domingo, 12 de abril de 2009

Obelisco

Erigir esses blocos de granito de uma só peça, cortados em agulha e apontados para o céu, exigia engenho e esforço excepcionais. Os obeliscos com certeza não eram meramente decorativos. Os egípcios atribuíam-lhes um duplo papel:
  • captar os raios do sol criador e,
  • ligar a terra ao universo celeste
Sobre as quatro faces do monólito eram gravadas dedicatórias. A extremidade superior comportava uma pirâmide reluzente, feita de uma liga de ouro e prata, o electro ou "carne divina".

O mais antigo obelisco monolítico conhecido, o de Heliópolis, perto do Cairo, tem pouco mais de 39 séculos e mede 20,4 m de altura. É superado pelo da rainha Hatshepsut, no templo de Karnak, que tem 30 m de altura e peso estimado de 320 toneladas. O mais imponente de todos nunca saiu da terra: o obelisco inacabado de Assuã, cuja retirada foi interrompida por causa das fissuras, devia ter mais de 41 m e pesar irrisórias 1168 toneladas.

Os egiptólogos reconstituíram com precisão as proezas técnicas da época. O corte na rocha não se fazia com ferramentas cortantes, mas sim por meio de choques violentos, cujas vibrações permitiam separar os cristais do granito. Para levar o monólito até o Nilo, punham-no sobre uma plataforma deslizante, coberta de limo. A barcaça que o transportava era puxada por vários barcos a remo. Quando chegava ao seu destino, o obelisco era posto novamente sobre plataformas para ser arrastado até o local que seria erguido. Nesse local, era executada uma operação engenhosa e complexa: o monólito era colocado horizontalmente sobre um caixão cheio de areia, que esvaziavam progressivamente até ocupar a posição exata no solo preparado. Cordas resistentes faziam-no girar, mas sem deixá-lo oscilar para o outro lado. Esse virtuosismo técnico, numa época em que os guindastes não existiam, relativiza todas as proezas realizadas séculos depois pelos romanos – e bem mais tarde por franceses, ingleses e americanos – para transportar os obeliscos egípcios, fazê-los atravessar o Mediterrâneo e erguê-los de novo sob outros céus. A maioria dos obeliscos do Vale do Nilo vive no exílio – Hoje as cidades de Paris, Londres e Nova York têm um cada uma, e Roma tem 13, mais do que o próprio Egito, com apenas meia dúzia ainda de pé

  • Na Antiguidade, todos os obeliscos foram despojados de sua preciosa pirâmide por saqueadores ou ocupantes estrangeiros. O da Place de la Concorde, em Paris (foto acima), ganhou, ou melhor, recuperou uma no dia 14 de maio de 1998, de 3,6 m de altura, feita de bronze recoberto por nove camadas de ouro claro.
Por Robert Solé

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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