sábado, 25 de julho de 2009

Tutmósis III

O jovem filho de Tutmósis II, só reinou praticamente na teoria, deixando o poder à sua tia Hatshepsut. Durante o brilhante reinado de sua tia, Tutmósis III permanece na sombra. As afirmações que teria estado preso são fantasiosas. Foi educado no palácio real, e se preparou, nesses longos anos, para a função de rei. Oficialmente faraó por muitos anos, só exerce realmente suas funções a partir de 1468 a.C . O mais conquistador dos reis do Egito.

De acordo com o exame de sua múmia, encontrada quebrada em 3 fragmentos e restaurada pelos sacerdotes que a salvaram da destruição, Tutmósis III era um homem de estatura e corpulência mediana.

Quando sobe ao trono, o perigo asiático torna-se real. O rei de Kadesh encabeça um movimento contra o Egito, e acontece uma longa guerra contra os asiáticos. Vão ser necessárias 17 campanhas para assegurarem a vitória egípcia, que formam os chamados "Anais" de Tutmósis III – uma espécie de diário de guerra inscrito nas paredes de Karnak.

As campanhas de Tutmósis III para ampliar as fronteiras:
  1. Gaza
  2. Síria
  3. Palestina
  4. Fenícia
  5. Mitami
Os espólios das campanhas:
  • 6500 prisioneiros
  • 4000 cabeças de gado de grande porte
  • 1000 cavalos
  • 100 quilos de ouro
Nenhuma destruição total, nenhum saque, poucos mortos de ambos os lados. As vitórias do faraó não aniquilavam o inimigo, mas dominavam economicamente as áreas turbulentas.

Tutmósis ocupou-se muito da Ásia, mas não esqueceu o sul do Egito. No ano 50 do seu reinado empreende uma campanha na Núbia. Não se tratava de uma batalha, mas de inspecionar a região.

Exército
As numerosas campanhas de Tutmósis III exigiram um exército numeroso e disciplinado. No Novo Império os faraós que praticavam uma política de conquista e intervenção, formavam um verdadeiro exército profissional com oficiais valorosos, como Ahmés, filho de Abana, que teve uma longa carreira. O exército tornou-se uma casta privilegiada, seus membros adquiriram uma glória indiscutível. Os grandes oficiais do exército egípcio, são escribas reais, letrados, homens de cultura e saber que nunca tiveram gosto pela crueldade e sangue.

Os carros têm um papel capital nos conflitos do Novo Império. O carro egípcio é ocupado por 2 soldados e puxado por 2 cavalos. Esta arma divide-se em vários grupos de 25 carros comandados por capitães que recebem ordens de um comandante. Os carros exigem uma intendência que utiliza chefes de cavalos, chefes das estribarias e uma administração especializada que vela sobre a manutenção dos "veículos" e dos animais.

O grosso da tropa é formado pela infantaria. A unidade menor é a seção de 50 homens. Uma companhia compreende 200, e cada uma delas possui um estandarte. Os soldados de infantaria usam uma tanga curta e protegem o ventre com uma peça em couro. Importado da Ásia por volta de 1600 a.C, o cavalo foi utilizado na guerra, mas também serviu para uma atividade mais pacífica: os correios. Os cidadãos comuns não montam a cavalo, mas continuam a circular a pé ou a andar de barco.

Construções
Como seus antepassados, Tutmósis também é um construtor. Ele fez de Karnak a maior obra do Egito, honrando seu pai Amon-Rá e agradecendo-lhe as vitórias. Imenso, colossal, reflexo da sua soberania celeste e terrestre. Obeliscos apontados para as nuvens a fim de dissiparem as influências nocivas e de protegerem o recinto sagrado, ou pilares maciços onde as cenas rituais contam as batalhas vitoriosas, e salas com colunas – Karnak canta ao rei dos deuses um hino de pedra.



A obra-prima do reinado é a chamada "sala das festas" o akh-menu, cujo nome egípcio significa "brilhante dos monumentos". Este conjunto de construções, que forma um todo coerente no interior de Karnak, era o templo da regeneração de Tutmósis III. As partes essencias:

  1. uma grande sala com pilares e colunas,
  2. capelas consagradas à simbólica do renascimento e
  3. outras capelas que exprimem o renascimento da natureza sob o efeito benéfico do Sol.
akh-menu foi o local de iniciação aos mistérios dos sacerdotes de Amon. O santuário de Tutmósis III é assimilado a um céu cujas portas são abertas a quem é digno de entrar nele.

Enriquecendo Karnak, Tutmósis enriquece também seu clero, mas seu caráter enérgico não precisa ser sublinhado. Não tinha boas relações com o alto clero de Amon. Foi o sumo sacerdote Hapuseneb quem permitiu a tomada de poder por Hatshepsut. Quando o faraó reinou, nomeou sumo sacerdote um amigo de infância – Menkheperreseneb. O rei não tolera partilhas : quem reina é o faraó e mais ninguém.

Restitui um certo esplendor a Heliópolis, reconstruindo edifícios em ruína ou caídos no esquecimento.

Seu vizir Rekhmire era de grande classe. Seu túmulo tebano é um dos mais belos de toda a história egípcia. O gabinete do vizir é na realidade uma enorme administração na qual estão centralizados os arquivos do reino.

Fim do reinado
Durante os últimos 12 anos não há menção sobre expedições à Ásia. As riquezas acumulam-se, o gosto pelo luxo amplia-se. O Egito é o senhor do Mundo Antigo, a maior potência militar, a mais radiosa civilização com a qual todos desejam manter boas relações.

Associa ao trono seu filho Amenófis II. Tutmósis III morre por volta de 1436 a.C , com aproximadamente 60 anos, e o Egito é um império que se estende do Eufrates ao Sudão. É a maior expansão territorial jamais alcançada pelo Duplo País.

Escavado no Vale dos Reis, o túmulo de Tutmósis III celebra cerca de 740 divindades representadas no salão principal. Entre as diversas cenas, nota-se a amamentação do rei por Ísis, numa câmara com dois pilares que apresenta uma surpreendente característica: como os seus cantos são arredondados, tem a forma de um gigantesco rolo no interior do qual o espírito do grande Tutmósis III vive para sempre.

Fonte: 'O Egito dos Grandes Faraós' de Christian Jacq

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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