- um burro
- uma serpente
- uma coruja
- pernas
- um homem sentado
Sabemos, desde Champollion, que se trata de uma escrita ao mesmo tempo figurativa e fonética, isto é, que seus signos tanto podem expressar idéias como representar sons. Compõe-se, na realidade, de três tipos de signos.
- ideogramas ou signos-imagens;
- fonogramas ou signos-sons;
- determinantes, que não se lêem, mas permitem definir a categoria das palavras anteriores
- o desenho de um burro designa esse animal
- o de uma casa, essa habitação
- uma vela inflada designa o vento
- uma boca significa "boca" e também "fala"
- um sol significa "sol" e também "dia", "claridade"
- um papiro selado indica que se trata de uma abstração
- a abóboda celeste
- a terra
- um homem com o braço levantado
O egípcio é a língua mais antiga do mundo depois do sumério, pouco anterior à língua que ficou registrada nos hieróglifos. O primeiro documento conhecido – a tábua de Narmer, conservada no Museu do Cairo – remonta ao ano de 3100 antes da nossa era. E a última inscrição hieroglífica descoberta até o momento acha-se no Templo de Filae e data de 394 d.C. Embora conservasse os mesmos princípios ao longo dos seus 36 séculos de existência, a língua egípcia evoluiu muito. Dos 700 signos iniciais, chegou a vários milhares. Nesse intervalo de tempo, os hieróglifos deram origem a duas escritas cursivas, utilizadas para os atos da vida cotidiana: ohierático, depois o demótico. Essas duas escritas, as imagens são mais adivinhadas do que vistas, são lidas da direita para a esquerda.
Os hieróglifos eram escritos em colunas ou linhas horizontais e podiam ser lidos da esquerda para a direita ou em sentido inverso. A indicação é dada pelos seres humanos ou pelos animais presentes nas inscrições, uma vez que seu olhar se dirige para o ínicio do texto. Se olham para esquerda, devemos ler da esquerda para a direita, ou vice versa. Não levavam em conta as proporções reais dos desenhos, repartidos num quadrado imaginário que ocupam inteiramente. Mas a língua egípcia não se limitava a ser um instrumento de comunicação ou uma obra artística. Tinha, antes de mais nada, uma dimensão religiosa. As palavras – pronunciadas, desenhadas ou esculpidas – exerciam uma ação, um poder. Ler a formulação de uma oferenda equivalia a realizá-la.
- Privar um leão de sua calda tornava-o inofensivo
- Martelar o nome de um adversário aniquilava-o definitivamente
- Gravar o signo do horizonte (um sol nascente), no próprio túmulo permitia uma identificação com raios solares, fazendo renascer, ingressar na eternidade.
do livro 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé
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