terça-feira, 21 de abril de 2009

Senusert I, e a história de Sinuhé




A obra máxima da literatura egípcia, a História de Sinuhé, narra o final do reinado de Amenemhat I e a ascensão do seu filho ao trono. As peripécias desse personagem de ficção dão a conhecer o cenário no qual decorreu o reinado de Senusert I (Sesóstris I).





O reinado exclusivo de Senusert I (1971 - 1928 a.C.) iniciou-se de forma violenta, após o assassinato de seu pai, Amenemhat I. No entanto, como o falecido faraó havia partilhado o trono com o filho durante dez anos, a sucessão não foi problemática. No reinado de Amenemhat I (1991 - 1962 a.C.), Senusert ficara encarregado dos assuntos militares. Foi precisamente quando comandava uma expedição no deserto da Líbia contra as tribos nômades que ocorreu o assassinato do pai. Senusert dirigiu-se rapidamente para a capital do Egito, Itj-taui, perto do lago El-Faium, e fez-se coroar no ano de 1962 a.C., controlando assim, a situação. Advertido pelo fantasma do pai quanto ao perigo de confiar demasiadamente nos que o rodeavam, segundo contam os Ensinamentos de Amenemhat I para seu filho, o novo faraó seguiu os conselhos recebidos e partilhou o trono com o filho, Amenemes II. Antes de morrer, construiu uma pirâmide em Licht, na qual foi enterrado.
A política interna do reinado de Senusert I consistiu em fortalecer ao máximo a região de El-Faium. Neste sentido, seguiu as diretrizes da política de seu pai. Por um lado, manteve Itj-taui como capital do Império e Licht como necrópole. Além disso, tentou recuperar terras de cultivo das águas do lago. Organizou expedições aos oásis do deserto, como se pode ver nas estelas encontradas em Beni Hassan e Assiut. Prosseguiu a exploração das pedreiras da região do Uadi Hammamat e das minas de ouro em Coptos. Quanto à política externa, interessou-se pelos produtos do sul, e chegou até a terceira catarata, onde construiu 13 fortalezas para reforçar a segurança e garantir o controle das minas de ouro. No norte, realizou expedições contra tribos nômades líbias e manteve contatos comerciais com o Porto de Ugarit. Quanto as edificações realizadas no tempo de Senusert I, a maioria não chegou aos nossos dias. Só os restos de estelas ou de alguns textos é que nos falam dessas construções. Sabemos que reconstruiu o templo de Rá-Aton, em Heliópolis, e que fez edificações na região de Karnak. Do seu reinado, data o mais antigo obelisco conservado no Egito, em Heliópolis.

O faraó sentado – perto da pirâmide de Senusert I, em Licht, havia outras nove pequenas pirâmides. Estas satélites pertenciam às damas da corte, entre elas a esposa de Senusert I, Neferu, e suas filhas. Ao redor da pirâmide de Senusert, em uma vala, também se encontraram ocultas 10 magníficas estátuas do faraó. Ao contrário de outras estátuas desta época, foram realizadas com um grande realismo e constituem uma primeira mostra da escultura clássica deste período.

Um homem da deusa Usert – os faraós tinham diversos títulos no seu protocolo real, e a cada um deles correspondia um nome. No Médio Império, os títulos dos faraós eram cinco, e Senusert utilizou todos; como "o que pertence à deusa Usert".

A Capela Branca – Nos anos 20 do século XX, durante uma restauração em Karnak, encontraram os restos de uma edificação de Senusert I, a Capela Branca, assim conhecida devido ao calcário branco utilizado na sua construção. É uma espécie de pequeno templo para celebrar o Heb Sed, ou jubileu real.

El-Faium – ao tranferir a capital de Mênfis para Itj-taui, os faraós da XII dinastia reforçaram El-Faium e conseguiram reduzir a importância dos funcionários de Mênfis. El-Faium não foi apenas a área escolhida por esses faraós para construir os seus complexos funerários – em Licht ou em Hauara – nela também se realizaram grandes obras de irrigação e de canalização, ganhando-se assim, terras de cultivo obtidas do deserto.


Sinuhé, o Egípcio
O reinado de Senusert I coincidiu com uma época de esplendor na literatura. Além dos Ensinamentos de Amenemhat I para seu filho Senusert I, também se escreveu a História de Sinuhé, um clássico da literatura egípcia, do qual chegaram até nós muitos manuscritos incompletos. Era um texto utilizado nas escolas. Apesar de mencionar muitos feitos e personagens reais, é uma autobiografia de ficção. O texto, que pode ser dividido em cinco partes, começa com a morte de Amenemhat I, enquanto o filho, Senusert, estava no deserto da Líbia. Sinuhé um personagem da corte, ouve por acaso alguns traidores e foge aterrorizado. Chega ao país de Retenu e é adotado pelo chefe da tribo. Mas Sinuhé adora o seu país, e uma carta de Senusert I o fará regressar sob promessa de receber todas as honras.


Fonte: Egitomania - fascículos

Um comentário:

  1. Fô, seu blog está o máximo. Muita informação e muito bem organizado. Sem contar que está lindo.
    Beijos

    Paulo

    ResponderExcluir

Egito

Duas grandes forças: o rio Nilo e o deserto do Saara, configuraram uma das civilizações mais duradoras do mundo. Todos os anos o rio inundava suas margens e depositava uma camada de terra fértil em sua planície aluvial. Os egípcios chamavam a região de Kemet, "terra negra". Esse ciclo fazia prosperar as plantações, abarrotava os celeiros reais e sustentava uma teocracia – encabeçada por um rei de ascendência divina, ou faraó – cujos conceitos básicos se mantiveram inalterados por mais de 3 mil anos. O deserto, por sua vez, atuava como barreira natural, protegendo o Egito das invasões de exércitos e idéias que alteraram  profundamente outras sociedades antigas. O clima seco preservou artefatos como o Grande Papiro Harris, revelando detalhes de uma cultura que ainda hoje suscita admiração.

Comentários