sexta-feira, 10 de abril de 2009

O 'pequeno hino' a Aton

Este texto foi gravado nos cinco túmulos de El-Amarna. Em três ocasiões é Akhenaton quem pronuncia as palavras. Em outros casos, os dignatários estão autorizados a exprimir-se em seu nome.

Ó Aton vivente, senhor eterno, tú és  esplêndido quando te ergues! Tú és esplendoroso, perfeito, poderoso. O teu amor é grande, imenso. Os teus raios iluminam todos os rostos, o teu brilho dá vida aos corações quando enches as Duas Terras com o teu amor. Deus venerável que se fez a si próprio, que criou cada terra e que nela se encontra, todos os homens, os rebanhos e o gado, todas as árvores que crescem do solo; vivem quando apareces para eles, tú és o pai e a mãe de tudo o que criaste.
Quando apareces, os olhos comtemplam-te, os teus raios iluminam a terra inteira. Cada coração te aclama ao ver-te, quando te manifestas como seu senhor. Quando te deitas na região da luz a ocidente do céu, todos se deitam como se morressem, cabeças cobertas, narinas privadas de ar, até que brilhes de novo na região da luz a oriente do céu. Os seus braços adoram o teu ka, alimentas os seus corações com a tua perfeição. Vivemos quando brilhas, todas as regiões estão em festa.
Cantores e músicos criam a alegria no pátio da capela da pedra erguida [o benben] e em todos os templos de Akhenaton, o lugar da precisão no qual te regozijas. Nos seus centros são oferecidos alimentos. O teu venerado filho pronuncia as tuas orações, ó Aton, que vives nas suas aparições. Todos aqueles que criaste pulam de alegria perante ti. O teu venerável filho exulta, ó Aton, que vives cotidianamente feliz no céu. A tua descendência é o teu filho venerado, o único de Ré [ o rei]. O filho de Ré não cessa de exaltar a sua perfeição, Neferkheperurê, o único de Ré.
Sou o teu filho que te serve, que exalta o teu nome. O teu poder e a tua força estão fechados no meu coração. Tú és Aton vivente cujo símbolo perdura; criaste o céu longínquo para nele brilhar, para observar o que criaste. Tú és o Uno em que se encontra um milhão de vidas. Para as fazer viver dás-lhes o sopro da vida no nariz. Pela visão dos teus raios todas as flores vivem. O que vive e se ergue do solo cresce quando brilhas. Saciadas à tua vista, os rebanhos cabriolam, os pássaros batem as asas alegremente no ninho. Ele os distribui para louvarem o Aton vivente, o seu criador.
(do livro 'Nerfetiti & Akhenaton o casal solar' de Christian Jacq)

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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