terça-feira, 9 de junho de 2009

O segredo da beleza das egípcias

No sarcófago da princesa Kauit, esposa do faraó Montuhotep-Nebhepet-Ra, do início do Médio Império, aparece um momento privilegiado na vida de uma egípcia: como se embelezar. A princesa não tem um rosto muito sedutor, sérias ou mesmo austeras, as suas feições chegam a ser ingratas. Sacerdotisa de Hathor, mandara escavar a sua sepultura sob o templo do faraó, em Deir el-Bahari, e foi nessa sepultura que se encontrou o magnífico sarcófago de calcário imortalizando uma cena:
  • sentada numa cadeira de espaldar alto e envergando um vestido comprido e cingido que lhe deixa os seios à mostra, com o pescoço ornado com um colar de contas, Kauit segura delicadamente, entre o polegar e o indicador, uma taça de leite que lhe foi apresentada pelo seu intendente, proferindo as palavras essenciais "Para o teu ka senhora".


A peruca – era um ornamento indispensável e muito apreciado, e evoluiu ao longo das dinastias, tendo sido usada por mulheres e homens. Para uma mulher, uma bela peruca era um fator decisivo de sedução e elegância. Eram confeccionadas com fibras vegetais ou com cabelo humano, e mais raramente com pêlo animal. Em todas as épocas foram apreciadas as madeixas numerosas, as tranças múltiplas, ungidas de perfumes e produtos capilares. Uma peruca bem feita despertava a admiração dos poetas, que elogiavam a beleza da mulher e o encanto do seu rosto.

À simplicidade do Antigo Império opõe-se um luxuriante Novo Império:
um adorno de cabelos, descoberto no túmulo de uma princesa que viveu na corte de Tutmósis III, contava nada menos que 900 rosetas de ouro que cobriam toda a peruca. É provável que a cabeleira estivesse relacionada com a sexualidade, graças ao poder da sedução que conferia, um belo penteado tornava a mulher desejável. Soltar o cabelo e exibi-lo despenteado era tido como um "sinal" erótico.




Os "cones perfumados" são um enigma. Aparecem nas cabeças dos nobres tebanos do Novo Império, em ocasiões de festas e banquetes. Supõe-se que o calor derretia lentamente o cone, liberando suaves odores à medida que a noite avançava.





As egípcias tinham grande cuidado com a manutenção do seu cabelo. O óleo de rícino era o produto de base. Esmagavam sementes de rícino para obter um óleo que punham na cabeça. A receita 468 do Papiro Médico de Ebers, destinava-se a combater eficazmente: 
  • a calvície: 
– "patas de lebréu" certamente o nome de uma planta;
– caroços de tâmaras;
– casco de burro cozidos em lume vivo num pote com azeite
Devia ungir energicamente a cabeça com o produto obtido. 

  • o cabelo grisalho: 
para escurecer utilizava-se sangue de um boi negro cozido em azeite.

Outra cena do sarcófago de Kauit:
  • uma peruca redonda de finos caracóis e um xale sobre os ombros, segura uma flor de lótus na mão esquerda, recolhe um pouco de unguento que a sua serva lhe estende e cujo indicador da mão direita sustenta um leque em forma de asa de pássaro.

                          ______________Produtos de beleza________________  
Para além da higiene as egípcias possuíam um impressionante número de produtos para a beleza. Conservavam-nos em preciosos cofres, fabricados com as mais belas madeiras, incrustados com metal ou marfim e delicadamente decorados. No interior pequenas gavetas para guardar perfumes, cosméticos, pós, unguentos, pauzinhos e colheres que serviam para aplicar os produtos na pele, pinças para depilar, e um ou mais espelhos, pentes e ganchos.

Os mais célebres objetos de beleza egípcio são as colheres para os pós: de cerca de 30 cm em madeira ou marfim, têm muitas vezes a forma de uma jovem nadadora nua, estendida de bruços, de cabeça erguida e o pescoço bem reto, as finas pernas juntas e esticadas; de braços estendidos seguravam uma tacinha contendo pinturas ou incenso. 

Perfumes – tal como hoje o definimos «óleo etérico numa solução alcoólica» não parece ter existido no Antigo Egito. Os perfumistas fabricavam os seus produtos a partir das plantas aromáticas maceradas com óleos gordurosos e praticavam a extração de essências florais.

As divindades assinalavam a sua presença aos humanos com um perfume tão suave que alguns caíam em êxtase. O perfume é associado ao sopro vital, à doce brisa do norte que vivifica o organismo quando o Sol se põe, ao fim de um dia de calor.

Pós e cosméticos –  arrumados em tabuinhas com alvéolos eram utilizados por toda a população. Os mais usados eram um pó negro, à base de malaquita, que permitiam às elegantes prolongar a linha das sobrancelhas e acentuar o encanto do seu olhar. Serviam também para afastar os insetos e o vento.

Unguentos – as egípcias os usavam para se manter magras, impedir a flacidez dos seios, enrijecer a carne e evitar acne. Para purificar a pele e mantê-la jovem e fresca, esmagavam-se cera, óleo fresco de moringa, goma de terebintina e erva de Chipre, obtendo um emplasto vegetal.

Com tantas horas passadas embelezando-se, os potinhos para os pós, em alabastro ou em madeira, tem formas delicadas e inesperadas:
  1. uma vaca deitada numa barca
  2. antílopes
  3. gansos
  4. patos
  5. macacos
  6. jovens nadadoras
No caso do pato ou do ganso, o corpo do animal era esvaziado para servir de conteúdo, e as asas usadas como tampa.

Origem: 'As Egípcias' de Christian Jacq

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. O EGITO É MÁGICO - APROVEITO PARA DIVULGAR A PÁGINA DO MEU GUIA QUE ME ORIENTOU E ME DEU TODO SUPORTE EM MINHA VIAGEM! OBRIGADA - HOJE SOU FÃ NÚMERO UM DE TUDO QUE DIZ RESPEITO AO EGITO.

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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