sexta-feira, 17 de abril de 2009

Falucas

É possível imaginar o Nilo sem esses gigantescos pássaros brancos pousados em suas ondas? As falucas navegam pelo rio desde tempos imemoriais. Esses barcos de fundo quase chato e velas imensas sobreviveram a todas as investidas da tecnologia. Sabem submeter-se aos caprichos do vento e não se apressam.



  • Faluca vem do árabe folk (barco). Não confundir com a dahabeya, casa flutuante cujo nome também veio do árabe: zehab (viagem) e dahab (ouro), pois no começo do século XX pediam a seus proprietários para pintar de dourado as paredes externas da casa.

   No Egito o vento sopra sempre do norte para o sul, enquanto o Nilo corre do sul para o norte.


Na antiguidade os barcos mais utilizados não diferiam muito das falucas atuais, mesmo com sua vela quadrangular. Cargas enormes – obeliscos ou pedras das pirâmides e dos templos – podiam ser transportadas em sólidas embarcações de sicômoro local ou de cedro do Líbano. De outubro a março, quando as águas estão num bom nível, entre a cheia e a estiagem, o Nilo fica repleto de barcos de toda espécie, que transportam viajantes, peregrinos, mercadorias.

Hoje as falucas ainda são o meio de locomoção e de transporte mais barato, já que não podem ser dos mais rápidos. Estão sempre abarrotados – homens, mulheres, crianças, galinhas, cabras, carneiros, blocos de pedra, sacas de trigo – enquanto se deixam levar pela correnteza ou são empurradas pelo vento que escancara as velas ao sol. Quando não há vento, quando a água fica estagnada, as falucas arrastam-se com uma resignação tipicamente egípcia, quase imóveis no meio do rio.                      (do livro 'Egito um olhar amoroso')

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Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

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