A criação de gado, em uma sociedade agrícola como a egípcia, tornou-se uma atividade econômica de primeira ordem. Várias divindades do panteão egípcio foram identificadas com alguns dos animais domesticados.
A prática da criação de gado no Egito remonta ao Neolítico. A decoração dos túmulos do Antigo Império, em que se mostram cenas de criação de gado, permite-nos conhecer como esta atividade se realizava. Sabe-se que levavam os rebanhos para áreas de pastos abundantes. Os pastores que acompanhavam as reses sabiam ajudar as vacas quando estas pariam e eram capazes de carregar os bezerros aos ombros. Selecionavam os melhores exemplares e levavam-nos para granjas onde eram criados. Procedia à engorda, que se tornava carne para o palácio real e para os templos. Às espécies próprias do Egito, como o boi de chifres compridos, juntaram-se outras oriundas do Oriente Médio e de várias regiões do norte da África. O gado vacum era o mais abundante. As grandes manadas pertenciam a importantes proprietários, que tinham sob suas ordens capatazes e supervisores que controlavam o trabalho dos pastores, dos que davam forragem aos animais e de outros ajudantes. Os camponeses também tinham gado que, além de fornecer alimento e peles, ajudava-os nos trabalhos de campo.
– Embora a criação de bovinos fosse abundante, havia criação de outras espécies também como:
- asininos
- caprinos
- ovinos
- suínos (só consumido pelas classes baixas)
- vários tipos de aves
- cavalo (a partir de 1700)
- camelo (no século VI)
- galináceos (na época helenística)
Os bovinos para criação – a variedade mais abundante no Antigo Império era a de chifres compridos, sobretudo os de chifres de forma de lira. Hoje essa raça só se encontra no Sudão. Mais tarde esta variedade foi substituída por uma de chifres mais curtos e patas mais finas, cujas manadas eram formadas sobretudo por vacas e bezerros.
A engorda – eram feitas nas granjas especializadas na criação de animais. Prendiam cada um dos animais isoladamente e introduziam-lhe à força na boca bolas de comida, geralmente de farinha (cena que aparece em muitos baixo-relevo e pinturas de túmulos).
A ordenha – além de sua força de trabalho, da pele e da carne, o gado bovino fornecia leite. Para obtê-lo, o pastor agachava-se para fazer a ordenha, enquanto o bezerro ficava amarrado a uma das patas da mãe.
Os animais de caça – outro animal criado em cativeiro foi o burro, que era uma variedade de asno selvagem da Núbia. Foi usado no transporte de mercadorias e também em trabalhos agrícolas, como a semeadura e a lavoura.
Os ovinos e os caprinos – os egípcios apreciavam a pele, o leite, a lã e a carne das cabras e das ovelhas. As raças distinguiam-se pela forma dos chifres. Algumas tinham chifres compridos e enrolados em espiral, que cresciam horizontalmente, como o do deus Cnum. Outras em espiral tocando a cabeça. A cabra doméstica podia ter os chifres compridos ou curtos.
O gado no Egito atual – hoje os tipos de gado mais abundantes nas ribeiras dos canais do Nilo são ainda, o bovino e o ovino. Ambos são produtores de alimentos, e o bovino continua a ser uma força de trabalho.
Cnum – o carneiro, animal considerado excepcionalmente prolífico pelos egípcios, simbolizava um dos deuses relacionados com a criação. Segundo a lenda, o deus Cnum, um homem com cabeça de carneiro, era quem modelava, em seu torno de oleiro, os corpos dos deuses e, também, dos homens e mulheres, pois plasmava em sua roda todas as crianças ainda por nascer. Seu centro de culto era a cidade de Elefantina, junto à primeira catarata do rio Nilo. Um dos velhos deuses cósmicos, é descrito como autor das coisas que são, origem das coisas criadas, pai dos pais e mãe das mães. Sua esposa era Heqet, deusa com cabeça de rã, também associada à criação e ao nascimento.
Fonte: Egitomania - fascículos 2001
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