Em todas as civilizações, sempre existe um herói civilizador, cujo reinado proporciona aos homens prosperidade em todos os níveis. No Egito, este herói divinizado foi Osíris, cuja lenda chegou até aos nossos dias em diferentes versões.
Segundo a cosmogonia heliopolitana:
- o deus Atom criou Chu (o ar), e Tefnut, (a unidade) e estes criaram
- Geb (a terra) e Nut (o céu) dessa união, nasceram 4 deuses:
- Osíris
- Ísis
- Set
- Néftis
No início, Osíris era um deus de caráter agrícola de uma pequena localidade do Delta chamada Busíris, onde se tinha sobreposto a um deus local chamado Andjeti. Osíris usurpou os atributos desse deus e a sua identificação com a procriação. Em sua honra, como deus da vegetação, realizavam-se festas para celebrar as boas colheitas. Já nos Textos das Pirâmides aparece mencionado o nome de Osíris, quer com respeito, quer como um neófito dentro do panteão. Heliópolis o fez entrar na sua cosmogonia como filho e herdeiro de Geb e, com os seus irmãos, formou a enéade heliopolitana. Graças à sua lenda, muitos povoados do Egito afirmaram ter uma parte do corpo de Osíris, como, de modo semelhante, no cristianismo, aconteceu com a Cruz de Cristo. Associado ao reino de além-túmulo como Osíris-Khentamentiu, outro deus de Abidos também assimilado por Osíris, foi declarado soberano do reino dos mortos. O seu culto generalizou-se no Novo Império e passou a ser o principal deus do panteão.
O santuário de Osíris – em cada localidade onde supostamente se enterraram os pedaços do corpo de Osíris, construiu-se um santuário em sua honra. Ábidos, onde foi enterrada a cabeça, tornou-se o grande centro osiríaco de peregrinação. Nessa localidade, Osíris uniu-se com Khentamentiu, um antigo deus funerário.
O pilar Djed – simboliza onde está enterrado a coluna vertebral de Osíris, se localiza em Busíris, onde já existia um importante santuário dedicado a Osíris.
O peixe Oxirincos – quando Ísis, ajudada pela irmã Néftis, começou a peregrinar por todo o Egito à procura dos restos de Osíris, não conseguiu encontrar todas as suas partes. Uma delas, o órgão genital, havia sido atirada ao Nilo, e o peixe oxirincos devorou-a. Por esse motivo, esse peixe passou a ser adorado na localidade de mesmo nome e foi proibido comê-lo. Encontraram-se muitos amuletos de bronze com forma de peixe, objetos dedicados a Osíris.
Set, o irmão invejoso – representou para os egípcios o aspecto negativo da lenda. Identificada com o deserto, a luta entre Osíris e Set era a luta da terra fértil contra a areia do deserto. Set foi também o deus da guerra e o deus nacional durante o domínio dos hicsos. No entanto, este mal era necessário, pois sem ele não podia existir o bem e o equilíbrio se quebrava.
O juiz dos mortos – tal como em vida, Osíris foi o rei dos egípcios, ao morrer tornou-se o rei dos mortos. Na sua versão funerária, Osíris tornou-se o juiz do Além e, como tal, presidia ao julgamento da alma ou ba, que se celebrava na Sala das Duas Verdades.
A pose osiríaca – a representação típica de Osíris reúne na sua pessoa todos os tributos relacionados com os diferentes títulos que possuía. Como soberano, usa o cetro hekat e o chicote nekhakha. O seu principal santuário era Abidos, no Alto Egito e, por isso, usava a coroa branca. Por vezes, o seu rosto aparece branco e preto ou verde, conforme se refere à múmia, à terra negra fértil ou ao verde das plantas respectivamente. Todo o seu corpo aparece envolvido num sudário, como uma múmia, do qual sobressaem os braços cruzados sobre o peito. Esta pose passou a fazer parte do ritual funerário, pois o morto era colocado no sarcófago com os braços cruzados sobre o peito.
(Egitomania - fascículos)
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