sábado, 16 de janeiro de 2010

Ptolomeu I Sóter

Ptolomeu I Sóter (em grego Πτολεμαίος Σωτήρ, 367–283 a.C.) foi um general macedônio de Alexandre, 'o Grande' que se tornou governante do Egito de 323 aC. a 283 aC, fundando a Dinastia Ptolomaica.

Tomou o título de rei a partir de 305 aC, instituindo então o culto dinástico do rei-salvador (Sóter), de acordo com a tradição dos faraós egípcios. Recusou-se a pagar tributo ao rei da Macedônia, sucessor de Alexandre Magno. Fundou um império poderoso que, sem conquistas territoriais, manteve um reconhecido esplendor econômico e cultural. Instituiu a capital de sua dinastia em Alexandria, hoje a segunda maior cidade do Egito e uma das cinco maiores cidades da África, cidade fundada por seu predecessor, Alexandre. Nos últimos anos do seu reinado, exerceu co-regência com o filho, seu herdeiro real. Implantou o culto de Serápis e fundou a cidade de Ptolemaida, no Alto Egito.

Era filho de Arsinoé da Macedônia - e de seu marido, o nobre macedônio Lago (daí o nome de Lágidas, também dado à dinastia que fundou). Ptolomeu foi um dos generais de maior confiança de Alexandre, o Grande, sendo um dos sete somatophylax (guardas do corpo) que o deveriam defender.

Era alguns anos mais velho que Alexandre e supõe-se que fosse seu amigo desde a infância, tendo, provavelmente, feito parte do grupo de nobres adolescentes macedônios discípulos de Aristóteles. Teria participado com Alexandre desde as primeiras campanhas. Um dos três oficiais que salvaram a vida de seu líder na cidade dos Oxidracas.

Nas festividades matrimoniais, em Susa, a 324 aC, Alexandre o fez casar com a princesa persa Artacama, mas não existem mais menções de tal casamento. Depois da morte de Alexandre, Ptolemeu casou-se com Thaïs, a famosa hetaira (cortesã) ateniense, companheira de Alexandre nas suas campanhas. Tendo sido rainha ao seu lado, mesmo depois do divórcio manteve boas relações com Ptolomeu, e chegou mesmo a manter o título de rainha enquanto se manteve em Mênfis.

Quando Alexandre, o Grande morreu, em 323 aC, Ptolomeu tornou-se sátrapa do Egito, sob o reinado nominal de Filipe Arideu e do infante Alexandre IV. O anterior sátrapa, o grego Cleómenes de Náucratis, manteve-se como seu conselheiro-mor. Ptolomeu mostrou a sua independência ao decidir subjugar a Cirenaica sem qualquer autorização dos seus supostos superiores.

Por costume, os reis da Macedônia asseguravam o seu direito ao trono procedendo ao sepultamento dos seus predecessores. Provavelmente porque pretendia impedir perdas de tal privilégio, que como regente imperial estava perto de reclamar para si o trono, Ptolomeu envidou esforços para que os restos mortais de Alexandre fossem conduzidos para o templo de Zeus Ámon, em Mênfis, e não para Aegae, a capital religiosa da Macedônia, onde Pérdicas os esperava. Pérdicas rapidamente chegou à conclusão que Ptolomeu era o seu rival mais perigoso no objetivo de aceder ao trono. Entretanto, Ptolomeu executou Cleómenes acusando-o de espionagem a favor de Pérdicas, o que lhe permitiu abstrair-se ainda mais da sua influência, ao mesmo tempo que tomava controlo sobre a enorme soma de riquezas acumuladas por Cleómenes.

Em 321 aC, Pérdicas invadiu o Egito. Ptolomeu decidiu defender a sua posição ao longo do Nilo, obrigando o seu rival a fazer várias tentativas fracassadas de travessia. Perto de Heliópolis, Pérdicas, com o moral das suas tropas em baixo, teve ainda a infelicidade de perder cerca de 2000 homens que foram arrastados pelas águas - o que abalou profundamente a reputação do regente, que foi pouco depois assassinado pelos seus subordinados, Antígenes, Seleuco e Peiton. Ptolomeu atravessou, então o Nilo para socorrer e prover de munições o exército que até ao momento fora seu inimigo e que agora lhe oferecia a regência do império - mas recusou a proposta. Ptolomeu manteve-se consistente na sua política de assegurar um poder de base, nunca sucumbindo à tentação de arriscar tudo para suceder a Alexandre.

