segunda-feira, 25 de maio de 2009

Uma longa cronologia egípcia

As mudanças do nível do Nilo, parecem coincidir com os altos e baixos da história política do Egito. Um nível muito baixo – reduzia as plantações a campos secos e estéreis; alto demais – danificava os sistemas de irrigação. Ambos os extremos provocavam fome e caos.

Tradição artística
4500 a 3000 a.C
Uma predileção pelo ornamento aparece na cerâmica mais antiga. Vasos pré dinásticos apresentam desenhos geométricos entalhados, hipopótamos e crocodilos moldados e motivos pintados, como barcos a remo e dançarinos. A cerâmica era comum em todo o Egito e as mudanças de estilo fornecem pistas para a datação de locais.

Surgimento do Estado
cerca de 3100 a.C
Na era primitiva, coroas diferentes simbolizam a autoridade em cada uma das regiões: os governantes do Alto Egito usam uma coroa branca; os do Baixo Egito, uma coroa vermelha. Juntas elas formam a coroa dual, símbolo da unificação das duas regiões.

O rei-serpente
2950 a 2775 a.C
A serpente ou djet, identifica o 3º rei da 1ª dinastia numa estela de pedra – na verdade o seu túmulo. A estela contém a representação de um edifício e do deus falcão Hórus, ressaltando o nome do rei. Esse monumento encontra-se em Abydos, mas o corpo do rei provavelmente foi destruído por saqueadores.

Uma figura pública
cerca de 2650 a.C
Embora não fosse rei nem sacerdote, Imhotep teve seu nome imortalizado graças a seus múltiplos talentos. Conselheiro do rei Djoser, arquiteto da pirâmide de Saqqara e provável autor de textos literários e médicos, foi reverenciados pelos egípcios como deus da sabedoria. Estatuetas o mostram segurando um rolo de papiro.

Morte nobre 
2650 a 2150 a.C
Os faraós tinham na morte as mesmas necessidades da vida. A tumba tornava-se sua morada terrena, onde ele dispunha de alimento, bebida e bens materiais. Sua múmia, preservada para a eternidade com as feições intactas, era o portal entre os dois mundos, oferecendo ao seu espírito um caminho para o reconhecimento do sustento do corpo.

Transição e declínio
2350 a 2159 a.C
Figuras esqueléticas na pirâmide de Unas, o último rei da 5ª dinastia, prenunciam a fome que contribuiu para lançar o Egito no Primeiro Período Intermediário. "O país inteiro parece um gafanhoto faminto", diz uma terrível inscrição da época. Outros textos registram seca, tempestades de areia e até uma mulher que foi obrigada a comer pulgas.

Reunificação
2010 a 1960 a.C
Devastado por lutas políticas, fome e doenças, o Egito dividiu-se em dois estados antagônicos. Quando assumiu o trono de Tebas, Mentuhotep II decidiu reconquistar o Baixo Egito. A sucessão de nomes que adotou reflete o progresso de seu reinado: Aquele que Dá Ânimo às Duas Terras, Senhor da Coroa Branca(Alto Egito) e por fim, Unificador das Duas Terras.

Avanço à Núbia
1900 a 1800 a.C
O Egito enviou muitas expedições à Núbia a fim de obter pedras para construção, marfim e outros artigos de luxo. Após as convulsões do Primeiro Período Intermediário, conquistou o território núbio até Semna, no sul, para assegurar a fronteira e as rotas comerciais. Muitos núbios capturados foram incorporados depois às tropas egípcias.

Domínio asiático
1630 a 1520 a.C
Estrangeiros conhecidos como hicsos controlaram o norte do Egito durante o Segundo Período Intermediário. Nas crônicas, eles foram apresentados como invasores e péssimos governantes. Apesar disso, os hicsos provavelmente originários da Ásia ocidental, mantiveram intacta parte da cultura e da estrutura política do Egito.

