segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A igualdade entre os sexos no Egito Antigo

A igualdade entre os sexos, um dos valores essenciais da civilização faraônica, desapareceu com Ptolomeu Filopátor (221-205 a.C), que reduziu a mulher egípcia à categoria da mulher grega. Impondo-lhe um tutor para todos os atos jurídicos ou comerciais.

Um outro passo foi dado pelo cristianismo. Tertuliano tomou uma posição radicalmente hostil à mulher, à qual "não é permitido falar na igreja, nem ensinar, batizar, fazer oferendas, reclamar uma parte de uma função masculina, ou recitar qualquer ofício sacerdotal". Cristianismo, judaísmo e islão procederão neste sentido, mantendo as mulheres num estado de inferioridade espiritual.

No tempo dos faraós, os direitos das mulheres egípcias não foram igualados em parte alguma até a Primeira Guerra Mundial, e mesmo assim, há que restringir essa moderna reconquista a alguns países e ao campo social e econômico. No campo espiritual os pontos altos atingidos pelas egípcias nunca mais foram desde a extinção da civilização faraônica, seus valores eram demasiados amplos, ricos e criativos para serem contidos em religiões dogmáticas.

As egípcias conheceram um mundo em que a mulher não era adversária nem rival do homem. Um mundo que lhes permitia desabrocharem como esposas, mães, trabalhadoras e iniciadas nos mistérios do templo, sem perderem a sua identidade a favor do homem. Um mundo em que o domínio do sagrado lhes era acessível na sua totalidade.

A deusa Nut, engole o Sol poente e gera o levante. Nela se reproduz, todas as noites, a alquimia da Criação; e todas as manhãs faz nascer uma nova luz. Com ela aparecem todos os seres vivos, que nela mesma se realizam.

Essa percepção do papel da mulher celeste, das deusas, da popularidade feminina da Criação, esteve na origem do respeito que a civilização faraônica manifestou pelas mulheres e do papel que lhes foi atribuído na sociedade, de grande esposa real a dona de casa, de Divina Adoradora a serviçal.

Quando contemplamos Ísis magnetizando "o doador de vida" (o sarcófago), Nefertiti contemplando o Sol, uma convidada num banquete tebano, uma portadora de oferendas do Antigo Egito, a serenidade luminosa de Nefertari, o sorriso de Maât, como poderíamos esquecer as mulheres egípcios por um instante que seja?

Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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