Nas longas guerras que se seguiram entre os diferentes Diádocos, o primeiro objetivo de Ptolomeu foi sempre manter o Egito seguro em seu poder, mantendo, para isso, o controlo das áreas adjacentes, como na Cirenaica e em Chipre, bem como sobre a Síria, incluindo a província da Judeia.

O rei Alexandre IV, apenas com treze anos de idade, foi assassinado na Macedônia, deixando o sátrapa do Egito em estado de independência absoluta. A paz não durou por muito tempo e, em 309 aC, Ptolomeu comandou pessoalmente uma frota que libertou as cidades costeiras da Lícia e da Cária do poderio de Antígono. Passou, depois, para a Grécia, onde tomou posse de Corinto, Sícion e Mégara (308 aC). Em 306 aC, uma grande frota, sob as ordens de Demétrio atacavam Chipre, e o irmão de Ptolomeu, Menelau foi derrotado e capturado na decisiva Batalha de Salamina de Chipre. Seguiu-se a perda completa de Chipre por Ptolomeu.

Os sátrapas Antígono e Demétrio assumiam, assim, o título de reis. Ptolomeu, tal como Cassandro, Lisímaco e Seleuco I Nicator reagiu fazendo o mesmo. No inverno de 306 aC, Antígono tentou repetir a vitória em Chipre, invadindo o Egito. Mas Ptolomeu mostrou-se aí muito mais capaz de defender o seu território. Os habitantes de Rodes instituiram uma festividade com o fim de honrar e venerar Ptolomeu como Soter ("salvador").

Durante cerca de um século, a questão da posse do sul da Síria, a Judeia, ocasionou um clima de constante conflito entre as dinastias Ptolemaica e os Selêucida. A partir de então, Ptolomeu parece ter evitado ao máximo imiscuir-se na rivalidade entre a Ásia Menor e a Grécia. Perdeu, por consequência, o que tinha conquistado na Grécia, mas reconquistou Chipre em 295/294. Cirene, depois de uma série de rebeliões foi, finalmente subjugada em 300 ficando ao cuidado do seu enteado, Magas. Estabelecia igualmente a dominação na Palestina e dilatava o seu território a oeste da Líbia.

Em 285 Ptolomeu abdicou a favor de um dos seus filhos mais jovens e de Berenice - Ptolomeu II Filadelfo, que fora co-regente por três anos. O seu filho mais velho e legítimo, Ptolemeu Cerauno, cuja mãe, Eurídice, a filha de Antípatro, havia sido repudiada, pediu refúgio na corte de Lisímaco.

Ptolomeu Sóter morreu em 283 aC com 84 anos de idade. Reconhecido pela sua sagacidade e precaução, o seu domínio territorial era particularmente coeso e bem ordenado, depois de 40 anos de guerras constantes. A sua reputação de liberalidade e bonomia ajudou a fidelizar a instável classe militar de origem macedônia e grega ao seu serviço. Da mesma forma, parece não ter negligenciado a conciliação com os nativos. Foi um reconhecido patrono das letras, fundando o Museu e a Biblioteca de Alexandria, incentivando a permanência dos sábios gregos na sua cidade de eleição.

Ele mesmo foi autor de uma história das campanhas de Alexandre que não sobreviveu até à atualidade e que era particularmente reputada pela sua seriedade, sobriedade e objetividade. Contudo, há quem considere que tal documento intentava, igualmente e de forma propagandística, dar-lhe um protagonismo que, de fato, não tivera. O relato, ainda que não tenha sobrevivido, terá sido a fonte principal para as crônicas compiliadas por Arriano de Nicomédia.


Origem: Wikipédia

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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