Comércio com Punt
1473 a 1458 a.C
Em algum lugar ao sul do Egito situava-se a terra de Punt. Expedições comerciais, que para chegar lá cruzavam o Mar Vermelho, retornavam com artigo de luxo como mirra, ébano, marfim e babuínos. Um relevo no templo da rainha Hatshepsut, em Deir el Bahari, retrata a corpulenta rainha de Punt recebendo uma dessas delegações.

A queda de Jope
cerca de 1450 a.C
Durante o Novo Império, as guerras travadas contra as cidades estado da Ásia ocidental visavam proteger o Egito de invasões, mas a vitória redundou em ricos butins e cativos que se tornaram trabalhadores valiosos. Tutmóses III deixou um legado de campanhas respeitado no Egito por muito tempo. O cerco de Jope, , atual Jafa, em Israel, tornou-se legendário. Segundo um raro papiro, o general comandante Djehuty recorreu a um estratagema para romper a resistência da cidade. Mandou entregar a Jope cestos que deviam conter bens saqueados pelo príncipe local. Naquela noite, os soldados egípcios saíram dos cestos e abriram as portas da cidade.

Faraó herege
1353 a 1336 a.C
Os raios de sol iluminam Akhenaton, sua rainha Nefertiti e suas filhas numa cena que ilustra uma breve e radical experiência religiosa. Abandonado Amon-Ra, o deus do Estado, o faraó passou a adorar o deus Aton e trocou seu nome, Amenófis "Amon está contente", por Akhenaton "servidor de Aton". Mas seus sucessores retomaram a antiga religião.

Guerra e paz
1279 a 1213 a.C
Expandindo-se desde sua base, na Ásia Menor, os hititas desafiaram o poderio egípcio na costa oriental do Mediterrâneo. Após uma série de batalhas nas quais nenhum dos lados prevaleceu, o egípcio Ramsés II e o hitita Hatusil III assinaram um tratado. Os dois impérios tornaram-se aliados e Ramsés II escolheu uma princesa hitita para ser uma de suas esposas.

Nova ambição
945 a 925 a.C
Um militar de origem líbia, Sesonq I – o rei Sesac da Bíblia – assumiu o poder num país dividido. Depois de impor sua autoridade sobre os centros rivais de Tânis e Tebas, voltou sua atenção para o exterior. O rei Salomão havia morrido e as duas partes de seu reino, Judá e Israel, estavam em conflito. Esperando recuperar o controle das rotas comerciais no território que fizera parte do Império Egípcio, Sesonq invadiu a Palestina. Parte de seu exército marchou para o Negueb e o restante para várias cidades do norte. Jerusalém pagou uma fortuna em tributos, e Sesonq recuou. Suas vitórias foram imortalizadas num relevo em Karnak.

Domínio persa
525 a 332 a.C
O Egito não resistiu aos persas. Conquistado por Cambises, tornou-se uma simples província de um vasto império. Os egípcios os expulsaram, mas Nectanebo II, o último rei da 30ª dinastia, foi também o último soberano nativo. Os persas recuperaram o controle até serem derrotados por Alexandre, o Grande.

Alexandre e os ptolomeus
332 a 30 a.C
Antes de deixar o Egito, Alexandre, o Grande, fundou Alexandria, cidade que se tornou um centro de literatura, filosofia e ciência do mundo antigo. Alexandre morreu na Babilônia, aos 33 anos de idade. Um dos seus generais, Ptolomeu, assumiu o controle do Egito, dando início a uma dinastia grega que adotou o estilo dos faraós. Alguns pesquisadores entendem que Cleópatra, última representante da dinastia, foi a única que aprendeu a falar egípcio. Como Roma tornara-se uma grande potência no Mediterrâneo, Cleópatra aliou-se a Júlio César e, mais tarde a Marco Antônio, mas em vão Derrotada pelas forças de Otávio na batalha de Áccio, ela se suicidou.

A era romana
30 a.C a 395 d.C
As importações de cereais egípcios eram importantes para a crescente população de Roma. Para legitimar seu domínio aos olhos dos egípcios, os romanos resgataram tradições reais como a construção de templos. Quando o Império Romano se dividiu, os governantes bizantinos assumiram o Egito.

Fonte: Encarte da Revista National Geographic Brasil – 2001

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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