sábado, 18 de julho de 2009

Depois de Ramsés II – antes de Ramsés III

O Egito estava mergulhado no caos, desde que morrera Ramsés II . Como seu sucessor, seu filho Merenptah, o império ainda tinha conseguido manter suas fronteiras, enfrentou a invasão de povos a partir da Cirenaica, que tentaram entrar no Egito sob o comando de um príncipe líbio. O faraó foi a seu encontro, e o fez fugir na "profundidade da noite". (ao lado imagem do 'sarcófago de Merenptah')

No entanto, a crise política ia crescendo, desde que Ramsés II mandara construir sua nova capital em Pi-Ramsés, no Delta. As antigas rivalidades entre o Baixo e o Alto Egito foram aumentando, Ramsés II aplacou-as com enormes donativos ao clero de Amon em Tebas. Mas eram tempos de abundância, tempos de riquezas, que entravam por todos os lados, as fronteiras expandiam como nunca em toda a sua história. Com a morte de Ramsés II, a situação começou a deteriorar, e de forma gradual, já no fim do reinado de seu sucessor Merenptah, os príncipes tebanos manobraram habilmente para não perder o poder preponderante que havia ostentado durante os últimos 400 anos.

Merenptah tomou como esposa real Ísis-Nefert, sua irmã, que lhe deu 2 filhos:
  1. o herdeiro Seti-Merenptah e
  2. a menina Tawsret
Mas com Tajat, uma das mulheres do harém, que não tinha sangue real, teve outro filho:
  1. Amenmés
Com a morte de Merenptah, o clero tebano, por meio do seu sumo sacerdote Roi, dotado de grande inteligência e detentor de enorme poder e influência, impôs Amenmés no trono como legítimo faraó do Egito. Durante 3 anos, o país continuou enfraquecendo. As arcas de Amon monopolizaram riquezas e a aristocracia tebana manteve suas parcelas de poder. Os príncipes do Delta, contrários à supremacia que de novo era imposta a eles desde o sul, iniciaram desordem ao mesmo tempo que apoiavam Seti-Merenptah, o legítimo herdeiro. O Egito se encontrava à beira de uma guerra civil. Amenmés morre repentinamente e de forma misteriosa no terceiro ano de seu reinado, Seti se proclama o rei do Alto e Baixo Egito, e reina com o nome de Seti II. (ao lado estátua de Seti II)

Naquele tempo, um estrangeiro de nome Bay, ascendeu vertiginosamente dentro do aparelho governamental, transformando-se em Grande Administrador do selo real. Seti II morre no seu 6º ano de reinado e sua irmã e grande esposa real Tawsret, ficou sozinha, tinha a alternativa de se casar com seu administrador real, e deixar sobre ele todo o peso do Estado. Mas Bay sendo estrangeiro, não podia ocupar o trono das Duas Terras, então Tawsret fez com que seu filho menor de idade, chamado Siptah, junto com Bay governassem juntos.

Siptah foi proclamado faraó com 14 anos, sofria de uma doença desde a infância, poliomielite. Mas Siptah-Merenptah (que se fez coroar com esse nome), não estava disposto a permitir que os negócios do estado continuassem nas mãos da rainha mãe e pouco a pouco foi controlando as rédeas do país. Como primeira medida, enviou generosos presentes aos funcionários núbios e nomeou um novo vice rei para esta província, de nome Seti. Com essa hábil medida, o faraó conseguiu que toda a nobreza tebana ficasse entre duas forças, com o que as revoltas ficaram sufocadas e o barco egípcio pode navegar por águas mais tranquilas. Mas lamentavelmente aos 20 anos, ele morreu e de novo Tawsret ficou com o governo, junto com seu primeiro ministro, que na sombra detinha mais poder ainda a cada dia que passava, a rainha continuou ditando a lei no país durante 2 anos, quando faleceu. Bay proclamou-se príncipe e ditou novas lei:
  • todo país a pagar tributos;
  • saqueou, junto com seus seguidores, todos os bens e rendimentos;
  • igualou os deuses com os homens;
  • proibiu as oferendas nos templos;
e a anarquia tomou conta do Egito.

Um velho general da região do Delta, aparece com determinação, ergue-se em meio ao caos, tomando o controle absoluto do país. Suas tropas foram em socorro de cidades e templos, até que limpou todo resquício de poder criado por Bay. Em apenas 2 meses, nada restava da desordem introduzida pelos asiáticos e o país estava outra vez em paz. Foi coroado com grande pompa e elevado ao trono com o nome de Usi-Khaure-Setepen-Rá, embora o povo o chamasse de Setnajt, seu nome de batismo. Com ele começa a 20ª dinastia.

Tudo volta à normalidade de antigamente e o Vale do Nilo se transforma outra vez no lugar aprazível onde os deuses voltaram a ser venerados e as velhas tradições respeitadas.

Setnajt morre 2 anos depois. Seu filho Ramsés o sucedeu. O general havia preparado bem este momento, fazendo com que seu filho governasse em co-regência com ele durante seu último ano de vida. A troca de faraó implicou apenas uma transferência de poderes oficial, pois Ramsés já governava o Egito de fato. Era o ano de 1182 a.C e com ele iniciava-se um reinado de 31 anos, que seria o do último faraó do Egito: Ramsés III .




Origem: do livro 'O Ladrão de Tumbas' de Antonio Cabanas - págs. 61 a 64.

4 comentários:

  1. A estória do antigo Egito é fascinante ! Leva-nos a repensar muitas coisas
    nos acontecimentos de hoje !A luta pelo poder é algo que vem de milhares de anos atraz! Traições entre pessoas da mesma família etc. Aí fica a pergunta , valeu a pena tanta sêde de poder ??

    ResponderExcluir
  2. A estória do antigo Egito é fascinante ! Leva-nos a repensar muitas coisas
    nos acontecimentos de hoje !A luta pelo poder é algo que vem de milhares de anos atraz! Traições entre pessoas da mesma família etc. Aí fica a pergunta , valeu a pena tanta sêde de poder ??

    ResponderExcluir

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

Comentários