Pobre Núbia! A natureza já não a favorecia, e as grandes obras realizadas no século XX com o objetivo de domar o Nilo acabaram por riscar do mapa sua parte setentrional – a Baixa Núbia (egípcia), que vai até a segunda catarata, poupando apenas a Alta Núbia (sudanesa), ao sul de Uadi Halfa.
Um planalto árido, cortado por um rio, margens íngremes, escarpadas, que não deixam espaço para cultivo no vale, e seis cataratas, isto é, seis obstáculos à navegação. Na Antiguidade, essa região tinha pelo menos os trunfos de ser rica em ouro e constituir caminho obrigatório para a África negra. Atiçava a cobiça dos faraós. Os do Médio Império conquistaram-na até a segunda catarata, os do Novo Império, até a quarta. Em 750 a.C., a situação inverteu-se: a Alta Núbia ocupou o Egito durante um século. Um século apenas. Desde então, a Baixa Núbia voltou a ser egípcia, porém desprezada pelos egípcios do resto do país.
A glória passada e a situação geográfica privilegiada dão aos núbios uma dignidade natural, ou até um complexo de superioridade. Afinal, não estão do lado da nascente do Nilo, que corre primeiro por lá antes de seguir seu curso até o Mediterrâneo? Daí a se convencerem de que a civilização começou ali antes de espalhar-se, como as águas do rio, pelo poderoso vizinho...
- Altos, longilíneos, os núbios reconhecem-se nas silhuetas gravadas nos templos faraônicos e comparam sua língua à dos antigos egípcios.
- Como foram os últimos no Egito a tornarem-se muçulmanos, conservaram certas tradições cristãs, como a imersão dos recém-nascidos, que lembra o batismo.
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