A habilidade de observação permitiu aos egípcios se tornarem o primeiro povo a compilar uma útil farmacopéia. Não podemos identificar todas as substâncias utilizadas como remédio – o óleo de rícino, diversos sais, ópio, chifres de veado, casco de tartaruga, mel de figo e alume, entre outros – mas o tratamento empírico era de grande simplicidade. Os egípcios utilizaram pela primeira vez algumas drogas bem conhecidas, que desde então permanecem em uso. Sua experiência está explicitada em textos médicos hebreus, sírios e persas, assim como em escritores clássicos como Teofrasto, Plínio, Dioscórides, Galeno e Hipócrates. Além de se fazer presente em tratados medicinais do Império Romano, Bizantino e Árabe, de grande serventia através da Idade Média, da Renascença e mesmo depois. Os egípcios tiveram fama de peritos em envenenamento – nascida, certamente, pelo conhecimento de poções soníferas.
O mundo recebeu o conhecimento médico egípcio de maneira indireta, pois, mesmo entre os gregos, apenas Pitágoras parece ter aprendido a ler na língua egípcia. O Egito produziu, entretanto, inúmeros textos médicos, alguns dos quais só vieram à tona nos últimos 150 anos. Um papiro, atualmente na New York Academy of Medicine, lista tratamentos cirúrgicos para feridas na cabeça e no tórax. O Museu Britânico guarda oito papiros médicos, dentre os quais um também se debruça no tratamento cirúrgico.
Sabemos que médicos egípcios eram requeridos ao longo de todo o primeiro milênio antes de Cristo; Ciro e Dario, os imperadores persas, tinham médicos egípcios. Aos poucos, os gregos foram substituindo os egípcios como médicos internacionais, mas tanto na medicina quanto em muitas outras áreas seus conhecimentos e reputação foram fundados na tradição egípcia. O fato de eles terem igualado Asclépio, o deus da cura, ao Imhotep deificado (supostamente o melhor médico egípcio) testemunha o débito que assumiam ter. Os egípcios foram excelentes oftalmologistas; apesar de só terem realizado operações para catarata (uma palavra egípcia) a partir do século II d.C. Tudo indica que, ao longo do primeiro milênio antes de Cristo, eles já tratavam de alguns problemas na vista com grande sucesso.
Ainda que, em geral, sua cirurgia fosse bastante conservadora, foram os melhores ginecologistas, circuncidando regularmente seus meninos – ritual que passaram para os hebreus – e realizando cesarianas. Sua habilidade em detectar a gravidez logo em seu início era notável, assim como a capacidade para calcular a fertilidade, determinar o sexo de crianças ainda não nascidas, diagnosticar gêmeos e tratar de doenças infantis. Na antiguidade, eles foram também os mais aptos a estabelecerem a contracepção, tanto natural quanto artificial.
Durante a Renascença, quando Cleópatra era a autoridade suprema, a perícia ginecológica egípcia ainda desfrutava de grande fama, formando a base de um curioso compêndio, erroneamente intitulado 'As Obras de Aristóteles', que circulou como um trabalho pseudo-erótico até poucos anos atrás.
do livro 'História Ilustrada do Egito Antigo' de Paul Johnson
isso e muito grande e chato mas obrigado!!!!
ResponderExcluirValeuuuu....
ResponderExcluirMuito bom, obrigado.
legal...mais bem longo o texto!!!!!
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