A construção do 'segundo sol' teve início por volta de 297 a.C. e durou cerca de 15 anos. Não foi o primeiro farol do mundo grego, mas certamente o maior e mais ambicioso, o que simbolizaria todos os demais, pois Faros, a ilhota ao largo de Alexandria onde o erigiram, virou substantivo comum.
A costa era perigosa. Os navios precisavam ser guiados de longe para não se chocarem contra os recifes na superfície da água. Dada a topografia da ilha, sem montanha ou penhasco, foi necessário construir uma torre bem mais alta. Mas seus 135 metros de altura também se destinavam a impressionar, como observou E.M. Foster em Pharos and Pharillon (1923):
A presença de um farol era um imperativo (...) Mas é possível que seus construtores estivessem dominados por uma loucura divina; que, de forma deliberada, tivessem dado à sua engenharia ambições poéticas, assim oferecendo ao mundo uma nova maravilha. E foram duplamente bem sucedidos: as artes e as ciências aplaudiram seu triunfo. Assim como Atenas tinha sido identificada com o Paternon, Alexandria foi identificada com o Farol e vice versa. Nunca na história da arquitetura uma edificação civil foi tão venerada quanto o Farol e adquiriu vida espiritual própria. Sua luz se apagou, mas muito tempo depois ainda permanecia acesa no espírito dos homens.
- calcário branco e granito de Assuã
- cercado por uma muralha que o protegia das ondas
- possuía três níveis superpostos
- largura decrescente
- um andar quadrangular, outro octogonal
- e por fim um cilíndrico, encimado por uma estátua de Zeus
- o fogo que queimava no alto do farol podia ser visto à noite a uma distância de 50 kms
Vários escritores da Antiguidade mencionam uma inscrição gravada no Farol. O nome do arquiteto: Sóstrates de Cnida, mas não o do soberano. Depois concluiu-se que o arquiteto tinha usado de um artifício para apagar os nomes de Ptolomeu e de sua esposa: estes estavam gravados numa camada de cal, que não tardaria a desaparecer, para dar lugar a seu próprio nome, solidamente gravado na pedra. Sóstrates também é citado num belo epigrama do poeta macedônio Posídipo de Pella, dirigido a Proteu, "o velho do mar", que segundo a mitologia grega, habitava a ilha de Faros.
Salvaguarda dos gregos, a sentinela de Faros, ó senhor Proteu, foi erigida por Sóstrates, filho de Dexífanes, de Cnida. No Egito, não existem como posto de vigilância montanhas em ilhas: na baía que acolhe os navios, as terras estendem-se planas, sem relevo que ultrapasse o nível da água. Por isso, recorta-se contra o céu uma torre avistada de uma distância infinita durante o dia. À noite, em meio as ondas, o marujo rapidamente verá o grande fogo que queima lá no alto, e correrá para o corno de Touro, e quem navega naquelas paragens decerto alcançará Zeus Salvador, ó Proteu.
No mar, não muito longe da fortaleza, Jean-Yves Empereur e sua equipe de mergulhadores descobriram muitos blocos de pedra, e alguns deles necessariamente pertenciam ao Farol. Esse tesouro submarino inclui os fragmentos de duas estátuas colossais – um Ptolomeu-Faraó e sua esposa, representada como Ísis – que ficavam ao pé da fabulosa torre de luz.
( do livro 'Egito um olhar amoroso' de Robert Solé )
Que lindo este post...
ResponderExcluirAmor.
Paulo