sexta-feira, 1 de maio de 2009

Texto da Estela de Intef

Diante do colérico eu sou um silencioso,
Um homem tolerante face a face com o ignorante,
De modo a apaziguar toda briga.
Eu sou um ser calmo, livre de exaltação,
Que conhece o que deve advir e o espera
(serenamente).
Eu sou aquele que se expressa nas situações de conflito,
Mas que conhece (para melhor evitá-las) as palavras
que provocam a cólera.
Eu tenho o controle de mim mesmo,
Sou amável e amigável,
Apaziguo o que chora com palavras de conforto.
Tenho o rosto iluminado para aquele que me implora,
Realizo atos úteis a meus semelhantes.
Identifico a trapaça mal ela se manifesta,
Minha fisionomia é irradiante, minha mão aberta,
E não guardo para mim os alimentos que possuo.
Para aquele que não conhece, eu sou aquele que conhece,
Aquele que lhe ensina o que pode ser útil.
Eu sou alguém que escuta e entende o que é correto,
E que medita sobre isto em seu coração.
Eu sou alguém que se realiza em todas as suas funções,
Que mantém sua calma, livre de excitação,
Sou exato como uma balança.
Preciso e justo como Thot.
Meu passo é firme,
Meu conselho valioso,
Sou um conhecedor que ensina a si mesmo
o que deve ser conhecido.

Estela de Intef (Museu Britânico 581)

Um comentário:

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

Comentários