sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Escravos no Egito faraônico?


Não é fácil apagar a imagem que no Egito antigo havia escravidão. A influência exercida por filmes como Os Dez Mandamentos foi muito forte, e muitas pessoas acreditam que as pirâmides foram construídas às custas de sofrimento de milhares de escravos. No antigo Egito nenhum ser humano era considerado objeto sem alma.

Devido a um erro de tradução. O termo hem geralmente traduzido por "escravo", nunca teve esse sentido. Pois, hem significa "servo", e aplica-se primeiro ao faraó – na sua qualidade de servo das divindades. Do ponto de vista egípcio:
  • servir – é um ato nobre, e não servil, por isso nas moradas eternas eram colocadas estatuetas de servos e servas, associado à ressurreição do amo e senhor.
As grandes damas comandavam uma casa com numerosas servas, algumas muito jovens. Havia núbias e asiáticas entre elas, sobretudo a partir do Novo Império. Quando era preciso mulheres de condição modesta também podiam recorrer a profissionais do serviço da casa ou da sua manutenção, que alugavam as suas habilidades por um determinado período. Todas as servas podiam possuir bens e terras e legá-los livremente aos seus filhos.

  • O trabalho alugado – era prática corrente no Egito.
  • A corvéia – forma de requisição de trabalhadores nas grandes obras ou nas vastas explorações agrícolas em certos períodos.
As pessoas que trabalhavam como criados eram pagas por sua competência, as tarifas eram livres. O único caso de trabalho obrigatório, não livre, era para os prisioneiros de guerra. Uma vez adquirida a liberdade, muitos ex prisioneiros integravam-se na sociedade egípcia.

Até o fim da civilização faraônica, existiu uma forma particular de "servidão" voluntária:
– a dedicação ao culto de uma divindade e a filiação a uma comunidade sagrada.

O Egito faraônico não foi uma civilização da escravatura e da servidão, mas sentiu um profundo respeito pelo ato de servir, como testemunho da primeira máxima do ensinamento do sábio Ptah-hotep:

Uma palavra perfeita é mais rara do que a pedra verde, e contudo encontramo-la junto das servas que trabalham na mó.


Origem: 'A Egípcias' de Christian Jacq

4 comentários:

  1. com a escravidão se brinca

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  2. Veja bem: o Egito Antigo compreende um período multimilenar, tendo havido muitas mudanças na sua sociedade e em suas instituições no decorrer deste enorme período. Sendo assim, falar da existência ou da inexistência de escravidão no Egito antigo é errôneo; sendo assim, pergunto: de que época, especificamente (o que é dividido de acordo com dinastia, ou com período centralizado ou senhorial) você está falando?

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  3. "O único caso de trabalho obrigatório, não livre, era para os prisioneiros de guerra. Uma vez adquirida a liberdade, muitos ex prisioneiros integravam-se na sociedade egípcia.", peraí, vc não acabou de descrever escravidão? no mundo antigo a maio parte dos escravos eram prisioneiros de guerra e trabalho obrigatório não livre É escravidão.

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    1. No Brasil o preso que trabalha diminui sua pena. Isso não é escravidão, é ser prisioneiro.
      No antigo Egito os derrotados ficavam com os custos da Guerra. Ao término do trabalho cumprido a dívida era quitada, e passavam a terem os mesmo direitos dos cidadãos egípcios

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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