quarta-feira, 8 de julho de 2009

Amenófis III



O Egito Antigo atinge o auge do seu poder e riqueza durante os 36 anos do reinado de Amenófis III de 1402 a 1364 a.C, 18ª dinastia. Tebas é uma opulenta capital. O Egito é rico, devido as suas conquistas e os tributos pagos. Existe uma unidade de valor, o deben – uma peça de cobre com cerca de 90 gr de peso. Mas a troca continua, só que os valores dos objetos são em deben, que em si não circula.




A esposa de Amenófis III a rainha Tiy, de grande personalidade, seu retrato revela um caráter grave e muito firme, rosto por vezes fechado, as feições duras, a rainha era plebéia. Desempenhou um papel fundamental na formação do pensamento do futuro Akhenaton, e inspirou-lhe, certamente, uma parte das suas opções em matéria de política externa. Tinha grande influência nos assuntos de Estado. Recebeu de presente do esposo:
  • um lago de recreio, o Birket Habu, ao sul do templo de Medinet Habu e a leste do palácio de Malgatta.
Amenófis o faraó é o Sol que se ergue, mas a natureza deste poder é, contudo, religiosa.

"A teoria do bel prazer, encarada como fonte da autoridade régia, é a expressão de um direito que só se justifica por ter sido desejado pelo grande deus Criador. Na realidade, o poder pertence a Deus. O rei não faz mais do que exercê-lo na Terra em nome de deus; por isso é portador do ka divino". (Jacques Pirenne – História da civilização do Egito Antigo «II, 208»).

Amenófis III instala-se no palácio Malgatta, na margem esquerda do Nilo ao sul de Medinet Habu. O edifício desapareceu quase por completo, mas o pouco que sobreviveu tende a provar que foi o mais luxuoso de todos os palácios reais do Egito.

Construções – Amenófis III deu pessoalmente aos seus artífices indicações relativas à edificação dos templos, que provam o seu interesse pela arquitetura. Mandou empreender grandes construções em Karnak, sob a direção de Amenhotep, filho de Hapu. Cria o templo de Mut, rodeado de um lago sagrado em meia-lua, que será restaurado por Ramsés III; o templo dedicado aos deus-filho da tríade tebana, Konsu; o templo dedicado ao deus guerreiro Montu. A ele também se deve as colunata central da grande sala hipóstila, floresta de pedras onde os jogos de luzes revelam, segundo a hora do dia, este ou aquele aspecto das divindades.

A maior obra prima de Amenófis III é o Templo de Luxor – morada do senhor dos céus, idêntica ao horizonte celeste. Sua colunata principal respira delicadeza, equilíbrio, serenidade. Construído em bela pedra branca, com portas de madeira de acácia incrustadas em ouro e o nome de Amon engastado em pedras preciosas. Luxor edificou-se ao longo do Nilo, segundo um eixo norte-sul. Por causa das cheias, o templo foi construído sob uma base de pedra e o plano original incluía uma sala hipóstila completada por salas de culto. Luxor responde ao plano típico do templo egípcio do Novo Império:
• um cais na margem do Nilo,
• uma alameda de esfinges do cais até o templo,
• pórticos precedidos de colossos reais, um grande pátio ladeado por pórticos,
• uma sala hipóstila dando acesso à sala que abriga a barca sagrada,
• um santuário contendo a estátua do deus e rodeado de peças destinadas aos arquivos ou aos objetos do culto.

– Este edifício sofre transformações:
  1. No reinado de Ramsés II.
  2. Foi restaurado na 26ª e 30ª dinastias.
  3. Alexandre Magno mandou construir uma capela para a barca de Amon.
  4. No final do século III a.C os romanos instalaram um acampamento militar e utilizaram os blocos provenientes do templo.
  5. O primeiro vestíbulo após a sala hipóstila tornou-se uma capela cristã, que martelaram os baixos-relevos, decapitaram colunas e destruíram escadarias.
  6. O templo ainda tem uma mesquita que ocupa o ângulo nordeste do primeiro pátio.

Templo de Soleb – construído junto a 3ª catarata do Nilo, no deserto da Núbia, segundo os vestígios, de grande beleza.
Templo de Sedeinga – construído para o culto da rainha Tiy.

