Os faraós do Novo Império escolheram um vale a margem ocidental de Tebas para lugar do seu último repouso. Oficialmente, era conhecido como Ta Sejet Âat, "a Grande Pradaria", mas Champollion, no século XIX, deu-lhe pela primeira vez o nome de Vale dos Reis. A escolha desse local não foi uma questão de acaso, mas sim para seguir o costume religioso de situar no horizonte ocidental o reino dos mortos. Este caráter funerário foi reforçado pela presença de uma montanha em forma de pirâmide, el-Qurn, que presidia o vale e recordava os túmulos dos faraós do Antigo Império. O Vale dos Reis é um wadi (leito seco de um rio), escavado entre as montanhas tebanas. O seu curso bifurca-se em dois ramais:
- o ocidental – o Vale dos Macacos onde se encontram quatro sepulturas, entre elas as de Ay e de Amenófis III
- o principal – o Vale dos Reis onde foram escavadas mais 58 sepulturas
O primeiro faraó a utilizar este vale para construir o seu túmulo foi Amenófis I (1527-1506 a.C.) O conceito de complexo funerário existente até essa época mudou com ele:
- o túmulo foi separado do templo, e este passou a ser construído próximo à margem do rio ou em outro vale.
- o da XVIII dinastia, em forma de ângulo reto,
- e o da XX dinastia, de tipo retilíneo
O Fundador foi Amenófis I, filho do faraó Amhés I (Amósis) e da rainha Amósis Nefertari, foi o artífice da renovação dos costumes funerários, que pouco tinham variado desde o Antigo Império, bem como o fundador da necrópole do Vale dos Reis. Este fato levou-o a ser divinizado e a adquirir entindade própria como deus celestial. Embora testemunhos da época lhe atribuam uma sepultura no vale, esta ainda não foi encontrada.
O Túmulo de Seti I (1305-1289 a.C.) tem o projeto básico dos corredores que desciam da entrada até o poço ritual e a sala dos pilares foi ampliada com construção de algumas novas salas, duas delas na camâra sepulcral, e de um corredor, saindo da cripta e desembocando em uma sala onde ficava o sarcófago, descendo até uma sala mortuária simbólica. Talvez o mais notório seja o fato de o teto da camâra do sarcófago ser abobadado, o que é uma novidade em relação aos restos dos túmulos do vale. Todas as salas e corredores deste túmulo são decoradas. Além de passagens de textos religiosos, surgem outros temas relacionados com a vida cotidiana ou com observações astronômicas. Nos pilares da paredes da sala que antecede a camâra do sarcófago aparece o rei ao lado de diferentes divindades.
O Túmulo de Ramsés I (1305-1303 a.C) de pequenas dimensões é engrandecido pela qualidade das suas pinturas. Em uma das paredes da camâra sepulcral aparece Rá, com cabeca de carneiro, a bordo do seu barco protegido por uma cabine cercada pela serpente Mehen, dirigindo-se para o Além.
O Túmulo de Ramsés III (1184-1153 a.C) este sepulcro visitado desde a época greco-romana, mantinha a estrutura típica dos túmulos da XIX dinastia: um eixo longitudinal, ao longo do qual se sucedem salas e corredores. Naquela época, as camâras adjacentes à sala do sarcófago ficavam nas esquinas. As paredes do túmulo foram decoradas com baixo-relevos e pinturas. Nas camâras anexas, foram representadas cenas da vida cotidiana, a armada real, tocadores de harpa com seus instrumentos musicais ou cenas do tesouro real.
O sarcófago de Amenófis II fica no centro da cripta, de quartzito vermelho e para garantir a sua função protetora, foram pintadas na superfície exterior imagens de deuses e amuletos, como o deus Anúbis, com corpo humano e cabeça de chacal ou olho udyat. As paredes da sala do sarcófago está dividida em três seções: a inferior, monocromática; a principal que representa passagens do livro de Amaduat, ou Livro dos Mortos; e a superior que fecha o mural com uma linha de sanefas, ou largas tiras de ornamentos de jejer, motivos que imitam as pontas de lança que coroavam as paredes dos palácios.
A entrada e o interior de um túmulo tem a porta de acesso e o selo da necrópole real, identificando o faraó.
O simbolismo do Vale, os faraós do Novo Império escolheram como última morada este vale pelo seu simbolismo religioso, pois o conjunto do maciço tebano, visto da outra margem do Nilo, fazia lembrar o hieróglifo do horizonte.
Veja também: Mapa do Vale dos Reis
(fonte: Egitomania - fascículos)
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