto terror inspiravam aos asiáticos), além do próprio exército egípcio, disposto em quatro divisões, cada uma sob a bandeira de um deus: Amon, Ra, Ptah e Set. Em termos quantitativos, as forças egípcias eram inferiores às do inimigo, porém possuiam maior mobilidade e disciplina tática. Um exército de 20.000 homens.


A batalha
Vindo da Fenícia, Ramsés II penetrou no vale do Orontes, marchando rio abaixo. Iludido pelo relato de prisioneiros hititas (que se deixaram capturar), ele acreditou que Muwatali ainda se encontrava em Alepo, seguindo rumo a Kadesh. Foi então que planejou capturar a fortaleza, antecipando-se à chegada das forças hititas. Imprudente, avançou acompanhado apenas por sua guarda pessoal e seguido de perto pela divisão Ra, enquanto o grosso do exército, mais lento, ficava para trás.

Próximo a Kadesh, Ramsés II deu-se conta de que caíra em uma armadilha. Forças hititas, que se haviam dissimulado ao norte da fortaleza, cortaram ao meio e dizimaram a divisão Ra, e ainda tomaram o acampamento do faraó. Cercado, o rei teve que lutar pela própria vida, abrindo caminho à força, com seus carros, através da massa de carros inimigos, para juntar-se à divisão Ptah, que corria em seu socorro.

Apesar dos óbvios exageros do Poema de Pentaur, a verdade é que Ramsés II e os que estavam ao seu lado realizaram prodígios de valor, lutando admiravelmente. Pode-se dizer que foi a coragem e o destemor deles, ao se lançarem contra o inimigo muito mais numeroso, que acabou revertendo o resultado dessa batalha que poderia ter se tornado um dos maiores desastres militares da história do Egito.

Com a chegada das outras divisões, as forças egípcias desbarataram os carros hititas, empurrando-os para o rio, em cujas águas muitos pereceram. Diante do fracasso de seu plano, Muwatali retirou-se com o resto de seu exército para o norte, enquanto os egípcios, demasiado exaustos e com pesadas baixas, não se dispuzeram a perseguí-los. Ramsés preferiu retornar ao Egito, onde ele e seus generais trataram de divulgar o resultado da batalha como uma retumbante vitória. Muwatali, que pouco tempo depois viria a falecer, fez o mesmo (em sentido inverso) entre os seus.


O resultado final
Em termos estratégicos, a Batalha de Kadesh terminou sendo um "empate técnico". Os hititas foram derrotados em combate mas impediram o avanço egípcio no vale do Orontes. Os dois impérios reconheceram (como nos tempos de Set I) possuir forças equivalentes, e que, portanto, nenhum dos dois podia aspirar destruir o outro. No 34º ano do reinado de Ramsés II e já no reinado de hitita de Hattusil III, um acordo entre egípcios e hititas deu origem ao primeiro tratado de paz conhecido da história.

Durante todo o seu longo reinado, Ramsés II jamais voltaria a acalentar o propósito de expandir seus domínios asiáticos, às custas dos khatti. A amarga experiência em Kadesh obrigou-o moderar sua impetuosidade guerreira.



A importância do acordo de paz firmado em Kadesh é historicamente tão grande que o saguão do edifício-sede das Nações Unidas em Nova York exibe uma cópia do tratado.




Fonte: caiozip.com e Wikipédia

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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