domingo, 7 de junho de 2009

Rá o deus



Quando o Grande deus Rá abdicou de seu trono, ele o passou a seu filho Shu, que por sua vez o deixou para seus filhos, Seb e Nut. Eles se casaram, contrariando as orientações de Rá, e passaram tanto tempo copulando que Rá finalmente ordenou a Shu que os separasse à força. Rá declarou ainda que a deusa celeste Nut, grávida, não poderia parir em nenhum mês do ano.




O grande e sábio Thoth compadeceu-se de Nut e decidiu ajudá-la. Ele barganhou com Selene, a Lua, e conseguiu luz o bastante para criar cinco dias extras para cada ano. Uma vez que esses dias não pertenciam ao calendário egípcio original, de 360 dias, Nut pôde dar à luz. Seus cinco filhos nasceram em cinco pontos diferentes do Egito. Eram eles: 
  1. Osíris, 
  2. Haroeris, 
  3. Set, 
  4. Ísis e 
  5. Néftis. 
Esses cinco dias sagrados dos nascimentos das crianças tornaram-se um período intermediário, no qual o ano velho se findava e se iniciava o ano novo para os egípcios. Ísis e Néftis eram aspectos opostos da mesma força. Ísis era a Rainha dos Vivos, esposa de Osíris e mãe de Hórus, a deusa da Lua Cheia. Néftis era a Mãe Obscura, Rainha dos Mortos, amante de Osíris e mãe de Anúbis, a deusa da Lua Nova. Ambas possuíam grandes poderes mágicos, os quais as complementavam.


"Rá-deus-sol, é a principal divindade dos egípcios, sendo o pai de todos os deuses e criador de todos os seres vivos, que surgiram das suas lágrimas. As características deste deus são poder, força e criatividade."


Está associado ao Sol e é considerado como o pai de todos os outros deuses. Certa vez, enquanto o deus estava adormecido, um de seus olhos se desprendeu de seu rosto e fugiu. Mas, graças ao deus Thoth, Rá conseguiu recapturá-lo, e as lágrimas que dele se desprenderam deram forma e vida aos seres humanos. Maravilhado com sua própria obra, Rá reconheceu que seu olho possuía um poder próprio e transformou-o na serpente Uraeus, a quem foi confiado o comando do mundo.

Rá é a principal divindade da mitologia egípcia. É o deus do Sol. O seu principal centro de culto era a cidade de Iunu, no Norte do País (depois chamada Iunu-Rá, em sua honra), à qual os gregos deram mais tarde ainda o nome de Heliópolis ("cidade do sol"). Como uma das culturas agrícolas mais antigas e mais bem sucedidas da Terra, os antigos egípcios deram ao seu deus sol, Rá, a supremacia, reconhecendo a importância da luz do sol na produção de alimentos.


Ao amanhecer, Rá era visto como uma criança recém-nascida saindo do céu ou de uma vaca celeste, recebendo o nome de Khepri
Por volta do meio-dia Rá era contemplado como um pássaro voando ou  num barco navegando.
No pôr-do-sol, Rá era visto como um homem velho descendo para a terra dos mortos, sendo conhecido como Atum. 
Durante a noite, Rá, como um barco, navegava na direção leste através do mundo inferior em sua preparação para a ascensão do dia seguinte. 

Em sua jornada ele tinha que lutar ou escapar de Apep, a grande serpente do mundo inferior que tentava devorá-lo. Parte da veneração a Rá envolvia a criação de magias para auxiliá-lo ou protegê-lo em sua luta noturna com Apep, ajudando-o a garantir a volta do Sol.

Devido à sua popularidade, o deus seria associado a outros deuses, como Hórus, Sobek (Sobek-Rá), Amon (Amon-Rá) e Khnum (Khnum-Rá). Tinha como esposa a deusa Ret (cujo nome é a versão feminina do nome Rá) ou Rettaui ("Ret das Duas Terras", ou seja, do Alto Egito e do Baixo Egito). Em outras versões surgem como suas esposas as deusas Iusaas e Ueret-Hekau

Iconografia*
A representação habitual de Rá era na forma de um homem com cabeça de falcão encimada pelo disco solar e pelo uraeus (serpente sagrada que cuspia fogo, destruindo desta forma os inimigos do deus), segurando nas mãos o ankh e o cetro uase.

Quando o deus realizava a sua viagem noturna ao mundo subterrâneo era representado como: 
  • um homem mumificado com cabeça de carneiro (Efu Rá, "o sagrado carneiro do Oeste")
  • poderia ainda figurar como uma criança real cuja cabeça emerge de um lótus
  • Rá tinha como emblema o obelisco que era considerado como um raio do sol petrificado 
  • na sua forma animal poderia encarnar como falcão, a lendária ave Fênix; ave flamejante com o dom de renascer das cinzas (uma de suas formas animais mais famosas, mas mesmo assim a consideram uma criatura da mitologoa grega)
  • leão, gato, como touro Mnévis (o ba de Rá) ou no pássaro Benu.

Rá e os faraós
Rá foi adorado desde os tempos mais remotos da história do Antigo Egito, encontrando-se associado desde cedo à realeza. Segundo alguns relatos, Rá teria vivido em Heliópolis e teria governado o Egito antes do nascimento das dinastias históricas, sendo os faraós seus descendentes. 
  1. O nome do primeiro rei da II dinastia, Raneb ("Rá é o senhor"), foi a primeira alusão registada ao deus num nome real.
  2. No período da IV dinastia a referência ao deus entra na titulatura dos faraós através do nome de "filho de Rá" (Sa Rá), que Khafré emprega pela primeira vez.
  3. Na V dinastia os reis dedicam-se a Rá estruturas ao ar livre cujo ponto mais importante era um obelisco e que são conhecidas como templos solares.



Mitos
Segundo um dos vários mitos criados em torno de Rá e que foi conservado em papiros do tempo da XIX dinastia, a deusa Ísis lançou um feitiço a Rá, que provocou-lhe uma doença. Sob promessas de cura, Rá foi forçado a revelar o seu nome secreto a Ísis, assim oferecendo-lhe acesso a uma parte de seus poderes mágicos.



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* iconografia
i.co.no.gra.fi.a
sf (gr eikonographía) 1 Arte de representar por imagens. 2 Representação de imagens num livro. 3 Conjunto de imagens relativas a um assunto.

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Origem: blog-Caminhos de hecate  –  Wikipédia  –  Dicionário Michaelis

Um comentário:

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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