Uma estela do Museu Britânico mostra Amenófis III sentado diante de uma mesa. Sorri, parece idoso, gordo e cansado. Seu corpo têm tendências a tornar-se flácido. Graças a ele, a alegria de viver reinou no Egito, os homens do seu tempo gozaram a beleza dos jardins dos templos e das casas privadas, o frescor da sombra e do vento norte, os lagos rodeados de árvores e cobertos de lótus brancos e cor de rosa.

Seu reinado parece ter sido de luz. Não de uma luz ofuscante ou mesmo cruel, mas de uma luz de calor vivificante, de uma paz real instaurada no espírito dos homens bem como no corpo do Estado.
'O Egito dos Grandes Faraós' de Christian Jacq




Colossos de Memnon é a designação atribuída a duas estátuas gigantescas do faraó Amenófis III, situadas na necrópole da antiga cidade de Tebas, a oeste da cidade de Luxor. Estas duas estátuas eram entendidas como guardiãs do templo funerário do faráo. O templo tinha cerca de 385 000 metros, sendo um dos maiores da Antiguidade, mas foi completamente destruído devido às inundações do Nilo e à extração de materiais. As estátuas representam Amenófis sentado no trono com as mãos pousadas sobre os joelhos. Em cada lado das suas pernas está a sua mãe, Mutemuia, e a sua esposa principal, a rainha Tiy. As estátuas foram feitas em quartzito, possuindo cerca de 18 m, com um peso de 1300 toneladas. Os dois blocos de pedra a partir dos quais foram esculpidas as estátuas foram retirados da pedreira de Gebel el-Ahmar, situada no nordeste da atual cidade do Cairo. O responsável pelo transporte dos blocos foi o vizir e arquiteto Amenhotep, filho de Hapu.

Um sismo ocorrido em 27 a.C , referido por Estrabão, abriu uma fenda no colosso norte. A partir de então todas as manhãs ocorria no local um fenômeno estranho segundo o qual a estátua "cantaria". O que realmente sucedia era que a acumulação de umidade durante a noite evaporava com o surgimento dos primeiros raios do sol, emitindo um som, que para Pausânias se assemelhava ao de uma cítara. No começo da era cristã os gregos visitaram o local e associaram a estátua norte ao herói Memnon, filho de Eos. De acordo com a lenda homérica, este herói, morto na guerra de Tróia, recebeu a imortalidade de Zeus, dedicando-se a chamar pela sua mãe todas as manhãs. Em 199 d.C o imperador romano Septímio Severo mandou restaurar a estátua, que a partir de então parou de cantar. (Wikipédia)


domingo, 5 de julho de 2009

Mulheres artesãs

A maior parte dos trabalhos e atividades artesanais eram exercidas pelos homens. Não conhecemos mulheres trabalhadoras de pedras, carpinteiras, furadoras de recipientes, serventes de pedreiras, etc...

Mulheres chefes de trabalhos
Em um túmulo de um sumo sacerdote do deus Ptah de Mênfis, na época do Antigo Império, considerado como o chefe dos artesãos do reino, a palavra Ptah significa "moldar, criar", aparece uma inscrição onde duas mulheres, suas irmãs, possuíam o título de "diretoras dos trabalhos (kherpet kat)", o que é surpreendente. A inscrição não especifica a atividade.

Mulher cabeleireira
Um baixo relevo da 11ª dinastia, revela a existência de uma cabeleireira, a dama Inenu "Aquela que traz a energia". Aparece ela preparando um coque e arrumando uma peruca, relacionado ao culto de Hathor, que exige, por parte de suas fiéis, uma cabeleira e uma peruca bem cuidadas.

A arte capilar e os cuidados corporais não eram reservados às mulheres; homens exerceram esse tipo de profissão na corte, nas cidades e nos campos. Seu ateliê andava com eles e situava-se à sombra de uma árvore. No túmulo de Psamético, 26ª dinastia, aparecem graciosas jovens que colhem lírios e arrumam em cestos, talvez perfumistas, encarregadas de preparar unguentos medicinais e produtos de beleza. Cada templo abrigava uma oficina de criação de perfumes, usado no culto diário.

Mulheres tecelãs
A arte da tecelagem era um dos principais ensinamentos ministrado nos haréns, para:
  1. Disciplina especulativa: iluminava o espírito das iniciadas dos mistérios da Criação.
  2. Disciplina operativa: ensinando a concretizar manualmente o que haviam percebido de forma abstrata.
Tecer e criar eram concebidos como o mesmo ato.

