Na Antiguidade, o papiro era emblema do Baixo Egito. Presente sobretudo no Delta, em buquês que chegavam a atingir 6m de altura, ajudava os defuntos a atravessar as áreas pantanosas tendo em vista o renascimento:
- os protegia contra os gênios malfazejos e
- os animais perigosos,
conseguindo obter os favores da deusa Uadjyt com o farfalhar de suas folhas.
Os caules de papiro – serviam para a fabricação de cordas, esteiras, sandálias, cestos e barcos leves, e os resíduos davam um excelente combustível. A parte tenra dos caules era comida.
O papiro constituía um dos suportes básicos da escrita, muito antes de inventarem o pergaminho e o papel. Sua casca era retirada e depois era cortado em lâminas. Após uma imersão num banho específico, eram superpostas e entrelaçadas, em seguida prensadas para formar uma trama. Nos papiros inscreviam-se minutas de processos, contas, hinos e textos litúrgicos. Graças ao clima seco do Egito, rolos ficaram conservados até hoje. O mais longo, com 41 m, está no British Museum, em Londres.
Mas o papiro foi destronado pelos primeiros papéis inventados na China. Em seus outros usos, foi substituído pela palha, pelo cânhamo ou pelo couro. Como não tinha mais função religiosa, acabou desaparecendo da paisagem egípcia.
Por iniciativa de Hassan Ragab, ex-embaixador do Egito na China, mudas de papiro foram colhidas no Sudão a partir de 1962 para serem plantadas perto do Cairo. O diplomata, engenheiro de formação – e fundador do partido ecológico em seu país – dedicou vários anos à pesquisa do processo de fabricação dos rolos pelos antigos egípcios. "Institutos" destinados aos turistas faziam demonstrações desse processo. Voltou-se a escrever e a pintar sobre papiro, às vezes com resultados surpreendentemente belos.
Veja também: A fabricação do papiro
Fonte: 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé
Nenhum comentário:
Postar um comentário