O Vale do Nilo não estava menos cercado, encerrado, estrangulado por um mundo hostil. Era a terra "vermelha", encarnada pelo temível Seth, contra a terra "negra" de Osíris, sua vítima. No deserto imaginavam animais assustadores e fantásticos. Outros bem reais, confundiam-se com deuses:
- Anúbis com cabeça de cão,
- Hórus falcão,
- Sekhmet a leoa
O deserto não é algo isolado, deixa sua marca em todo o vale.
Mesmo fora do oásis, o deserto egípcio é povoado de animais (cobras, lagartos, chacais, águias, gaviões, falcões, etc). Nele se encontram mosteiros, fortalezas romanas, ruínas de templos ptolomaicos, necrópoles antigas. Se no passado eram extraídos ouro e pórfiro, hoje há exploração de ferro, petróleo, gás, manganês e fosfatos.
O objetivo é conquistar o deserto e ampliar a superfície cultivável e habitável. Frutas e legumes já crescem ali graças a perfurações profundas e a uma irrigação gota a gota. A famosa estrada do deserto, criada pela companhia de petróleo Shell na década de 1930 para ligar Alexandria ao Cairo, mudou de natureza. Virou uma verdadeira auto-estrada, ladeada de arbustos, cujas ramificações levam a outras cidades.
Ver solidões passarem umas após as outras, prestar atenção ao silêncio e nada ouvir, nem um canto de pássaro, nem um zunido de moscas, porque não há nada vivo em lugar nenhum. (Le Désert, 1895 - Pierre Loti)
Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé
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