Os retrados de Fayum correspondem ao encontro de 3 culturas, e civilizações:
- egípcia
- grega e
- romana
Destinados às múmias, segundo a tradição funerária do Egito Antigo, foram pintados por artistas de formação grega, entre os séculos I e III, quando o país se tornou uma província romana.
Costumava-se pintar retrato do defunto no seu corpo mumificado, acima do rosto. Esse retrado podia ter dois suportes diferentes:
- uma estreita placa de madeira, presa por duas tiras;
- uma peça de linho, cujas extremidades eram costuradas.
Em certos casos, pintavam diretamente sobre o tecido que envolvia a múmia.
Os artistas usavam a encáustica, usando seus pigmentos à cera de abelha. Às recorriam à têmpera, usando materias solúveis em água, como a goma-arábica ou a resina. Entre os retratos encontrados até hoje (mais de 1 000) há verdadeiras obras-primas, feitas por anônimos.
Os antigos egípcios representavam as pessoas de perfil. Nesses retratos, os rostos estão de frente ou 3/4 de frente. Rostos jovens em sua maioria. Não se sabe se o artista remoçou e idealizou seus modelos ou se eles teriam morrido com a idade que aparentavam no retrato. De qualquer modo, há um desejo de realismo na representação, como sugere esta inscrição funerária encontrada no Egito:
Estrangeiro, olhe para este homem de muitas virtudes,o sábio Euprépio, estimado pelos reis.Sua filha erigiu esta estela e disse:"Paguei aos mortos a dívida de minha educação."Embora o pintor não tenha dado a voz à sua obra,jurarias que ouves Euprépio,quando os homens se aproximam de seu retrato,são todos ouvidos como se escutassem dizer:"Sou Euprépio..."
Com figuras de olhos grandes, fundo escuro ou pintado, e às vezes dourações, os retratos do Fayum lembram ícones bizantinos, ou melhor, antecipam-nos – são uma transição entre a arte pagã e a arte cristã.
Vemos hoje os retratos destacados das múmias. O fato de não mostrarem heróis e reis, mas desconhecidos em suas roupas do dia a dia, torna-os particularmente interessantes, o que sobressai é a humanidade desses homens e dessas mulheres.
Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé
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