O afeto que os egípcios não se envergonhavam de demonstrar por suas crianças se relacionava com a condição altamente favorável da mulher na sociedade. Apesar das mulheres não terem se tornado oficiais seculares nem tomado parte no comércio e nas expedições, elas podiam se transformar em sacerdotisas da alta hierarquia. O mais imortante era o gozo de amplos direitos de posse: mesmo depois de casadas, elas podiam possuir serventes, escravos, casas, terras ou outras propriedades, adotar crianças e herdar os bens paternos ou os do marido.
- Em resumo, elas estavam em melhores condições legais que as mulheres britânicas do século XIX, chegando a se transformar em rainhas do Egito.
Os faraós da famosa 'Décima Oitava Dinastia' se casaram por 200 anos dentro desse âmbito familiar, alardeando sua saúde e força física – pode ser questionado, entretanto, se a peculiar aparência de Akhenaton foi fruto de tais uniões.Fora da realeza, não havia motivos que justificassem casamentos incestuosos, e não há nenhuma indicação de eles terem ocorrido. Mesmo em círculos régios, há apenas um caso de um irmão se casado com uma irmã de pai e mãe. Todos os textos de sabedoria exortam os maridos a tratarem suas mulheres de maneira exemplar, mantendo-se fiéis a elas. Uma esposa infiel podia ser queimada viva com seu amante, e ambos terem suas cinzas lançadas ao Nilo – uma punição horrível para os egípcios, pois seria determinante por toda a eternidade.
Exceção feita às classes mais pobres, os maridos egípcios não compartilhavam habitualmente o leito com suas esposas; as ocasiões em que o faziam eram determinadas pelo caráter auspicioso do dia. Segundo Diodoro, até mesmo o faraó – talvez seja melhor dizer sobretudo o faraó – não estabelecia relações sexuais com sua esposa se o dia não tivesse "propício".
(do livro 'História Ilustrada do Antigo Egito' de Paul Johnson)
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