terça-feira, 19 de maio de 2009

A Vida depois da Morte

Os egípcios não viam a morte como um fim, mas como o início de uma nova existência. Para a viagem ao Além, cercavam-se de tudo o que tinham usado em vida. Móveis, alimentos e jóias eram colocados nos túmulos junto ao corpo mumificado.

Os egípcios acreditavam que o corpo era constituído de diversas partes:
  • o ba – alma
  • o ka – força vital
  • o akh – força divina inspiradora da vida
Para alcançar a vida depois da morte, o ka necessitava de um suporte material, que habitualmente era o corpo (khet) do morto. Este devia manter-se incorrupto, o que conseguia com a técnica da mumificação. Os sacerdotes funerários encarregavam-se de extrair  e embalsamar as vísceras do corpo. O tipo de mumificação variava conforme a classe social a que o defunto pertencia. A técnica de embalsamar era muito complicada, e os sacerdotes deviam ter conhecimento de anatomia para extrair os órgãos sem danificá-los. Durante o processo de mumificação, os sacerdotes colocavam uma série de amuletos entre as ataduras com que envolviam o cadáver, nas quais estavam inscritas fórmulas destinadas à sobrevivência dos mortos.

Uma vez preparado o cadáver e depositado no sarcófago, fazia-se uma procissão que o conduzia ao túmulo. Abrindo o cortejo ia o sacerdote funerário, ao qual se seguiam vários criados que transportavam os objetos pertencentes ao morto. Esses objetos tinham a missão de lhe proporcionar comodidade no Além. O sarcófago era conduzido por um trenó, enquanto outro levava os vasos canopos. Quando a procissão chegava ao túmulo, o sacerdote realizava o ritual de abrir a boca da múmia, com o qual se acreditava que ela voltava à vida. Todo o material funerário, juntamente com o sarcófago e as oferendas, era depositado no túmulo, que a seguir, era selado para que nada perturbasse o eterno repouso do defunto. Assim, o morto iniciava um longo percurso pelo mundo além túmulo. Anupu, guardião das necrópoles e deus da mumificação, levava-o perante Osíris, soberano do reino dos mortos, juntamente com outros deuses, realizava a chamada psicostasia – em que o coração do defunto era pesado. Se as más ações fossem mais pesadas que uma pena, o morto era devorado por um monstro. Se passasse satisfatoriamente por essa prova, podia percorrer o mundo subterrâneo, até o paraíso.


Anupu e a mumificação
O guardião das necrópoles. Sua cabeça em forma de chacal, representa seu animal favorito, evoca os animais que vagueavam pelos túmulos. Os sacerdotes embalsamadores tinham-no como patrono, e colocavam uma máscara de chacal no ritual da mumificação.



Escaravelho
Entre as camadas de ataduras, eram colocados vários amuletos, alguns tinham forma de escaravelho, geralmente colocado no lugar do coração, eram autênticas jóias.



Sarcófagos
A múmia era colocada em um sarcófago, que poderia ser de pedra, de madeira coberta com materiais preciosos, ou simplesmente de madeira. Inicialmente eram retangulares, porém mais tarde, foram construídos com formato de ser humano.



Os uchebtis

Palavra que significa "os que respondem", eram pequenas estatuetas colocadas no túmulo para servir o defunto no Além. Os mais valiosos eram feitos de ouro e de lápis-lazúli, mas também havia os fabricados em terracota, madeira, pedra ou faiança. Muitas vezes eram figuras masculinas, com um arado ou uma enxada e um cesto às costas. Na parte da frente escrevia-se um capítulo do Livro dos Mortos, ao recitar esse texto, ganhavam vida e podiam trabalhar no lugar do morto. Em alguns túmulos, encontrava-se 365 uchebtis, cada um correspondendo a um dia do ano. Nos dos faraós, a quantidade dos uchebtis podia ser até maior.





As máscaras funerárias
O defunto devia ser reconhecido no Além. Por isso, por cima das ataduras do corpo mumificado, colocava-se uma máscara com um retrato idealizado do morto. As máscaras dos faraós eram feitas de ouro e lápis-lazúli. Segundo o mito, a carne dos deuses era de ouro, seu cabelo de lápis-lazúli e os ossos de prata, material muito raro no Egito. Os faraós eram representados como o deus Osíris, soberano dos mortos. Na cabeça levavam o nemes – adorno listrado enfeitado na parte da frente com a serpente protetora dos faraós. Os braços ficavam cruzados sobre o peito. Numa das mãos segurava o cetro real e na outra um chicote.



Origem: Egitomania fascículos 2001

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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