quarta-feira, 6 de maio de 2009

Trabalhos agrícolas

O turista que percorre os campos irrigados pelos canais que partem do Nilo contempla cenas agrícolas muito semelhantes às que se podiam ver há cerca de 4000 anos.

"Não existe homem no mundo que obtenha o fruto da terra com tão pouco esforço... O rio cresce espontaneamente, rega os campos e, depois de os regar, retira-se outra vez". Essas foram as palavras de Heródoto quando viu o Nilo, mas nada podia estar mais longe da realidade. O camponês egípcio passava a maior parte do dia cuidando dos campos e protegendo-os contra a seca e as pragas. No outono, arava e semeava quando o solo ainda estava encharcado, obtendo assim, maior rendimento dos instrumentos simples que utilizava. A tarefa seguinte consistia em cuidar da rega, pois o êxito da colheita dependia de levar água até as plantações. Vigiava diques e canais para ver se levavam água para os campos e, nos lugares em que não existiam, utilizava outros métodos, como as cisternas e o chaduf (uma vara comprida com um contrapeso em um extremo e um recipiente no outro).


– As culturas mais importantes eram a de linho e de cereais, dos quais se obtinha duas colheitas:
  • a principal recolhia-se no final do inverno
  • e a menos abundante, no verão
Uma vez crescidas as espigas, era necessário, segá-las. O trabalho de camponês  era vigiado pelos escribas, que tratavam de arrecadar os impostos conforme os rendimentos obtidos  e de castigar quem não cumprisse o estipulado. Os grãos eram guardados em silos e armazéns, administrados, na maior parte, pelo Estado e pelos templos. Os celeiros deviam estar sempre cheios para fazer frente a épocas de más colheitas e para fornecer mantimentos ao exército e aos funcionários.

A irrigação – era feita nos campos por meio de vários sistemas : a roda vertical ou saqlya, os canais, o chaduf, ou ainda outro método mais simples que consistia em recolher a água com vasilhas e transportá-las até os campos cultivados.

O aradoutilizavam vários instrumentos para sulcar a terra. O tipo mais comum consistia em duas varas verticais, cuja extremidade inferior era unida e segurava a grade que se introduzia na terra. O arado só atuava sobre a camada mais superficial do solo, portanto não o renovava usando as camadas mais profundas da terra. Os animais usados para puxar carretas eram a vaca e o boi, às vezes também utilizados em cortejos fúnebres.

A ceifa – nos campos pertenciam ao Estado, o cultivo efetuava-se por meio das prestações obrigatórias de trabalho. Inicialmente nas ceifas utilizava-se foice com lâmina de madeira, na qual se incrustavam dentes de sílex, com o tempo, este instrumento foi sendo aperfeiçoado e substituiu-se a lâmina de madeira por uma de metal em forma de curva.

Transporte e armazenamento – as espigas eram agrupadas formando molhos para serem transportadas até a eira. O grão, uma vez separado da palha, era colocado em cestos carregados pelos trabalhadores, ou nas costas dos burros. Depois os grãos eram colocados em recipientes, ânforas (vasilhas de barro), e sacos que eram os mais usados. Os homens carregavam os recipientes para o celeiro, enquanto o escriba os vigiava,  anotava todo grão que entrava e castigava aqueles que não levavam a quantidade estipulada, punição mais frequente eram os açoites.

Celeiro – depois de eliminadas a impurezas, o trigo era depositado em silos, que eram rebocados por dentro e tinham uma abertura na parte superior, por onde os grãos eram despejados, em seguida fechado. Outro orifício lateral permitia a retirada do trigo, na medida necessária. Os egípcios cultivam legumes, hortaliças e diversos cereais, mas os alimentos básicos eram o trigo e a cevada.



A mulher no campo
Os trabalhos do campo competiam não só ao homem, mas também a toda família. A mulher tinha de realizar tarefas específicas, entre elas limpar e crivar os grãos. Em diversas pinturas encontradas em túmulos, a mulher aparece ao lado do marido ajudando-o no cultivo dos campos do paraíso.



Fonte:Egitomania - fascículos 2001

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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