A civilização egípcia, uma das mais desenvolvidas do seu tempo, manteve, ao longo da sua existência, formas de intercâmbio iguais às usadas pelas civilizações vizinhas mais "atrasadas". Apesar dos avanços das relações comerciais, é surpreendente que alguns desses métodos sejam usados ainda hoje.
A econômia do Antigo Egito baseava-se na agricultura, e o comércio era relegado a um segundo plano. O comércio externo competia ao Estado, e os intercâmbios mercantis no interior do país estavam nas mãos dos vendedores ambulantes e dos próprios produtores, os quais, a partir dos seus locais de origem, acorriam aos mercados das aldeias e das cidades. No mercado, trocavam-se os excedentes agrícolas, tanto os produzidos em terras pertencentes aos templos como em propriedades particulares, por objetos produzidos por artesãos livres. A compra e venda realizava-se por meio de troca de gêneros. Assim por exemplo, um artífice obtinha a fruta ou o pão de que necessitava trocando-os pelos seus produtos, como vasilhas ou contas para colares.
O sistema de trocas não era, no entanto, o único, uma vez que coexistiu com o padrão monetário desde o Antigo Império. Embora não existisse, de fato, uma moeda, o sistema monetário egípcio já contava com peças metálicas, de ouro, prata ou cobre. Esta tinham diferentes valores segundo a quantidade de metal que eram feitas. Durante o Antigo Império, a equivalência estabelecia-se a partir de lingotes ou por meio de uma "moeda" de cômputo, chamada shat, de 7,5 g de ouro, que teve pouca aceitação popular. Calculava-se o valor de um produto em shats e, depois, pagava-se em ouro ou, mais frequentemente, em outros produtos nos quais se conhecia o valor em shats. A situação alterou-se a partir da XVIII dinastia, quando se difundiu o uso de deben, 91 g de metal, dividido em dez kedet e em dois shaty. A coexistência das duas formas de intercâmbio ("moeda" e troca) manteve-se equilibrada até ao período persa, quando o rei Dario I (522-486 a.C.) mandou cunhar moedas de ouro. Na época ptolomaica, a generalização do uso da moeda provocou uma crise no antigo sistema de intercâmbio e uma alteração dos preços que prejudicou os produtos agrícolas.
O mercado faraônico era o local onde se encontrava a vida da cidade, tal como acontece em qualquer mercado egípcio atual. Constituía o ponto de encontro de vendedores e consumidores, e não faltavam os representantes das autoridades para controlar a ordem e o bom funcionamento das transações.
Recipientes de cerâmica eram usados para a conservação e o transporte de certas mercadorias, cujas cores dependiam do material utilizado para fabricá-los. Podiam ser rosados ou acinzentados, conforme a origem calcária ou xistosa do barro, ou pretos, se o material usado fosse o limo depositado pelo Nilo.
O armazenamento de víveres era de vital importância no Egito, este previdente sistema para guardar as provisões permitia enfrentar as épocas de fome. As grandes reservas de produtos pertenciam ao Estado, aos templos e aos grandes senhores. Os produtos eram classificados e arrumados nos armazéns segundo a sua natureza.
A dieta faraônica dos egípcios era sobretudo constituída por produtos agrícolas: várias frutas e legumes, bem como cereais e tâmaras, apareciam habitualmente à mesa. A carne era uma iguaria reservada aos poderosos. O povo obtinha dos ovos e do peixe as proteínas necessárias à sua alimentação.
A proteção dos víveres fazia-se por meio de libações cerimoniais.
No mobiliário do armazém, existiam mesas para colocar os produtos.
A forma das vasilhas adaptava-se à natureza do seu conteúdo.
Vários empregados encarregavam-se de colocar, arrumar e registrar as mercadorias que entravam no armazém.
Fonte: Egitomania – fascículos 2001
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