– Reunir o saber do mundo num mesmo lugar era a fantástica ambição dos fundadores da Biblioteca de Alexandria –
Toda a literatura grega, entre outras, figurava nessa biblioteca, a maior da Antiguidade. Seus dirigentes não eram muito parcimoniosos quanto aos meios de aquisição. Ao atracar em Alexandria, os navios tinham de declarar as obras que se achavam a bordo. Estas eram entregues aos copistas antes de serem restituídas aos proprietários. Às vezes, ficavam com os originais e devolviam as cópias. Tratava-se do "fundo dos navios".
Inseparável do Museu – instituição gêmea que a completava – a biblioteca constituía também um centro de pesquisa renomado e, sobretudo, uma comunidade científica. Sábios alexandrinos, como Euclides, conviviam no cotidiano com colegas vindos de todo o litoral mediterrâneo, ou de mais longe. Entre os escritores, desenvolvia-se um cosmopolitismo intelectual inigualável.
Bibliotecários como Eratóstenes, Aristófanes e Calímaco ligaram seus nomes a esse sonho de universidade. Não eram simples arquivistas, preocupados em verificar e classificar inúmeros rolos, mas filólogos, filósofos, poetas, geógrafos, astrônomos ou matemáticos. Quando Calímaco, nascido em Cirene, chega a Alexandria para trabalhar como uma espécie de professor primário, já é conhecido por uma obra monumental, as Causas, um poema de sete mil versos sobre a origem das coisas. Eratóstenes, também natural de Cirenaica, é um dos maiores geógrafos de seu tempo: para calcular a circunferência da Terra, estabeleceria a diferença de inclinação dos raios do sol entre duas cidades do Egito, Alexandria e Siena (Assuã) situadas no mesmo meridiano.
Dessa espantosa biblioteca não ficou nenhum vestígio. Sequer sabemos onde se localizava exatamente. Sua data de nascimento é controvertida:
- surgiu sem dúvidas nos anos 300 a.C, sob o reinado de Ptolomeu I Sóter
- é possível que tenha desaperecido em 48 d.C, num gigantesco incêndio, durante a tomada da cidade por César
- só teria restado seu anexo, chamado Biblioteca Filha, que desapareceria em 391 d.C, quando foi destruído o Serapeum de Alexandria (biblioteca sucursal em Serapis)
Biblioteca Alexandrina
A idéia, sedutora e perigosa, de refazer uma Biblioteca de Alexandria nasceu na década de 1970. O patrocínio da UNESCO e diversos apoios internacionais permitiram realizá-la. Concebido por arquitetos noruegueses , o prédio de Alexandrina tem 11 andares, quatro deles abaixo do nível do mar. Não lhe faltam símbolos. Sua sala de leitura é única. Além de construída em sete níveis, que correspondem ao sete domínios do saber, é a maior do mundo. O teto de vidro, em forma de disco solar, parece emergir da água; é inclinado em direção ao mar, diante do cabo de Silsila, no lugar em que a famosa biblioteca da Antiguidade poderia ter-se localizado. No muro revestido de granito que a cerca, estão gravados caracteres dos sistemas de escrita de várias civilizações. Uma sala para congressos e um planetário completam o conjunto. Inaugurada em 2003.
(do livro 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé – fotos Wikipédia)
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