sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Cruzeiro pelo Nilo

O Nilo, coluna vertebral do território egípcio, foi a principal via de comunicação na época faraônica. Uma forma diferente de ver o país, do Cairo até a Núbia, consiste em utilizar o meio de transporte de que já se serviam os antigos egípcios: o barco. Quer se viaje em luxuosos cruzeiros, em ferrys quer nas típicas falucas, a paisagem é sempre fascinante.

Uma vez no Egito, o ponto de partida da viagem é o Cairo. Em um dos braços do rio adaptados para fazer o percurso inicia-se um cruzeiro que termina em Assuã, depois de subir o Nilo. Durante a viagem, vale a pena fazer algumas paradas para visitar certos lugares interessantes próximos às margens ou, simplesmente, para desfrutar a paisagem.


O Baixo Egito
À medida que o barco penetra no país, o Nilo se parece cada vez mais com o rio de 5000 anos atrás. Os homens compartilham a água com os animais, e a vegetação das margens atrai uma multidão de espécies. É fácil ver ibis, pássaros sagrados para os antigos egípcios, e até poucos anos atrás, o Nilo ainda contava com a presença de outro animal sagrado, mas muito perigoso – o crocodilo. Entrando no Médio Egito, pode parar em Beni Hassan. No local onde o barco atraca, deve-se tomar um transporte terrestre para chegar a um interessante conjunto de túmulos do Médio Império. Da cobertura do barco, pode se ver o conjunto de Gizé, tal como se avistaria do cais do templo chamado Vale.

De regresso ao barco, na margem oposta, podem visitar-se os restos da antiga Hermópolis Magna, ou ainda parte de um templo da Época Ptolomaica dedicada ao deus Tot. Mais para o sul fica Tuna el-Guebel, com túmulos de personagens da época greco-romana e de íbis e babuínos mumificados. Muito próximo encontra-se uma estela que marcava o limite da cidade de Akhenaton ou Tell el-Amarna, onde se faz uma paragem. Entre os locais mais interessantes para visitar encontra-se Abidos, com o templo de Set I dedicado a Osíris; os seus baixos-relevos estão muito bem conservados e no seu interior pode ver-se uma das listas reais mais famosas, com os nomes dos faraós esculpidos numa das suas paredes. Antes de chegar a Luxor, o barco para em Dendera, onde se visita um templo da época greco-romana dedicado a Hathor. Embora em processo de reconstrução, oferece uma ideia bastante precisa de como era um templo egípcio. A partir da açotéia, onde existem várias capelas, desfruta-se de uma vista magnífica de todo o complexo. É curioso observar que o lago sagrado, antes com água, ainda conserva a umidade e permite o crescimento de plantas no seu interior. O pôr-do-sol contemplado da açotéia do templo de Dendera é um espetáculo mágico.


Tebas, e a margem oriental
A atual cidade de Luxor está construída sobre parte da antiga Tebas, uma das capitais do Egito faraônico. Na margem oriental do Nilo, encontram-se os principais edifícios de culto:
  • o complexo sagrado de Karnak e a 3 km, o de Luxor.
A grandiosidade de Karnak pode ser apreciada logo que o barco atraca no cais, de onde se avista a avenida de esfinges que conduz ao interior. As suas salas, com autênticos bosques de colunas e os seus baixos-relevos revelam o que se quer dizer quando se fala de uma obra "faraônica". O trajeto até Luxor pode ser feito de carro, o que permite desfrutar de um passeio pela avenida marginal do Nilo. O templo, com um interessante espetáculo noturno de luz e som, surpreende pela sua grandiosidade e pela presença de uma mesquita no seu interior.


Tebas, a margem ocidental
Dedicada a outros templos e a diversos edifícios funerários. Saindo do cais, de ônibus, taxi, bicicleta ou mesmo em lombo de burro, chega-se a Deir el-Bahari, onde se encontram os templos funerários de Mentuhotep II e de Hatchepsut. Do outro lado da montanha na qual estes templos estão escavados encontra-se o Vale dos Reis. O túmulo de Tutâncamon e o de outros faraós menos populares merecem uma visita. Um pouco mais longe, em Deir el-Medina, ficam os túmulos do Vale dos Nobres, não tão conhecidos mas muito bem conservados. O túmulo de Nefertari, no Vale das Rainhas, é um belo exemplo de túmulo real. E se os templos de Karnak e Luxor são majestosos, os de Medinet Habu e Ramsés não deixam a desejar, sendo visita quase obrigatória, sem esquecer os famosos colossos de Memnon.


Viagem ao sul
A caminho de Assuã vemos alguns dos templos mais espetaculares de todo o Egito. O primeiro é o de Esna, do qual só se conserva a sala hipostila, construída na época do imperador Claudio. À medida que se avança para o sul, o calor é mais sufocante e a vegetação que cresce nas margens do rio torna-se mais espessa. O conjunto dedicado ao deus-falcão Hórus em Edfu conservou-se em muito bom estado por ter ficado praticamente coberto pela areia até o início do século XX. Este templo segue as diretrizes dos templos ptolomaicos, com pilones na entrada, pátio com estátuas de falcões a seguir e finalmente, o templo propriamente dito. Um pouco mais ao sul fica o templo de Kom Ombo, dedicado ao deus crocodilo Sobek, animal sagrado do qual se podem ver algumas múmias, e ao deus-falcão, Haroéris. Esta é a última paragem antes de chegar a Assuã. Aqui a população é heterogênea e caracteriza-se pela sua afabilidade. Um passeio de falua ao entardecer pode ser um dos momentos mais idílicos do cruzeiro. Numa dessas embarcacões, chega-se ao templo de Filae, transferido para a ilha de Agilkia devido à construção da barragem de Assuã. Nesse local, último reduto da escultura faraônica, pode-se visitar o templo ptolomaico de Ísis e o seu nilômetro. Para chegar a Abu-Simbel, é necessário fazer uma excursão de ônibus ou um pequeno percurso de avião. Apesa da elevadas temperaturas da região, os templos que aqui se podem visitar são a joia de ouro do cruzeiro pelo Nilo.



imagem do bolg Khan el Khalili-Egypt



Fonte: Egitomania, o fascinante mundo do antigo Egito - fascículos 2001

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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