sábado, 11 de abril de 2009

Narmer o faraó unificador



Na história do Egito, chamado o Duplo País, houve épocas em que o Alto e o Baixo Egito estiveram separados. O primeiro faraó a uni-los foi Narmer, e com ele surgiu a primeira iconografia do faraó como senhor de todo o Egito. (ao lado a paleta de Narmer)

Antes do aparecimento do Estado faraônico, o Egito estava dividido em inúmeras províncias, ou monos, que acabaram por se reunir, formando dois reinos: 






  1. Alto Egito – ao sul, tinha como capital a cidade de Nekhen, e era representado por uma alta coroa branca (o deserto), chefiado pelo deus Hórus;
  2. Baixo Egito – ao norte, tinha a capital em Buto e adorava a deusa-cobra Uadjit, coroa vermelha (terra fértil), característica de uma deusa do Delta, Neit.
Ao unir os dois reinos, o faraó assumiu na sua pessoa todos os símbolos e passou a usar a coroa unificada.
  • Para comemorar a vitória do reino do Sul sobre o reino do Norte, Narmer mandou fazer uma paleta. Nela representaram-se todos os motivos alusivos a esse fato. Entre eles, um falcão, agarrando uma cabeça inimiga. Ela aparece como mais um dos talos do hieróglifo da terra, que tem seis talos de papiro. O falcão, símbolo do Alto Egito, derrota o Baixo Egito, a terra dos seis papiros. O inimigo é representado pela cabeça, símbolo de todas as pessoas.
A tradição atribuía a Menés, identificado como Narmer, o feito de ter unido as duas terras do Egito. No entanto recentemente Menés passou a ser associado ao seu sucessor, Aha, rei da I dinastia. Narmer e outro rei, Escorpião, do qual sabemos quase tão pouco quanto de  Narmer, pertencia a dinastia 0, e reinou entre 3200 a.C. e 3065 a.C. Além de na sua paleta, o nome de Narmer aparece em outras tabuinhas e cerâmicas. Foi o primeiro nome a aparecer dentro de um serej, um dos símbolos mais antigos do rei. Tal como a paleta parece mostrar, para alcançar a unificação foi necessário mais que uma batalha triunfal. O processo foi lento e compreendeu, primeiro, uma unificação cultural e, mais tarde, a unificação política. Para alcançar a união entre as duas terras, ocorreram inúmeras batalhas, as quais ficaram assinaladas em muitas paletas pré dinásticas que chegaram até nós. Os inimigos contra os quais se lutava nem sempre eram do Delta; por vezes eram beduínos ou núbios, que se distinguem pelo pelo cabelo e pela barba. Após a vitória, a capital do Egito fixou-se em Mênfis, uma cidade nova fundada pelo sucessor de Narmer em um nomo situado na fronteira entre os dois Egitos. O país adotou os símbolos das duas terras, uniu as duas coroas e tornou as duas divindades:
  • a serpente, e
  • o abutre,
protetoras do faraó. Narmer foi enterrado no Alto Egito, no cemitério real de Abidos. O seu túmulo, com câmara dupla, uma para o defunto e outra como armazém, é um dos mais antigos do cemitério real.

As Coroas: um dos símbolos do poder do faraó eram as coroas, as quais podiam ter muitas formas. Todas as referências a respeito delas só chegaram até nós por meio das representações existentes, pois nenhuma se conservou. A coroa branca (hedjet) do Alto Egito –  possivelmente feita de juncos entrelaçados, pele ou tecido, era uma tiara que ia se estreitando atee a ponta e era ostentada pelo deus Osíris. A coroa vermelha (decheret) do Baixo Egito – era usada pela deusa Neit e se constituía de um apêndice vertical, na parte posterior, de cuja base saía uma tira, talvez uma vareta de metal, que terminava em espiral. O pschent, ou coroa unificada – sobrepõe as duas. Veja mais: As Coroas do Egito

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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