domingo, 3 de janeiro de 2010

Estátua colossal de Amenófis IV (Akhenaton)


Antes de fundar sua nova capital em Tell el-Amarna, Amenófis IV (que mudou seu nome para Akhenaton entre o 5º e o 6º ano de seu reinado) inaugurou uma ampla programação de construções em Tebas, perto do templo de Karnak. Sua intenção era dar uma alternativa ao culto de Amon, por meio da construção de quatro edifícios sagrados dedicados a Aten, nas cercanias dos baluartes do clero de Tebas (que se punha abertamente à reforma religiosa).


A leste do templo de Karnak, ergueu o Gempaaten (que pode ser traduzido como "o disco solar foi encontrado"). Este foi o primeiro relicário construído por Amenófis IV e consistia em um imenso pátio com pórtico, que cobria uma área aproximadamente 130 por 200 m, orientada em um eixo leste/oeste. Contra cada um dos pilares do pátio, foi colocada uma estátua colossal de Amenófis IV, com mais de 5m de altura e pintada com cores fortes.

O rei é representado em uma postura ereta, vestindo um saiote curto e com pregas, que cobre completamente suas coxas. Seus braços estão cruzados e as mãos seguram a insígnia do poder faraônico, o cetro heqta e o mangal. Ao redor dos pulsos e nos braços, como se estivessem entalhados em pulseiras, estão os emblemas com o complicado nome dado ao disco solar deificado "Rá-Horakhty que se regozija em seu nome que é Shu [ou "a luz"] que reside no disco solar". A face esbelta e extremamente alongada de Akhenaton tem características que refletem claramente o clima de inovações no qual esta escultura foi criada. Os olhos são reduzidos as duas fendas estreitas e são cobertos por sobrancelhas em relevo grosso. O nariz é reto e muito longo, posicionado em uma precisão geométrica sobre a boca, que tem lábios carnudos; duas linhas foram entalhadas desde as narinas até os cantos externos da boca. O queixo é desproporcionalmente longo e estende-se em uma barba falsa, ainda mais alongada. As orelhas são também representadas neste estilo exagerado, sendo extremamente longas e com os lóbulos furados.

Os colossos que decoravam as pilares de Gempaaten eram dispostos alternadamente, com dois tipos diferentes de turbantes. Ambos exibiam o nemes, que é o ornamento clássico para a cabeça usado pelos faraós, com uma naja na testa. Sobre este havia a coroa dupla ou as duas plumas, características da iconografia do deus Shu ("o ar"), mas também a encarnação da luz do disco solar na interpretação de Amarna. Os restos deste último tipo de turbante sobrevivem sobre a cabeça desta estátua em particular.

Origem: 'Tesouros do Egito' do Museu Egípcio do Cairo

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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