Na origem da criação a deusa Heith, utiliza a arte da tecelagem para organizar o universo. Assexuada, dá à luz o Sol. Ísis e Néftis eram artesãs, encarregadas de confeccionar as vestes das divindades:
  • Ísis tecia a veste chamada "sólida e coerente"
  • Néftis fiava "o puro"
As duas deusas teciam juntas as palavras mágicas, contra os venenos e as enfermidades. As iniciadas nos mistérios da tecelagem confeccionavam vestes brancas destinadas a envolver o cadáver de Osíris durante a celebração dos seus mistérios. Na oficina de tecelagem chamada nayt, duas sacerdotisas desempenhavam o papel de Ísis e Néftis, criavam os panos funerários.

A tecelã Chentayt, "a Venerável" – fabricava faixa na Casa da Vida e fiava os nós, nos quais serviam para fixar os degraus da escada que o rei erguia para subir aos céus.

Sentadas no chão, utilizavam um caule curvo com lançadeira e trabalhavam num tear de simples confecção, composto de dois paus que serviam de cilindros e de dois outros que fixavam o órgão. No Novo Império aparecem novas técnicas, como um pente para apertar. As fiandeiras não tem rocas, mas possuem uma habilidade extraordinária no manejo do fuso, reveladas pelas cenas figuradas nos túmulos de Beni Hassan.

A produção das oficinas era importante: faixas, mortalhas, vestidos, tangas, lençóis, ataduras, telas e etc. O comprimento das peças de tecido podia chegar a 22 m. O templo precisava de numerosas peças de vestuário ritual, umas para vestir as estátuas divinas e outras para os sacerdotes e as sacerdotisas. Um relevo do templo de Luxor mostra o rei e uma grande sacerdotisa caminhando atrás de uma procissão de sacerdotes que carregam cofres, no interior destes estão as vestes para as estátuas do culto. Utilizando um cetro o rei as consagra quatro vezes e a grande sacerdotisa recita um hino.

Mulher piloto naval
Os transportes terrestres eram poucos desenvolvidos, era muito mais fácil construir barcos para a vastidão do Nilo, e alguns deles tinham de suportar cargas muito pesadas. Havia uma vasta circulação de barcos, de diversos tamanhos o que exigia dos pilotos uma grande competência. Num túmulo em Saqqara, 5ª dinastia, está representada uma mulher manejando o leme de um barco de transporte. Um marinheiro lhe oferece um naco de pão, e ela responde, mal encarada: "Não me tapes a vista quando me preparo para acostar."




Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

sábado, 4 de julho de 2009

Amenemhat III

Amenemhat III foi o sexto rei da 12ª dinastia do Antigo Egito. Governou entre 1860 e 1814 a.C, sendo considerado um dos soberanos mais importantes do Império Médio. Filho mais velho do rei Senuseret III (Sesóstris III), tendo o seu pai feito dele co-regente quando ainda era vivo, o mesmo ele fazendo com seu filho Amenemhat IV, seu sucessor. Sua esposa principal foi a rainha Sobekneferu, que viria a reinar depois da morte prematura do filho de ambos, Amenemhat IV.

Segundo Maneton teria governado apenas oito anos, mas os vários monumentos que mandou construir contradizem a idéia de um curto reinado. Parece mais provável que tenha governado durante quarenta e cinco anos, de acordo com o estabelecido no "Cânone de Turim".

Reinado
Foi pacífico e dedicado ao desenvolvimento econômico do Egito. Foram explorados os recursos minerais do Sinai, fato comprovado pela existência naquela região de 60 inscrições relativas ao seu reinado. As pedreiras da região do Uadi Hammamat, a este do vale do Nilo, foram também intensamente exploradas. Durante seu reinado concluíram os trabalhos de construção de barragens e canais que valorizam o óasis do Faium como região agrícola. Foi faraó durante quase meio século, de uma forma absoluta. Pôs fim à hereditariedade aos últimos nomarcas do Alto Egito.

No governo de Amenemhat III, o Império Médio atingiu o seu auge. Durante este período o Egito beneficiou de uma paz efetiva e caracterizou-se por um período de intensa criatividade artística, de que temos relatos de inúmeras inscrições de fora do Egito, sobretudo do Sinai. Regressou-se à intensa exploração mineira em Tura. No Sinai explorou-se as minas de turquesa em Serabit el-Khadim. Alargou o território até à terceira catarata, para melhor explorar os recursos minerais da Núbia.

