As mães egípcias levam seus bebês a tiracolo, quando precisam das mãos livres, no colo ou sobre o quadril, atada com uma faixa de linho. Quando a criança já sabe andar, pode ir brincar com outras crianças, nuas como ela, salvo quando está frio; traz no pescoço um amuleto protetor, muitas vezes uma conta azul turquesa enfiada num cordão, para afastar o mal olhado. A menina andará nua até ficar menstruada, embora não se vista para nadar ou dançar.
– Brincadeiras infantis
Aprende muito cedo a nadar no rio, nos canais e para os mais ricos também nos tanques. Tem muitos tipos de brinquedos:
- bonecas de trapos,
- brinquedos de madeira,
- jogos de sociedade,
sem contar com a permanente companhia dos animais domésticos: cães, gatos e macacos.
As cenas conservadas nos túmulos de Beni Hassan, no Médio Egito, revelam distrações de meninas e adolescentes novas. Longe da presença dos meninos, fazem malabarismos com uma bola. As mais ágeis adotam uma posição complicada, montadas em cima das companheiras abaixadas. A ginástica era praticada, num exercício de flexibilidade, e ainda praticam uma espécie de judô. Esses exemplos muito vivos indicam que, longe de ficarem recolhidas em casa, as jovens egípcias tinham a possibilidade de praticar jogos. No Antigo Egito a "liberação do corpo" era um fato consumado.
– O respeito devido à mãe
Os egípcio antigos não prestavam culto à criança-rei. A mãe exige respeito e boa educação. Como qualquer criança, é como uma "vara torta" que convém endireitar e que distingue por dois grandes defeitos: 1. a surdez às recomendações 2. a ingratidão.
O papel da mãe consiste em abrir os ouvidos dos filhos, "os vivos", através dos quais passam os ensinamentos. Vários grandes personagens fizeram-se representar junto de sua mãe, orgulhosos. Muitos faraós homenagearam sua progenitora, considerada a encarnação da Grande Mãe.
"Duplica o pão que tua mãe te deu, e carrega com ela como carregou contigo. Foste para ela um encargo, fatigaste-a, mas ela não te descurou. Seus cuidados não cessaram quando nasceste ao cabo de nove meses de gravidez. Deu-te de mamar durante três anos. Não enojou com teus excrementos, procurando tratar sempre de ti o melhor possível. Levou-te à escola. Aprendias a ler, e ela estava sempre junto de ti, preparando-te pão e cerveja. Lembra-te de que tua mãe te trouxe ao mundo e te criou com todo o desvelo. Cuidado, não possa ela censurar-te e levantar as mãos a Deus para se queixar de ti." (Sabedoria de Ani, Máxima 38)
– A educação da menina
Ouvir música, aprender a cantar, tocar um instrumento, fiar e tecer. A escrita e a leitura são acessíveis às crianças na escola do povoado. Para ir mais longe, têm de dirigir-se à cidade, ou são admitidas na escola do templo. Para aplicar a educação no dia a dia, a menina deverá:
- amar a verdade e detestar a mentira,
- evitar os excessos e as paixões destrutivas,
- não se julgar o centro do mundo,
- praticar a solidariedade,
- saber ouvir,
- saborear as virtudes do silêncio e falar sabendo o que diz,
- respeitar a palavra dada,
- não reagir ao mínimo impulso vindo do exterior,
- reconhecer em todas as coisas a presença do sagrado e do mistério, e
- tentar agir com retidão.
Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq
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