domingo, 12 de abril de 2009

Templo de Khonsu

Isolado do resto das construções de Karnak, ergue-se um magnífico exemplo de arquitetura religiosa do Novo Império: o Templo de Khonsu. O edifício, muito bem conservado, transporta o visitante para o tempo em que sacerdotes, de cabeças raspadas e vestidos de linho branco, passeavam entre os seus muros.

modelo do templo de Khonsu

O deus Khonsu, o filho da tríade tebana, morava em um pequeno templo situado no ângulo sudoeste do recinto principal de Karnak. A estrutura desse edifício era típica das construções religiosas do Novo Império. Uma grande avenida de esfinges conduzia até a entrada, ladeada pelas torres do pórtico. Após a entrada, seguia-se uma série de salas e, ao fundo, a estátua do deus. O templo começou a ser construído no reinado de Ramsés III, mas as obras só foram concluídas na época ptolomaica, por isso muitos faraós deixaram a sua marca nas diferentes salas do edifício. Embora o corpo principal do recinto date da XX dinastia, escavações realizadas no subsolo de várias seções levam a crer na existência de construções anteriores.

O interior do templo de Khonsu, como o da maioria dos templos egípcios, era concebido de tal forma que o teto e o chão das salas se aproximavam à medida que se penetrava no edifício. A progressiva elevação do piso e, ao mesmo tempo, a descida do teto provocavam uma diminuição  gradual da luz, até tudo ficar mergulhado na penumbra, o que proporcionava o recolhimento necessário ao culto. O projeto original do templo sofreu pequenas modificações ao longo do tempo. Foram anexados santuários na parte posterior, acrescentou-se uma colunata diante dos pórticos e, por último, foi ampliado o acesso com uma porta monumental que precedia todo o conjunto. A transformação final deu-se quando foi construída uma igreja cristã no interior do santuário. O chão rebaixado para facilitar o acesso à entrada principal, e o barco do deus e a sua estátua foram substituídos por um altar. Abandonaram-se assim, os antigos ritos e instaurou-se um novo que, graças à comunidade copta, viria a subsistir até os nossos dias em diversas regiões do Egito. Atualmente, várias campanhas arqueológicas estão devolvendo ao templo de Khonsu o aspecto que teve na época faraônica.

  • A decoração interior nas paredes do templo mostram baixos-relevos relativos à tríade tebana e aos faraós construtores. Também figuras que reuniam os atributos de vários deuses numa só.
  • A decoração do pátio foi encomendada por Ramsés XI a Herihor, sumo sacerdote de Amon-Rá depois se tornaria faraó da XXI dinastia. Os baixos relevos demonstram a ambição desse sacerdote, que se fez representar do mesmo tamanho que o faraó e a realizar atividades típicas do rei. As cartelas com seu nome datam da época em que já era faraó.
  • Duas enormes torres, que constituíam os pilones, ladeavam a entrada do templo. Na frente dessas construções conservavam-se as bases de uma colunata erigida por Taharka, faraó da XXV dinastia.
  • Os egípcios desconheciam o uso de arco e da abóboda, e utilizavam elementos horizontais como sistema de cobertura.
  • A projeção em relevo da planta do templo de Khonsu, ilustra a estrutura característica dos edifícios religiosos do Novo Império. Existiam, contudo, outros tipos de templos, cuja forma dependia da época da construção e do culto que neles praticavam. Os templos descobertos, os encravados nas rochas, os de acesso restrito com ritos de iniciação, e os de ritos solares, praticados à vista de todos.

o templo de Khonsu é o localizado no nº 9


Partes de um templo egípcio

O templo egípcio era a representação, em pedra, do Universo. O edifício articulava-se em torno de um eixo longitudinal, que simbolizava o rio Nilo, e era cercado por uma muralha. A sua estrutura compreendia diferentes partes:

  1. a avenida – caminho de acesso ao edifício ladeado por várias fileiras de esfinges, cuja missão era vigiar e proteger o templo.
  2. o pilone – composição monumental formada por duas torres de forma trapezoidal e pelo portal de acesso ao templo. Evocava o maciço que tinha de salvar o Nilo para penetrar no Egito e as montanhas que impediam a saída do Sol. No exterior, havia saliências nas quais se colocavam os mastros dos estandartes do deus.
  3. o pátio ou peristilo – espaço aberto no centro e com pórticos em três dos seus quatro lados. Dava acesso aos recintos de uso restrito.
  4. a sala hipostila – local coberto por um teto sustentado por número variável de colunas e escassamento iluminado.
  5. o santuário – lugar reservado à estátua da divindade e a tudo o que se relacionasse com o seu culto. Encontrava-se na parte mais interior do templo, escondido na penumbra. Tinha diferentes recintos, entre eles a sala da barca processional, os armazénns e o naos.
acompanhar a explicação com o exemplo do desenho acima, do Modelo de Khonsu

Fonte: Egitomania, o fascinante mundo do antigo Egito

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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