quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Pepi II e suas mulheres

O faraó Pepi II (2278-2184 aC) foi o principal faraó da 6ª dinastia – 94 anos à frente do Egito, o mais longo reinado da história. Quando foi escolhido para reinar, tinha apenas 5 anos, não podendo governar, essa função foi conferida a uma mulher : Meryrê-Ankhenés, viúva do faraó Pepi I, que assumiu os assuntos de Estado até Pepi II conseguir assumir o seu cargo.

Pepi II teve 3 esposas sucessivas:
  1. Neit,
  2. Ipuit e
  3. Udjebten.

Há muito se construíam pirâmides para as mães de reis e as grandes esposas reais, que assim partilhavam o destino estelar do faraó; quanto aos príncipes; estes não tinham sepulturas tão monumentais. As 3 esposas de Pepi II viveram a sua eternidade nas 3 pirâmides próximas da do rei – as duas primeiras a noroeste, a terceira a sudeste. Cada uma delas possuía um templo onde os ritualistas celebravam um culto do ka dedicado à rainha defunta.


A grande Neit
que o nome evoca o da deusa, foi a primeira grande esposa real de Pepi II; igualmente "esposa da pirâmide do rei", foi venerada por todos os dignatários da corte. A sua própria pirâmide era rodeada por uma muralha com uma única porta precedida por dois pequenos obeliscos. Na primeira sala, dita "sala dos leões" praticavam-se ritos de ressurreição. Depois encontrava-se um pátio, câmaras onde conservavam objetos rituais e estátuas, e o santuário propriamente dito, encostado à parede da pirâmide. Um corredor estreito conduzia ao jazigo que abrigava um sarcófago de granito rosado, comparável ao de Pepi II.

A pirâmide de Ipuit
e o seu templo, mal conservados, compreendem conjuntos idênticos, mas com uma disposição diferente. Um lintel em granito especifica que o faraó mandara construir esse monumento para a sua esposa.

A pirâmide de Udjebten
que não teria sido de origem real, ao contrário das duas prmeiras esposas, não era menos importante.


Atualmente esses 3 monumentos não passam de ruínas, mas contêm um tesouro excepcional, descoberto parcialmente em consequência da dificuldade das escavações: colunas de textos hieroglíficos consagrados aos múltiplos modos de ressurreição da alma real e à sua perpétua viagem no Além. Esses Textos das Pirâmides, concebidos na cidade santa de Heliópolis, foram revelados pela primeira vez no interior da pirâmide de Unas, o último faraó da 5ª dinastia e as 3 mulheres de Pepi II foram autorizadas a mandar inscrever nas paredes do seu jazigo essas fórmulas de magia e de conhecimento. Tal como Pepi II, elas repousam no interior de um Livro da Vida onde cada hieróglifo está carregado de poder.

A menos que falte descobrir uma pirâmide feminina com textos, foi a primeira vez que se gravou em pedra a identificação de uma rainha com Osíris. Essas 3 grandes damas fazem ouvir uma voz única e insubstituível. Formam uma trindade hieroglífica que opera para a concretização de um dos grandes ideais do Antigo Egito – a vitória sobre a morte.


Fonte: 'As Egípcias' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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