O príncipe Tutancaton viveu na corte de Amarna, foi rei aos 9 anos e morreu aos 18 anos (1347-1338 a.C). Era filho de Akhenaton, de Amenófis III, ou plebeu... Desposa a terceira filha de Akhenaton, mas está pouco presente na vida pública. Seu nome é mencionado em textos, mas não é representado nas cenas dos túmulos ou nas estelas. Ao casar-se é uma criança unida a uma menina muito jovem. Essa criança se torna faraó, investido do supremo cargo num país conturbado e dominado pela incerteza, dividido entre os partidários de Amon e Aton.
A sagração não se realiza em Amarna e sim em Tebas. Dois homens o protegem:
- Ay "pai divino – tenente geral dos carros, hábil cortesão que manteve os contatos entre as duas cidades, conciliador que evita uma guerra cívil;
- Horemheb – general de fibra que comanda as forças armadas, verdadeiro senhor do Egito.
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Uma estela em quartzito, conservada no Museu do Cairo, tinha sido instalada no ângulo nordeste da grande sala hipóstila de Karnak. É nomeada "da restauração" pois conta-nos como, sob a inspiração divina de Amon, Tutancâmon devolveu seu país ao bom caminho. Horemheb que teria inspirado este grande projeto, usurpará o documento, de modo a outorgar-se o benefício das ações empreendidas por Tutancâmon.
Diz-se que o novo rei dirigiu-se ao seu palácio de Mênfis. Aconselhou-se com o seu coração e percebeu que o reinado de Akhenaton havia sido desastroso. Era indispensável restabelecer a harmonia para agradar a Amon e às grandes divindades. Os templos dos deuses e das deusas, de norte a sul, de Elefantina aos pântanos do Delta, encontram-se em estado lamentável. Os santuários estão abandonados. Só restam ruínas. As salas secretas estão todas escancaradas. O culto já não é assegurado de acordo com as tradições. Os deuses deixaram o Egito.
O mais urgente é moldar uma estátua de Amon em ouro e incrustada de pedras raras e maior do que as anteriores. O clero de Tebas ficará satisfeito. Outra estátua será dedicada a Ptah, senhor de Mênfis. Os notáveis e seus filhos são restabelecidos nas suas funções. As riquezas que pertencem aos templos lhe são restituídas. Amon amará assim a Tutancâmon mais do que a qualquer outro faraó.
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– Poderíamos crer depois de ler este texto que Tutancâmon desenvolveu uma imensa atividade arquitetônica, mas na realidade só houve renovações no domínio econômico.
- Tebas – recupera o estatuto de capital político-religiosa, muitas estátuas apresentam o nome de Tutancâmon
- Luxor – vemos o rei oferecer flores a Amon
- Heliópolis – se considera o senhor da cidade
Horemheb o general, impediu qualquer tipo de invasão, Tutancâmon lhe deu todos os poderes, era o "escolhido do rei", favorito dos favoritos, o confidente dos confidentes. Horemheb era um escriba, um homem culto, que ama acima de tudo o direito e a justiça.
Com 15 anos e no seu 6º ano de reinado Tutancâmon está habituado ao modo de vida da corte e começa a conhecer o seu ofício de rei. O Egito reafirma sua presença e o jovem faraó está prometido a um futuro brilhante. Mas Tutancâmon morre aos 18 anos, seu túmulo não está pronto e o enterram num modesto jazigo, que não estava destinado a abrigar um rei.
Sua viúva Ankhesenamon, desposará Ay, escreve uma carta ao rei dos hititas. A versão cuneiforme conservou-se:
"o meu marido morreu, os teus filhos são adultos. Envia-me um deles. Desposa-lo-ei e farei dele um rei do Egito".
O rei hitita desconfia e manda outra mensagem perguntando:
Onde está o filho de Tutancâmon? como morreu este?
Esta troca de mensagens leva tempo e há que agir depressa.
"o meu marido morreu, eu não tenho filhos".
Depois de refletir e constatar que a rainha não mentia e que era talvez possível explorar a situação, enviou seu filho para ser coroado no Egito. Mas levou tempo demais e Ay, já tinha se tornado faraó. O jovem rei hitita nunca chegou ao Egito, talvez assassinado, fato que tornou ainda mais tensas as relações entre hititas e egípcios.
Reinado de Ay
Ay conduziu as exéquias de Tutancâmon e procedeu ao ritual da abertura da boca na múmia real. Ay era já um homem importante na corte de Amenófis III, seu prestígio cresceu em Amarna, onde foi um dos íntimos de Akhenaton.
- É em seu túmulo que está gravado o «Grande Hino a Aton»
Já idoso, reina durante 4 anos ( 1337-1333 a.C ), resolve os assuntos correntes com a aprovação de Horemheb.
Reinado de Horemheb
Reina por 27 anos ( 1333- 1306 a.C ), depois de servir a 3 faraós: Akhenaton, Tutancâmon e Ay. Sua tomada de poder foi legitimada. Desposou uma princesa de sangue real. Usurpou os monumentos de Tutancâmon e de Ay, apaga os três reinados que o precederam e liga-se diretamente a Amenófis III, que considera seu antepassado. Em Tebas manda desmontar as construções de Akhenaton, mas não as destrói. Horemheb reorganiza o Egito. A autoridade central é restaurada. Um verdadeiro faraó está de novo à frente do país. Nem mesmo os mais altos funcionários escapam à justiça.
Sendo um rei piedoso, desconfia da casa sacerdotal, e escolhe alguns sacerdotes entre os seus amigos militares. Reorganiza tribunais, colocando à sua frente homens íntegros. A circulação do Nilo é restabelecida, permitindo que a economia funcione.
Com esse reinado pacífico, chega ao fim a 18ª dinastia, a mais célebre da história egípcia. A 19ª dinastia instaura-se com um rei soldado como Horemheb. O Egito prepara-se para conhecer uma etapa do seu longo percurso em que a guerra assumirá uma importância cada vez maior.
Tutancâmon não deixou muitos vestígios históricos, mas o tesouro artístico, espiritual e simbólico que nos legou fez brilhar a glória do Egito por séculos e séculos.
Fonte: 'O Egito dos Grandes Faraós' história & lendas' de Christian Jacq
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