terça-feira, 14 de abril de 2009

A Batalha de Tebas

de Nagib Mahfuz
Editora Record - romance
382 páginas

Mais notável escritor egípcio, Nagib Mahfuz, Prêmio Nobel da Literatura em 1988, começou sua carreira literária escrevendo romances históricos, até chegar a compor retratos modernos de seu país. Num Egito sem tradição romanesca – da qual ele foi, na verdade, o fundador – e com um passado tão opulento, seria quase impossível resistir a tentação de tomar como objeto o mundo dos faraós e das pirâmides. A Batalha de Tebas é um romance que pertence a essa fase. Trata de um difícil período do Egito Antigo, o dos quinhentos anos, no final do Médio Império, em que o país esteve sob o domínio dos hicsos. Um povo de origem obscura, conhecido por sua agressividade, que se instalou, ao longo de três dinastias, na capital de Mênfis – cujas ruínas estão, hoje na periferia do Cairo. O romance relata as circunstâncias da morte de Sekenen-Rá, o governador de Tebas, a capital da parte sul do país, hoje conhecida como Luxor. Dez anos depois, enquanto seu filho, Kamus, se esconde em Nabata, o neto Ahmus (Ahmés), disfarçado de mercador, retorna a Tebas para preparar a grande batalha de libertação. Nagib Mahfuz, deixou de escrever romances em 1994 – depois de ser esfaqueado por um fanático islâmico – que sempre defendeu a tolerância e a paz, usa esse heróico epsódio da história antiga para retratar uma clássica guerra de libertação que, afora os recursos bélicos, em pouco difere daquelas que se travam hoje na região.

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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