sábado, 28 de março de 2009

Templo de Abu Simbel

Os colossos, voltados para o sol nascente, ganham vida novamente. O rei desperta, ri. Rei ou deus? Ambos. Os templos de Abu Simbel, escavados na rocha para a glória do deus Rá e da deusa Hathor, destinavam-se a permitir que Ramsés II e sua esposa Nefertari fossem, em vida, objeto de culto. Na fachada do grande templo, as quatro estátuas gigantes do faraó esmagam as representações das outras personagens da família real. Até na fachada do pequeno templo, o de Nefertari, a suposta senhora do lugar é representada duas vezes menor que seu real esposo. Surpreende, no entanto, a unidade – e a audácia – nesse casal de traços tão jovens e parecidos, talhados em arenito para permanecer eternamente.
Situados 280 km ao sul de Assuã, na entrada do Egito, os templos de Abul Simbel deviam inspirar temor e respeito nas populações núbias então recém conquistadas. Os quatro gigantes sugeriam sentinelas ameaçadoras, capazes de enxergar além do horizonte e prestes a dar o alarme. Ou então juízes impiedosos, capazes de infligir os piores castigos: quando alguém se aproximasse desses quatro colossais Ramsés sentados, teria a impressão de comparecer diante de um tribunal. As paredes internas do grande templo celebram as vitórias do faraó (contra os hititas, os líbios, os núbios...), com uma fabulosa representação da batalha de Qadesh. No pequeno templo, do lado interno da fachada, o soberano ordena novamente o massacre, mas, com a mão levantada, a bela e graciosa Nefertari pede-lhe clemência... Embora não seja majestoso como o grande, nem tão bem acabado, o pequeno templo, comove muito mais.
O explorador e orientalista suiço Johann-Ludwig Burckhardt, disfarçado de comerciante árabe, foi o primeiro europeu a redescobrir Abu Simbel, em 22 de março de 1814. A fachada encontrava-se tão encoberta por areia, que ele se quer sabia se os colossos estavam de pé ou sentados. Três anos mais tarde, após várias tentativas, o italiano Giovanni Belzoni conseguiu cavar  uma pequena abertura na parte superior do portal, por onde pode penetrar no monumento e ver o santuário.
"O grande templo de Ibsambul por si só já vale a viagem à Núbia: é uma maravilha"
escreveu Jean-François Champollion a seu irmão, em janeiro de 1829. Três quartos dos templos ainda estavam encobertos pela areia, e só 80 anos mais tarde esses monumentos seriam totalmente desenterrados. Um detalhe, entre tantos outros, permite avaliar a perfeição do trabalho realizado durante o reinado de Ramsés II: o raio do sol nascente que, duas vezes por ano, em fevereiro e outubro, durante os equinócios, atravessa a porta do grande templo, as trevas das duas salas hipostilas, e incide, já dentro do santuário, sobre as estátuas de Harmakis, Ramsés e Amon-Rá, como que para insulflar-lhes de novo a energia divina. Hoje, para atender aos turistas, um raio elétrico cumpre a mesma função o ano inteiro.
  • Na década de 1960, sob a égide da Unesco, aconteceu o deslocamento do sítio, antes de ser acionada a barragem de Assuã, para evitar que fosse engolido pelas águas do Nilo. Foram içados 60m acima, até uma colina vizinha. Mais de mil blocos foram recortados, reforçados por injeções de resina sintética, depois transportados. Gigantescas abóbadas de concreto permitiram reconstruir fielmente o revestimento rochoso. Os templos, inicialmente localizados à margem do Nilo, passaram a siturar-se diante de um imenso espelho d'água, encoberto pela bruma matinal. Além de evitar o naufrágio dos templos, essa reconstituição espetacular, tornou-os conhecidos no mundo todo e quase indestrutíveis. (do livro 'Egito um olhar amoroso')

2 comentários:

  1. num me ajudou em nada na pesquisa de história! quando escrever resuma por favor pra ficar mais fácio o intendimento!

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  2. lary's B...
    primeiro: vc que tem que entender e resumir para o seu trabalho de pesquisa de história e não eu
    segundo: é ENTENDIMENTO e FÁCIL, escrever certo tb é preciso!!

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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