domingo, 15 de agosto de 2010

Deserto

Visto do alto, o Egito aparece em toda a sua simplicidade, uma estreita fita verde, que vai do sul ao norte, entre duas imensas extensões de areia. Um país concentrado em torno de seu rio e protegido do exterior por vastos desertos. Esta disposição singular explica uma tentação permanente – a da auto suficiência. O deserto era menos árido há 3 000 anos, até o Novo Império, lá caçavam-se leões.

O Vale do Nilo não estava menos cercado, encerrado, estrangulado por um mundo hostil. Era a terra "vermelha", encarnada pelo temível Seth, contra a terra "negra" de Osíris, sua vítima. No deserto imaginavam animais assustadores e fantásticos. Outros bem reais, confundiam-se com deuses:
  1. Anúbis com cabeça de cão,
  2. Hórus falcão,
  3. Sekhmet a leoa

O deserto não é algo isolado, deixa sua marca em todo o vale.

Mesmo fora do oásis, o deserto egípcio é povoado de animais (cobras, lagartos, chacais, águias, gaviões, falcões, etc). Nele se encontram mosteiros, fortalezas romanas, ruínas de templos ptolomaicos, necrópoles antigas. Se no passado eram extraídos ouro e pórfiro, hoje há exploração de ferro, petróleo, gás, manganês e fosfatos.

O objetivo é conquistar o deserto e ampliar a superfície cultivável e habitável. Frutas e legumes já crescem ali graças a perfurações profundas e a uma irrigação gota a gota. A famosa estrada do deserto, criada pela companhia de petróleo Shell na década de 1930 para ligar Alexandria ao Cairo, mudou de natureza. Virou uma verdadeira auto-estrada, ladeada de arbustos, cujas ramificações levam a outras cidades.




Ver solidões passarem umas após as outras, prestar atenção ao silêncio e nada ouvir, nem um canto de pássaro, nem um zunido de moscas, porque não há nada vivo em lugar nenhum. (Le Désert, 1895 - Pierre Loti)




Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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