Construões
Ordenou a construção de um pirâmide em Dahchur, a chamada Pirâmide Negra, mas esta teve alguns problema durante a sua construção e o projeto não foi usado pelo rei. Este complexo funerário acabará por ser usado por duas das suas rainhas. O rei foi sepultado em Hauara:
  • onde se julga ter existido não só o complexo funerário, mas também um palácio real de grandes dimensões (teria mais de três mil quartos), que os autores gregos denominaram de Labirinto, que não chegou aos nossos dias por ter sido destruído.

A sua maior empreitada foi sem dúvida a irrigação na zona do lago Birket Karun, para melhor explorar os recursos agrícolas de El-Faium, para comemorar este feito Amenemhat III mandou construir duas estátua colossais de si próprio na zona.

Túmulo
Foi sepultado na sua pirâmide em Hauara. A sua câmara funerária, construída em primeiro lugar num só bloco de granito pesando cerca de 110 toneladas, para aí ser colocado o seu sarcófago no final da construção. Para evitar que a pirâmide fosse saqueada construiu vários corredores sem saída, várias armadilhas e painéis de correr. Apesar de todo este cuidado o túmulo de Amenemhat III foi saqueado na antiguidade. Só restaram dois sarcófagos; o do próprio faraó e um de uma sua filha.

– Sobre o Labirinto, diz Heródoto:
" Compreende doze pátios cobertos, cujas portas se encontram frente a frente, seis viradas para o lado norte, seis para o sul, contíguas e rodeadas pela mesma muralha exterior. Existem ali duas séries de salas, algumas subterrâneas, outras acima do nível do solo, sobre as primeiras, num total de três mil, sendo de quinhentos cômodos. Nós mesmos vimos e percorremos as salas que ficam acima do nível do solo e falamos de acordo com que os nossos olhos constataram. Informamo-nos verbalmente acerca das salas subterrâneas, pois os egípcios que as guardam não as quiseram mostrar de modo algum, alegando que há nelas as sepulturas dos reis que construíram este labirinto e as dos crocodilos sagrados. Falamos, então, das salas inferiores por ouvir dizer, mas vimos com os nossos próprios olhos as salas superiores, maiores do que as obras humanas. Os caminhos que seguíamos para sairmos das salas que atravessávamos, os desvios que fazíamos ao atravessar os pátios, maravilhavam-nos pela sua extrema complicação enquanto passávamos de um dos pátios às salas, das salas aos pórticos e, depois, destes pórticos a outras salas e destas a outros pátios... " (Histórias, II, 148)

Origem: Wikipédia – www.pegue.com – 'O Egito dos Grandes Faraós' de Christian Jacq

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sesóstris III

Foi confundido com Ramsés II, pois os nomes egípcios dos dois faraós se assemelham. Sesóstris significa "o homem da deusa Useret". É qualificado como muralha contra o mau tempo, abrigo que protege o medroso de seu inimigo, lugar quente e seco na estação de inverno, asilo onde ninguém pode ser perseguido. Descobriu-se em Khaun um importante lote de papiros, um dos quais exortava um hino a Sesóstris III (Senusert III) vivo.

Retratos datados de sua idade madura mostra, um homem austero, grave e compenetrado da importância de suas funções. Religioso, preocupou-se com a cidade santa de Abidos, até sendo confundido com o deus da cidade.

Em seu reinado:
  1. suprimiu-se o que restava das mordomias dos nomarcas,
  2. viagens e expedições diplomáticas,
  3. operações comerciais,
  4. pesquisa de ouro,
  5. exploração de minas e pedreiras,
  6. aumenta as fronteiras,
  7. desapareceu os túmulos suntuosos,
  8. o poder real afirmou novamente em sua plenitude.
Não faltam obras literárias para ressaltar este retorno à tradição primordial do Egito.

____Jóias_____
Neste Médio Império com tantos aspectos sorridentes e luminosos, o gênio artístico exprimiu-se muitas vezes de maneira feliz. A joalheria em particular, conheceu seus tempos áureos. Descobriram-se verdadeiros tesouros nos túmulos de príncesas em Dachur e Illahum, de formas coloridas, com um requinte próximo da perfeição.

Origem: 'O Egito dos Grandes Faraós' de Christian Jacq

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A oração

Não eleves a voz no templo de Deus, pois ele detesta os gritos.
Reza com um coração amável, cujas palavras ficam ocultas.
Ele proverá tuas necessidades,
Ouvirá o que dizes,
Tua oferenda lhe será agradável.
Ani

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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