segunda-feira, 30 de março de 2009

Biblioteca de Alexandria

– Reunir o saber do mundo num mesmo lugar era a fantástica ambição dos fundadores da Biblioteca de Alexandria –



Toda a literatura grega, entre outras, figurava nessa biblioteca, a maior da Antiguidade. Seus dirigentes não eram muito parcimoniosos quanto aos meios de aquisição. Ao atracar em Alexandria, os navios tinham de declarar as obras que se achavam a bordo. Estas eram entregues aos copistas antes de serem restituídas aos proprietários. Às vezes, ficavam com os originais e devolviam as cópias. Tratava-se do "fundo dos navios".



Inseparável do Museu – instituição gêmea que a completava – a biblioteca constituía também um centro de pesquisa renomado e, sobretudo, uma comunidade científica. Sábios alexandrinos, como Euclides, conviviam no cotidiano com colegas vindos de todo o litoral mediterrâneo, ou de mais longe. Entre os escritores, desenvolvia-se um cosmopolitismo intelectual inigualável.

Bibliotecários como Eratóstenes, Aristófanes e Calímaco ligaram seus nomes a esse sonho de universidade. Não eram simples arquivistas, preocupados em verificar e classificar inúmeros rolos, mas filólogos, filósofos, poetas, geógrafos, astrônomos ou matemáticos. Quando Calímaco, nascido em Cirene, chega a Alexandria para trabalhar como uma espécie de professor primário, já é conhecido por uma obra monumental, as Causas, um poema de sete mil versos sobre a origem das coisas. Eratóstenes, também natural de Cirenaica, é um dos maiores geógrafos de seu tempo: para calcular a circunferência da Terra, estabeleceria a diferença de inclinação dos raios do sol entre duas cidades do Egito, Alexandria e Siena (Assuã) situadas no mesmo meridiano.

Dessa espantosa biblioteca não ficou nenhum vestígio. Sequer sabemos onde se localizava exatamente. Sua data de nascimento é controvertida:
  • surgiu sem dúvidas nos anos 300 a.C, sob o reinado de Ptolomeu I Sóter
  • é possível que tenha desaperecido em 48 d.C, num gigantesco incêndio, durante a tomada da cidade por César
  • só teria restado seu anexo, chamado Biblioteca Filha, que desapareceria em 391 d.C, quando foi destruído o Serapeum de Alexandria (biblioteca sucursal em Serapis)
Na Europa, durante muito tempo acreditaram que os árabes eram responsáveis por essa destruição, quando conquistaram o Egito no século VII: Amr Ibn al-As teria dado a ordem de transformar as obras em combustíveis para os banhos públicos da cidade, e teriam sido necessários seis meses para queimar tudo. (Uma lenda entre outras)

Biblioteca Alexandrina
A idéia, sedutora e perigosa, de refazer uma Biblioteca de Alexandria nasceu na década de 1970. O patrocínio da UNESCO e diversos apoios internacionais permitiram realizá-la. Concebido por arquitetos noruegueses , o prédio de Alexandrina tem 11 andares, quatro deles abaixo do nível do mar. Não lhe faltam símbolos. Sua sala de leitura é única. Além de construída em sete níveis, que correspondem ao sete domínios do saber, é a maior do mundo. O teto de vidro, em forma de disco solar, parece emergir da água; é inclinado em direção ao mar, diante do cabo de Silsila, no lugar em que a famosa biblioteca da Antiguidade poderia ter-se localizado. No muro revestido de granito que a cerca, estão gravados caracteres dos sistemas de escrita de várias civilizações. Uma sala para congressos e um planetário completam o conjunto. Inaugurada em 2003.
(do livro 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé – fotos Wikipédia)

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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